29.5.07

Alexandre França (é o cara!)

"esquecimento

não se esqueça de mim, prédio
não se esqueça de mim, céu
não se esqueça de mim, asfalto
não se esqueça de mim, perdão
não se esqueça de mim, porta
não se esqueça de mim, janela
não se esqueça de mim, casa
não se esqueça de mim, solidão
lembre-se de me lembrar
e de me falar e de comentar
que estive aqui, falando coisas
lembrando coisas, lutando contra
o esquecimento
não se esqueça de mim
não se esqueça do meu olhar
do meu sorriso, da minha embriagues
e de como eu fico engraçado embriagado
e de como eu fico arrogante pela manhã
e de como peço licença
e de como eu caminho pela madrugada rumo ao sol
não se esqueça de mim, sol
não se esqueça do meu abraço
não se esqueça da minha carne
não se esqueça de tecer a carne
dos meus olhos nas facas da sua cabeça
não se esqueça
os que me odeiam
não se esqueçam de me odiar
e de comentar como sou imaturo
inconsequente, intolerante, indecente
os que sentem nojo por mim
lembrem-se da minha saliva, do meu gozo
do meu sangue escorrendo nas valas
do seu desgosto
não se esqueçam
dos dias que perdi
das noites que perdi
da esperança que me deu tchau
no ano novo
não se esqueçam de me atender
no dia de ano novo
e de me ligar e de me mandar mensagens prontas
e de ligar o botão rosa da ilusão e de falar "parabéns"
quantas vezes for necessário
e de me deixar ganhar a partida de sinuca
e de me deixar tomar a saideira
e de me lembrar de que já é tarde demais
para nascer, para lembrar, para esquecer
para dormir
para ter sono."

28.5.07

Stop the Clash of Civilizations

Snow Patrol - Open Your Eyes

Meu sereno

Eu tinha decidido “sair do sereno”.
Ser mais comportada, menos livre, “bukowskiana”, bohêmia, louca, desvairada, descabelada, de olhos borrados.
Ser mais calma, patricinha. Menos despachada na hora de sentar no chão. Voltar a ser “fresca” e só sentar em cadeiras para não sujar minhas calças jeans, remanescentes de outras fases da vida, de lama.
Voltar a usar saltos altos e menos All-Star.
Ser mais contida. Menos.
Menos o eu que descobri há pouco.
Voltar a ser meu eu antigo, um eu que achava não gostar mais.
Tinha decidido a voltar a ser meu eu antigo mesmo – isso por alguns arrependimentos, umas coisas que sinto vão contra minha natureza e que eu cogitei fazer por liberdade só.
Por que meu eu recém descoberto estava detestando ser chamado de careta e porque tinha sido chamado de careta e tinha achado uma ofensa. Então, tinha cogitado fazer coisas que depois dariam uma ressaca moral fdp!
E o eu continuava a ser tentado a seguir em frente da forma errada. Até que depois de muito pensar no fim de semana, o meu eu antigo resolveu passar por cima do novo.
E eu tinha decidido voltar a fazer todas as coisas bobas que eu achava maravilhosas quando era mais nova, quando não tinha me descoberto com ser pensante, livre.
Quando eu me importava com o que as pesssoas iam pensar de mim.
Quando eu me continha e andava a passos curtos.
Quando eu ainda não era verdadeiramente eu.
Quando eu não tinha me encontrado ainda.
Quando eu era uma simples bonequinha perfeita pra enfeitar a estante.
Quando eu era um sachêt só para perfumar gavetas.
Quando eu não tinha dado meu grito de SOU! –mas aí...

... eu chego no blog da Clarah Averbuck e leio o texto abaixo e me identifico de bate e pronto porque o meu eu certo, liberto grita dentro de mim:
-Ei! Eu também não quero sair do sereno!
– Eu quero pegar chuva. Beber conhaque no frio e cerveja no calor. Eu quero continuar vagando sozinha e trôpega por aí.
-Eu tô crescendo assim , porra!

Me afirmando como pessoa, pelo menos pra você, porra!
Eu tenho livre arbítrio. Eu tenho que ser tanto.
Sim! Mesmo sem conter seus exageros.
Você tem que ser livre e se deixar ir com o vento.

Controle? Poxa! Você já foi tão controlada...
Você era tão sem graça e tão sem opinião. Você era tão medrosa e desenxabida... – Linda sim. Boas roupas. Maquiagem sempre impecável. Perfumada... mas você era besta até doer.
Achava que não prescisava das pessoas.

Que os outros diferentes de você não faziam sentido. Que as diferenças eram impossíveis de conviver em harmonia. Você se perguntava a toda hora igual a uma criança de cinco anos se poderia, deveria fazer determinada coisa.
Você tinha medo de ser e parecer ridícula.
E agora que você começou a se jogar sem medo da vida, por ter desaprendido a viver de menos vem com esse papinho de eu quero recuar, quero recuar, quero recuar!!!

Seja sim! Seja livre. Seja simplesmente o que está sendo e está bom!
Pare com esse medo dos outros, não deixe que esses resquícios de um passado cada vez mais passado venham te assombrar as noites.
Se achar que exagerou demais, peça desculpas.
Contenha-se um pouco, mas não se deixe levar por pudores que tinha esquecido.
Sente no chão, no meio fio, suje a calça jeans de lama, ande para lá e para cá como uma barata desvairada, ande com garrafas nas mãos, fume, fume muito, escreva, se inspire.
Só faça o que tiver vontade, mas não tenha medo de ser chamada de careta se realmente achar que determinada coisa está fora do seu alcance.
Não tenha medo de recuar. De recusar.
Só não se deixe ficar algemada a valores que não te servem mais, pois você cresceu e deixou de ser a “neném da mamãe e do papai ” para ser mulher e você mesma.
Liberte-se! Seja! Viva!
A vida é tão significativa que você não pode passar insignificante diante dela.
Deixe-se viver, porque amanhã você morre e a única coisa que restarão... serão as lágrimas dos que te viram passar.
E se você não marcar mesmo que ridiculamente seus passos pelo asfalto, pelos becos, pelas esquinas, calçadas, areias, elevadores... ninguém vai lembrar de você como aquela menina louquinha e divertida, livre e nem aí... as pessoas nem vão lembrar e as lágrimas não cairão sobre o seu caixão cheio de flores.

Não “sairei do sereno”!

Tá decidido e ponto final.

**mais uma vez, obrigada a ClarahAverbuck por me abrir os olhos para o orvalho**

Clarah Averbuck

"eu não vou sair do sereno.
eu preciso do sereno, sabe?
eu preciso da rua, eu preciso da noite, eu preciso da lua lá em cima da minha cabeça,
eu preciso do conhaque esquentando as minhas veias,
eu preciso, eu preciso de tudo isso.
a nina simone também precisava.
a amy winehouse também precisa.
o bukowski também precisava.
o leminskão, nem se fala.
todo o meu universo fica debaixo do sereno.
eu não vou sair do sereno.
eu não vou ser serena.
eu não sou serena, eu nunca fui serena e eu não vou sair do sereno.
eu tenho vinte e oito anos e vivi todos eles assim.
eu vou ficar aqui no sereno
e é assim que as coisas saem do jeito que saem.
debaixo do sereno.
senão não faz nenhum sentido.
pra que ter voz se eu não tiver o que cantar?"

Clarah Averbuck - Pego emprestado em http://adioslounge.blogspot.com

27.5.07

pergunta e resposta

-amor, você está bem por aí nessa montanha de nuvens tão longe do céu?

-amor, estou triste aqui no chão. cheia de esperas.

cry

choro uma inércia deslavada encoberta por movimentos involuntários
lágrimas decimais de sentimentos decrescentes de angústia e solidão
penso no impalpável como o mais certo a sentir naqueles dias
sem vontade,
sem idéias
como sopas de sobras.

pedaços e partes do que não
quando foi nunca
sempre fez hoje

ontem fui feliz
trsite faz calor
frio fica aqui
láfalou o vento
chuva cai enfim
agora sol chegou
quando nunca estive.
... é um pedaço de papel laranja virgem de tinta que tenho na frente
um inventário de idéias ocas na cabeça
e uma vontade de ficar só.

should I

devia gritar um céu de estrelas sabor hortelã para cansar o abismo de cheiros ainda não descobertos.

céu como telhado da noite que surge do não
submerso de precariedades escondidas

{chão de escolhas}

um viver dividido entre nuncas,
sempres e desilusões.

arco-íris pintado de lama
o sol da tarde que se esconde atrás do banco na praça
para revisistar a chuva.

ah! como é suave

o tempero dos dias tranquilos onde nada acontece...
faz frio ao mesmo tempo em que as paixões esvaziam-se como balões de ar.

dias turbulentos aquecem e escrevem
notas musicais insistem em choramingar
consolando vazios
corações vadios de lágrima
cheios pesados de dúvida
pesares, medidas
levam peso palpitante que me leva
para a outra margem de.

pesada dimensão
corpo leve que bóia no rio imenso de janeiro
é maio.
desmaio.

ensaio não tremer mais as mãos ao te ver
ensaio não suar ao sumir
ensaio ter você ao meu lado

é impossível conter teu retrato nas mãos quando sei da impossibilidade amarga de ter-te ao meu lado
quando realidade preenche minhas dúvidas de existência insistente
como fardo sobre nuvem
sem a mesa
sobremesas siamesa
sonhos se lambem ligeiros em cima de sofás preguiçosos

seja meu. sonhe junto seus desassossegos.

seja múltiplo em mim
como sobras no canto do prato

seja infarto como fome que não mata

pulo alto de ser abstrato como cores numa tela jogadas

mola propulsora de prazer
pressão despressurizada
pulsa em veias

sem freio seja nada
seja sorte
seja meu

exista aqui
seja tudo aqui
ponto de partida eu
sofra nada!

faz frio
me salve
encontre os pés
horizonte
seja tudo
veja o céu
olhe para mim

[tênis desamarrado cair é inevitável]

Álvaro de Campos

"o horror sórdido do que , a sós consigo,
vergonhosa de si, no escuro, cada alama humana pensa."

blim, blom

você deveria ser aquele que toca a campainha
e espera pacientemente no sofá
enquanto meu gato se esfrega vorazmente em suas pernas

ao contrário d etuso
não há espera,
nem gato,
nem sofá,
nem campainha
nem você.

não há nada
porque não há dia,
nem luz
nem eternidade,
nem amor

não há amplitude no espaço que dois corpos não ocupem

spo existem janelas, parapeitos, giletes e remédios para dormir.

eu queria...

eu queria te falar de tanta coisas
de tanto tempo
de tanta folha
tanto suspiro de vento
tantos olhares
exércitos e formações rochosas

eu te devia dizer tanta coisa
sobre o pouco
o nada
o sendo
o tudo
a ilusão...

eu me devia abster
de explicar a latência do corpo
os dias de febre
as férias

eu me devia deixar menos tonta e vulnerável
quase sem fôlego

eu te devia saber do impossível
da atmosfera e dos icebergs que derretem
no futuro que chega com o sol

eu poderia explicar os mistérios,
mas eles não me foram dissecados
na aula de biologia
que

fonte

escorre vida pelos dedos
como água que faz de um copo quebrado
rio

sorrir é lamentar
a fala
que falta à boca

cacos espalhados pelo chão
obstáculos de existência triste
às vezes
sorte ser
só solidão.

sea

aparece em quebra-mar
a pintura das ondas
busca pela perfeição
incessante me toca
infla o colete salva-vidas
em todas as horas
que me me afogo
em você

ffw>rrw

pessoas somem em nossas vidas
como o estalar de dedos que passa num segundo

pessoas retornam quando verdadeiras
rebobinando o tempo

close your eyes

fecho olhos
respiro
até relembro
queria me embrenhar nos lençois com você
esquecer do tempo
virar do avesso
de cabeça prá baixo
me contorcer
retorcer
estampar os lençóis com suores
sem nexo, cheiros, cheiros, cheiros...
sempre fui péssima aluna de química
sei que
misturas se combinam.

wrong

kilômetros, ruas, itinerário
[distâncias]

ânsia na cidade grande
ansiedade de encontrar alguém que seria
já que existem
tantos bairros, tanta coisa, tantos eus, heins e você.

tantas bocas, olhos, lábios, cores, tamanhos, alturas, larguras, velocidades...
tantos nens, tantos nuncas, nãos...

erros, nojos, repulsas
sinais de trânsito, calçadas, esquinas, encruzilhadas
tantas chances de encontrar alguém...

planos sempre adiados.

não adianta!
querer é não poder
distrair-se é encontrar
às vezes é só uma frase,
um olhar...
o corpo descobre a hora certa de tremer
mesmo que esteja errado.

um dia vc me disse:

sou teu sol
você minha lua

clichê de ser

surto

o amor nasce em pontos finais
paixões mornas morrem
o sofrimento ao contrário que pensam
é menor quando o amor se apaga no outro
ao invés de em você
o amor que morreu em outro
vira o presente de amar aqui

[em si]

íntimo sou eu
paixão enlouquecedora
não percebe a chama

de repente bate o vento
apaga no susto
chama paixão

dor dilacerante que corta, suga, divide, mata
no atravessar da rua
dor se transforma num cruzar de almas
em um manicômio novo,
de repente.

running

ser corpo sem alma
me calo,
separo
jogo pétalas de margarida
pelo chão para saber
como voltar para o jardim

eu te fujo
e me corro
com medo da paixão
encontrar com a gente
no meio do caminho.

não

deve ser devaneio
não quero
não posso
não devo
é um retrato de mim ser intransigente,
indecisa
fantasiosa em todos os mistérios.

tenderness

é ternura esse amor descontente que passa por mim de repente
sem sorrisos com dentes amarelos escondidos atrás da boca
e uma língua claustrofóbica querendo vencer a barreira dos lábios
encontrar a sua é tão somente sua boca simples olá e saliva
ou um delírio que eu ache de súbito
um beijo nosso guardado entre memórias de bar
para que a conexão se revele como um negativo de sensações
perdido entre os lamentos daquele querto de fundos
e sua luz vermelha sempre acesa.

as if...

se soubesse usar saias honraria o movimento libélula das minhas pernas desfilando pelas calçadas e esquinas da sorte

se soubesse guiar meus passos pelos caminhos certos não cruzaria seus olhos com minhas calças erradas
nem passaria momentos de descanso pensando em horas vagas com você

vagabundeando sem rumo pelas horas que faltam para o nosso próximo encontro
quando sou aquilo que não poderia aparecer

outono

me elevo
no meio
relevo de não ser mais
como folha viva
cheia de ranhuras,
veias rasuras,
por onde o líquido
sangue
transborda agora
desmaio pela falta
quando o medo dentro sobra
e a alegria esmaece
como a folha seca
sem sentir.

null

na paisagem era o verso
na passagem o verbo
na boca do interlocutor
pensamento que invade o pensamento abstrato
tocando paredes do vento
palavras amorfas batem nas árvores pelo caminho
espalham desejos pelos encantos do mundo que fica assim...

não penso
pensar é sentir
palavras falar

volver, voltar
bater na porta
regresso da alma ao estado bruto
estudo diamante sem lapidar
estado ilusão

coração esquisito
estranha sensação arrebata hiatos,
virgulas do tempo

cinzento é o céu sem estrelas
fosco, sem brilho
contorno
o que contar de a esmo
palavras...

contexto do amor
desenhar círculos imaginários
atravessar a ponte vazia
sem direção
cair no rio
velocidade suprema de morrer

abrir os olhos,
renascer sabendo do infinito
ir além

amar de mentira...
platônico espaço de tempo
vida vazia de emoções.

21.5.07

vá ao show, identifique-se com as músicas e misture tudo...

Exagerada.

Sim, muito pra mim é pouco. Pouco é um pouco demais. Sim, viver tá me deixando louca e nem sei mais... do que sou capaz. Para não ficar rouca eu grito.eu sou toda errada e sim pouco eu não quero mais.
Muito eu sei que não terei, pois muito é exagero demais!Devo ser mais contida, mas viver menos é impossível. Eu não sei. Sem você nem sei mais chorar. Chega! Não me condene pelo seu penar. Pesos e medidas não servem pra ninguém nos comparar. Eu não pertenço ao mesmo lugarEm que você se afunda tão raso não dá nem pra tentar te salvar.Muito pra mim é tão pouco e pouco é um pouco demais. Não é a quantidade que faz a estrutura de um grande amor. Ficou difícil. Tudo aquilo, nada dissoSobrou meu velho vício de sonhar, pular de precipício em precipício. Pagar pra ver o invisível e depois enxergar. É difícil assumir que é uma pena, mas você não vale a pena. Não vale uma fisgada dessa dor. Não cabe como rima de um poema. De tão pequeno vai e vem e envenena e me condena ao rancor. De repente, cai o nível e eu me sinto uma imbecil repetindo, repetindo, repetindo como num disco riscado o velho texto batido dos amantes mal-amados, dos amores mal-vividos... E pra não ter recaída não me deixo esquecer que é uma pena, mas você não vale a pena.

------

Show da Maria Rita (sábado- Fundição Progresso) - músicas Muito pouco e Não vale a pena.

São a minha cara?
Será???

Claro que sim, né Mari.

*rsrsrsrsrsrsrs

Ganhei e publico

(I CAN'T STOP

Quando escrocrevo réquiens
Credos,
Recorro à cartilha do vazio
Um zero Kostelanetz
ô ô ô ô, tímpano
Bula de claraviol
a conter multi-centi-grados
- Xavier de Almeida -
mister de boticário maior
Com duas descargas
Fulmina a récita
Sujeito/rejeito de Octávio
Categoria final
Inferno do cotidiano
Curso de franmarketing
Ao encontro do razor blade de Kant
LOVING YOU).

2 - Sem título

Na republiqueta
do circunflexo
Inter calo
chopp esquético
x
inutilidade pública
com os sói dizante
ferro de engomar
tendo como pano de fundo
música para taxímetro
Na placa: Aluga(m)-se vagas
para dar a luz às pressas
transportes de liteira
inteiratura do vaso
jogo de palavras
urdidura de mosquito
jorro
raquete de baseball
na linha da Parker, 1951

3 - Ideal standard
I
Os dementes estão perdidos
em via de estarem desempregados
Hai-cai
Com tamancos de português
O trivial variado
A marca do isqueiro: Ronson
Rrrrroar da pan critic
II
O título do ano
instituído nau
Deste Anno Bento
Célere coração 200 decibéis
Da bancada do livre-pensador
Incluíndo o seco whiskey do saber?
Foi o da porta-voz do soviet supremo
Sra Akmatova, a tzarina do vento
Através das torres de transmissão
Vales, vácuos de análise
- enquanto os doutos pândegos daqui -
Se elegem em uniformes de gari
Háá, um yellow cake
Princípio do fim: blooom.


a.h:)

18.5.07

Desire

Desejo escorre lentamente como se soubesse o caminho para uma história feliz.
Burro!
Não sabe de nada o desejo.
Não entende. Não mede esforços!!!

Tudo cá; displicente
Tudo lá; lentamente
E eu a sair por aí
numa estrada que
não me pertence

[INTRANSIGENTE]

Transe existir
neste sim
neste não
talvez.

as if...

Se você gosta de mim; entenda
Se não gosta; interna!

Inferno viver não saberes de sim
Talvez ser bem-me –quer
Páteala não-me-quer
Pedaço de escrever
Chão.

Blood

Sangrar abstrato
Ferida pele
Densidade degradê vermelho
Pálido forte
Pálido forte
Pálido sorte
Pálido fraco
Pálido seco
Pálido zum
Pálido sentir
Pálido sabe
Pálido vida
Morte!

Dos pulsos a dor sumiu
É tudo vazio!

Do outro lado do espelho

Tento esconder-me de ser estabanada.
Tento levantar-me dos tombos em que me encanto chão.
Cicatrizes abrem e fecham como zíper numa velocidade que beira o absurdo.
Sentir-me impotente diante das coisas impossíveis.
Como mudar?
Saber é esse sentimento que gostaria de não conhecer.

Quem além de mim faria planos de rasgar pedaços de fantasia para no chão de novo pisar?

To be ...or...

SER não se vestiu hoje para sair
Quem me despiu hoje foi o MIM
Por onde anda o EU?

Something

Alguma coisa que sua
Alguma coisa que siga
Alguma coisa que seja
Cega, surda, muda, linda,
morena, loira, japonesa, magra,
bem torneada, artista...

Alguma coisa que além
do meu abstrato sentir

Alguma coisa que surja do infinito belo feio
buraco oco do meu tempo em linha reta
no zig-zag dos dias.

Shhhhhhhh!

Silêncios desconfortáveis
motivo oculto
açoita a mente
escrava confessa das palavras

Palavras boas de ouvir
mudas surdas
dão colo e abraços
molham e fervem
ferem

Silêncios são insuportáveis quando preciso ouvir.

King Kong

Detesto pagar mico
Ficar vendida
As pessoas geralmente não se lembram do dia anterior
Eu?
Queria esquecer.

My heart

Coração sem mira
solto pelo ar
atira balas sem arco-íris no mar
seria sábio querer a liberdade
sem algemas não respiro

Coração perdido
sente falta...
cupido que erra, erra, erra sempre...
onde irá acertar o caminho?

Over there

Lá onde o tempo se esconde
Longe

Existe o vento
Nada no memo lugar

Nada fica
Coisas se intocam nas gavetas

Faz frio
Coisas se perdem

Tempo
Se encontra.

Primeiros dentes

Sentimento passa como nuvem
castelo de cartas desaba invisível
cabeça louca sorri
entre dentes.

Ahhhhhhhhh!

Suspiros inúteis na manhã sombria
Chuva começa feito sopro
Conta gotas
Pingos
Pingam soluços
De molhar o rosto de sorte

Explica o tempo de fugir da morosidade
Minutos ócio sem você
Marcas da morte
Sem ápero toque
Tranqüilos dedos seus
Vazios

Encho minha cabeça de dúvidas
Justificativas milimétricas
Para tudo que certo errado
Maniqueísta assim esmo
Tudo que soco alegria
Tudo que dor, prazer.

F. U!

Foda-se!

Tudo é incompatível.

De repente a felicidade chegou e é intensamente desonesto comigo não querer vive-la.
Desonesto partindo do que é parcial.
O totalitarismo de uma saudade é o que explica todos os mistérios dessa visão que me cegou.

Foda-se!

Que não pode ser.
Não posso culpar-me pela incontrolável ardência de um beijo.

Devo tirar retalhos de escolha de mim e tem que ser agora!

Incertas

Procurar errada
sempre sabores sórdidos
espaço grande
o ir e vir do tempo

Evoluções vitimadas pelo futuro
chegam e vão
vida supra ensimesmada
em si

Doce sabor o sofrer
querendo pedra pensar
saber o caminho das nuvens

Certo flutuar amarga
pelo céu salgado.

Quarto

Quatro cantos
Livre corro
Busca contínua pelo mar vermelho
Lágrimas
Nado só

Fastio

farto-me de sobras
falta-me o completo
mereço uma certa delicadeza
a efemeridade nos restos
é um se indecifrável

seja gosto
temperos são absolutamente
necessários
nesta fotografia.

Dirty

Sujo palavras de poeira
Alergia me chega
Desejo livrar-me
Destas sombras

17.5.07

Fotos RATOS di VERSOS aniversário 1 ano


Juju, Romã e Saulo

sobre os is

inefável
infalível
indizível

só sentir
tocar
ar...

aqui sensações.

inescrutável
inominável
inenarrável

fantasmagoria aérea?

não! apenas ar dos tempos.

Feito por: Juliana Hollanda e Alex Hamburguer

Festa no BECO

A festa de ontem no meio de tantas palavras me deixou hoje muda de felicidade.

Gostaria de agradecer a presença de todos vocês que estiveram lá nos prestigiando e emanando energia positiva nesse renascimento dos RATOS... (para mim fazer aniversário é nascer de novo) e como disse um amigo : a noite de ontem foi INEFÁVEL!

Faço minha essa palavra no momento, pois é impossível descrever precisamente tantas sensações, sentidos e amplitudes.

Nada foi superficial. Tudo foi palpável. Tudo foi existente. Tudo foi essência.

E certamente a festa não ficaria completa sem Pedro Lage, Tavinho Paes, Alex Hamburguer, Bebeto Tornaghi, Adriana Monteiro de Barros, Gean Queiroz, Bayard, Felipe Cataldo, Alex Topini, Fernanda Antoun, Clauky, Saba, Carol, Romã, Priscila Andrade, Robson Leite, Glad, Igor Cotrim, Marcelo Girard, Ruggero, Marcos Damasceno e Sandra, Aluízio Rezende,Mariângela, Valéria Malta, Saulo Jacques, Roberta Gatti, Clarice Linden, Leandro Estoco, Marcella Maria,Regina Hesketh, Eurídice e Frederico Pessoa, Edu Planchez e Família, Iverson, Formigão, Kadu, Perone, Omar Jr, Malú, Laurent, Michelle, Sartori, Clarice e quem mais apareceu quem mais falou quem mais esteve por lá...

Faltaram as amigas, poetas, queridas borboleto-camundongas: Bia Tavares e Ivny Mattos - que certamente estavam lá em pensamento... os viajantes Maurição, Chacal, João Saboia, Ricardo Ruiz, Leprevost e Alfredo Herkenhoff

Não esquecendo de falar de Fred e Vivi- que são parceiros, apoiadores, amigos que nos fizeram uma surpresa enorme exibindo um vídeo de 12" 00' - muito bem editado, poético e cheio de imagens que guardadas no coração já estavam. Foi delicioso revê-las... Obrigada amigos!!!

Obrigada às respectivas "senhoras" RATOS di VERSOS - Tiça e Silvia - por viverem tudo isso com tanta delicadeza.

Ao grupo por ser O GRUPO, ou melhor aos RATOS por serem os RATOS!!! (ops! será que eu ví um Ratinho? né Dom Ratão... - *rsrsrsrsrsrsrsrsrsrs) [*INTERNA*]

Pererear com Dudu. Mercuriar nas asas de uma asa-delta com Dan. Pegar manga do pé do Dalberto. Falar pouco dizer muito com Nietzsche. Eroti-usar, erotikar, obscenear a cena com Carluxo. Ser rata sem ser ratazana. "Atazanar" é!

Obrigado a todos por fazerem da minha vida mais cor, poesia e paixão.

Juju

16.5.07

WHY?

Susto contido entre dentes
A pele ardia como um dia de sol
Mãos suadas tremem ao prenúncio do seu encontro
Derretem como nuvem esperanças
Porquê você chegou à mim
eu nunca tinha te visto com outros olhos
e agora preciso de óculos.

Festa no BECO

Caros menestréis
Com muita emoção
Anuncio que nesta quarta, dia 16

O Ratos di Versos comemora 1 ano de resistência
a festa será lá
No beco,
no velho beco do rato

A partir das 20 hrs

Vamos festejar?

Dalberto Gomes

SALVE OS RATOS

Salve Super Mouse e Jerry
Salve Plic , Ploc
Salve Dudu Pererê e Dan Magrão.
Salve Minie e Juca Bala
Salve Juju e Carluxo
Salve os ratos do esgoto
Salve Faro Fino e Mestre Splinter
Salve Marcelo Nietzche e Dalberto Gomes
Salve Topo Gígio e Ligeirinho
Salve os Ratos do Porão
Salve Nick e Fetcher
Salve Fiver e Timóteo
Salve Mickey Mouse
E a todos os ratos do Universo

Salve os Ratos Di versos

15.5.07

Pescado no Blog do Mário Bortollotto

"Emoção pode ser algo subterrâneo, e isso é algo que a maioria das pessoas nunca vai entender."


As minhas emoções são tão subterrâneas que eu mesma não entendo...

aiai!

chega quarta! chega!!!!

14.5.07

rip it off

paisagem rasurada a ferro e fogo
descuida angústias
em cores carne viva

viver um emaranhado de cordas
pelo caminho


armadilhas dão clique
no chiar dos pulmões

tudo sangue e morte
num coração que pulsa medroso

tudo desperta na calada da noite
brilha!
brilham holofotes
e purpurina

tudo cena
tudo sorte
tudo sina

um filme de Godart em preto e branco
fotografias, hologramas,
slides, negativos...

tudo é mim
tudo em mim
tudo eu...
tudo nem.

deveria rabiscar retas invisíveis
saber do indizível
e dar às palavras facilidade
de pronunciar para você o que não são palavras
não palavras,
só ilusões
nós.

cão na cama
caí da nuvem dos sonhos

Poema de Keli Freitas

Porque minha cabeça arranjou
O emprego de te pensar poemas
Para que não saibas/
E as mãos
O de escrever poemas
Para que não leias/
E os olhos dizem sim
Sem que os teus me perguntem nada.

Ventilas no meu quarto morno
O agridoce de não se dormir em paz ali/
O azedume
Dessa lua cheia

Pizza família pra um

Esta vida sem você/
É um presente de tia
Que a loja não troca.

+ em: http://portalliteral.terra.com.br/index.htm

11.5.07

mirror

o espelho refletia a transgressão,
a rebeldia
e foi a única testemulha
do que fugaz
se chamou
cumplicidade

Fez-se Mar - Los Hermanos

Fez-se mar,
Senhora o meu penar
Demora não, demora não
Vai ver, que o acaso entregou
Alguém pra lhe dizer
O que qualquer dirá
Parece que o amor chegou aí
Parece que o amor chegou aí

Eu não estava lá, mas eu vi
Eu não estava lá, mas eu vi

Clareira no tempo
Cadeia das horas
Eu meço no vento
O passo de agora
E o próximo instante, eu sei, é quase lá
Peço não saber até você voltar, ah...

Vai ver, que o acaso entregou
Alguém pra lhe dizer
O que qualquer dirá
Parece que o amor chegou aí
Parece que o amor chegou aí
Eu não estava lá, mas eu vi
Eu não estava lá, mas eu vi
Clareira no tempo
Cadeia das horas
Eu meço no vento
O passo de agora
E o próximo instante, eu sei, é quase lá

Peço não saber até você voltar, ah...

8.5.07

pena assim coisas devam ser
longe
logo a dor perto
sentir
sorriso apaga aqui

ciúmes e brigas
deixados de lado
disputa? não há
amor? inexiste

tem outras coisas entre nós
além do efêmero
a carne trava um diálogo com o desejo
o olhar é mais lascívia
que ternura
e é engraçada
uma história que volta
sem voltar
um desejo que sempre esteve presente
o carinho maior
que o carinho

compromisso não faz me pensar sobre o que é amor
senão uma roda gigante patética
girando através dos anos sem saída,
sem escape
tonta
girando desvairada
centrifugando vontades animais
desejos de caça
instinto de macho e fêmea

pluralidade no enlaçar de mãos
no roçar dos corpos
no suor misturado no lençol

basta um suspiro,
um gemido
uma sensação de leveza para saber
que a conexão se estabeleceu

os olhos se abrem
salivas conversam os lábios
um beijo
foi assim que tudo começou.
Tenho tentado não pensar.
Tenho tentado desfalar.
Tenho querido des-sentir.

Ando precisando me pensar.

4.5.07

dunno how to swim

a luz da ilusão chega agora
não sei
a voz da solidão se perpetua
talvez

antes pensa
contabiliza durante
chora depois

faz o que quer
não pode

deve sempre escorregar solfejos de querer
deixar sair para que uma hora se quebre
a escada de pássaros desafinados
e se transforme em voz
de pensamento
fazendo a foz do esquecer
imersa em folhas
afogar

desafalecer no mar salgado em bolhas tristes
para brincar de verdes pétalas
último suspiro na concha das árvores

1.5.07

"engano é quando tudo parece que vai e, sem mais nem porquê, fica"
janelas embaçadas
como ruas cobertas de gelo

pneus escorregadios de carros com tração nas 4 rodas

quatro voltas no entorno confuso de uma mente
que não mais vê estrelas e borboletas
somente martelos e passarinhos
mãos finas como asas de pássaro
levantar vôo em direção ao ponto mais alto da cidade
desconhecidos caminhos do vento
paisagem nunca vista

são assim as sensações
quando me tocas
são assim as rebelidias quendo
com lágrimas nos olhos
me levas
porque se foi.
duas da manhã
o sono não vem
o sonho não se permite chegar
estrelas choram no céu
carros passam na rua
olhos se fecham
e é impossível adormecer quando
a única imagem que vejo é você
é difícil viver fugindo do que não posso ver em mim
pensando em correr para seus braços
fugindo da escuridão
inundando as madrugadas sem sentir
o hálito fresco das manhãs
em que eu me alimentava de ilusões

o esperar que não vem
do seu gosto de floco de neve
que queima a língua
faz o coração ofegante
uma overdose nicotínica
preenche as veias
tenta suprir a fome que meu corpo tem de você
sei que estou me matando acelerada
e deliberada e indiscriminadamente
destemida
delinquente cometo crimes de amor

furto palavras por dizer
frases ditas sem saber
noite que não devia ter fim
assassino desejos
esfaqueio vontades
estrangulo o amor
a paixão...
quero estar ao seu lado, mas...

suicida que sou fujo de mim
penso em você
fecho os olhos
esqueço
adormeço
não penso

minha carcaça é formada por ossos
que nem na escola merecem ser estudados.
adoro torturas
torturas emocionais
o quebra-cabeças de você é uma tortura
e eu devia odiar isso, mas...
adoro!
adoro criar na minha mente maneiras de te montar
quebra-cabeça é um jogo solitário
e não tem como trapacear
se eu monto, vejo a figura
se falta uma peça fica incompleto
o tempo depende de mim
é uma tirtura montar quebra-cabeças
sem você
não adianta usarmos as mesmas cores sem saber
a madrugada é fria mesmo assim
sem sabermos verde que nos enche de esperança o dia
a noite esmaece

descordena a órbita dos acontecimentos
desaparece num piscar de olhois
enquanto beijas outra
olhas para mim
sonhei que chovia
ainda triste me pus a observar o céu
alguém chorava acima da nuvens
o aguaceiro era formado por lágrimas contidas em mim todo esse tempo

inclinei a cabeça para ver mais de perto achuva
gotas no rosto ensaiavam o choro tímido que não saia de mim

e na chuva
eu já não sabia se era água ou poça ou eu

a chuva era forte
e eu pensava em você
tive febre
delirei ainda viva
na sombra do quarto
esperei o tempo passar
e te ví tão perto

achei que seia possível tocá-lo
em meu delírios
relutei levantar para alcançar-te
em meio à chuva fria

mergulhada em delírios
era fácil te encontrar ao lado
as possibilidades ventavam a minha frente
tudo era sonho
ei alguém me tira dessa jaula! preciso respirar dessa mentira.
é você! vem cá! me tira daqui! essas grades me tiram a visão do mundo!!! não consigo ver a floresta. eu tô claustrofóbica e histérica! eu não sou má! nem perigosa! não ameaço ninguém!!! me solta! senão vou continuar gritando!!! daqui a pouco vai escurecer e esfriar. aqui não tem comida nem cobertor. não vou poder evr o noticiário sanguinolento na tv e nem ouvir o tic-toc do salto da vizinha no andar de cima. eu não vou poder saber a que horas você chegou e nem quando vais dormir.
me tira dessa jaula. por favor!!! alguém... ei! você!!! tá ouvindo? oi! vem cá! você tem a cheve...me solta! vem! ei! sim!! me deixa livre!!! assim vou me matar sozinha! eu não aguento mais!!!!
não decifro a voz
da solidão.
a voz da solidão pronuncia palavras difíceis de compreender
em aramaico poesia não flui
distribuída em desenhos rocócós pelo papel
letras atropelam-se nos ouvidos
o sangue fervendo arrepia os pêlos do braço
por instantes a pele se solta
e eu não sei mais
quem sou
em minha veias
as frases longas
não compreendo
acho que de repente...
emburreci

a solidão me causa confusão mental e amnésia
e eu não entendo mais o mundo
as palavras
nem você

acho que me perdi.

short ones

sorte grande
loteria
acertar teu coração
eu queria

=^..^=

tanto quis
o pó de giz
ser poesia
que alergia

=^..^=

foda querer ser fada
fácil bruxa ser
varinha de condão roubam
vassouras não!

=^..^=

vale uma viagem para Paris
escapei por um triz
daquela queda de avião

=^..^=

unha róídas
meus caminhos são
sem saída

=^..^=

equi-li-bris
estão
colibrís.

=^..^=

corda bamba
tênis sujo
escorreguei
saí.

=^..^=

café forte
ver a sorte no fundo da caneca
borra?
pois é!

calor

o coração se aquece de mágoas e necessita de água para equilibrar a temperatura enquanto ainda é dia

as nuvens se escondem do sol. já estão queimadas demais.

seria verdade a ilusão se não fosse a chaleira na tarde clara entes do sol esconder-se.

o sol nunca foi presente entre nós
mesmo quando sorrisos eram maiores que lágrimas
e a chuva nem pensava em escorregar do céu

meu corpo era lua
o seu tempestade
o inimigo estava próximo
prenúncio de frente fria.

será?

que existe remédio para a doença que é você em mim?
tem remédio para desintoxicar de meu corpo você?
e para a dor de cabeça que é você?
e para a depressão que é não ter você?

tem algum tarja preta com fórmula mágica para curar a dor de um amor?

eu duvido.
eu duvido.

how to

como editar um livro
sem falar de você
das horas reais e das imaginadas ao seu lado

como escrever poemas
sem fantasiar o lado bom do passado
e incerto do futuro sóbrio
e o presente que não evolui?

é obsessão

eu já gritei e já chorei e já briguei tanto para dizer que te queria...
eu briguei tanto para fingir que não sofria...
tudo era simples assim

o amor era realidade batendo em meu peito
que achava até que ele tinha moradia certa nesse lugar comum
tudo era complicado desse jeito

uma hora a janela abria
o horizonte aparecia
o vento vinha,
ela batia
meu nariz era quebrado
e até cicatrizar e voltar em outro formato
tudo era dolorido assim

até àquele dia em que você me fez abrir a porta e sair...
eu não entendi nada
nada mesmo
agora
eu sei.

e daí...

que vc também me ama
que você me quer
e que a gente sonhou com um mar cor de rosa e um céu de arco-íris?
e daí que a gente pensou que a felicidade era a guerrinha de travesseiro e as gargalhadas ao acordar?
e daí que a chuva tá forte e a gente pode pegar uma pneumonia?
e daí que a minha coluna dói e eu tô cansada?
você não sabe o que quer
ou sabe demais...
e daí?
quem não sabe nada
quem nada sabe ir devagar sou eu
ser homeopática
tranquila
ir com pouca sede ao pote...
sou eu.

sempre comprei muita briga e corri atrás dos meus objetivos
mesmo sabendo das impossibilidades.

todo esse eu te amo
eu não posso
só eu quero
nunca mais...
vai ser o que vai me fazer rir futuramente
rir de mim e da incapacidade e do resto todo
porque eu quero esquecer
dos cafunés e das guerras de travesseiro ao amanhecer.