14.12.09

ENTRE SEM BATER - de Juliana Hollanda


Queridos e Queridas,

É com imenso prazer e corujice que apresento para vocês meu mais novo trabalho. É um livrinho que faz parte da coleção Art Action - organizada por Tavinho Paes. O meu livro é o terceiro da coleção que contata já com o belo (Corpinturada de Betina Kopp - vol 00) e pelo dinâmico e emocionante (FACE BOOK de Tavinho Paes - vol 01). O meu é o vol. 02 e se chama ENTRE SEM BATER - cada livro custa R$ 15,00 - comprando os 3 juntos - tem uma promoção temporaria de R$ 30,00. ( A edição é experimental e independente, ou seja, foi bancada pelos participantes da coleção, por isso é necessária a venda dos livros para que possamos fazer os próximos, assim, a poesia NUNCA PARA!).

O livro é uma mistura de prosa e poesia. Pensamentos, diálogos interiores, reflexões de vida, por isso, ENTRE SEM BATER, pois a nossa existência é feita de portas, não necessariamente no formato de portas - ao viver estamos abrindo a porta sem chave e entrando sem bater nela, mergulhando de cabeça no desconhecido, na aventura, na novidade, no novo, no de novo...

"Ao abrir esta porta saiba que ela pode fechar depois que você passar por ela. Daí em diante vai depender do seu desejo em sair do lugar a que esta porta vai te levar ... nunca se sabe quando uma porta serve de entrada ou de saída!" - Tavinho Paes

Caso VOCÊS desejem abir esta porta, podem fazer a encomenda para mim por e-mail : jupyhollanda@gmail.com que eu mando o número da minha conta para que vocês façam o depósito e eu mande o livro pelo correio.

É um bom presente de NATAL eu garanto que a leitura será proveitosa, agradável e esclarecedora.

Aguardo as encomendas.


8.12.09




aí vai uma coisa que
gosto em mim:
a capacidade de
ser cruel.


e uma coisa que
não gosto em mim:
é que quando
sou cruel com os outros
acabo sendo
cruel comigo.

Luiz Felipe Leprevost em notas para um livro bonito



 

DO LADO DE CÁ DA CIDADE

( POEMA DE MARIO BORTOLOTTO)



Do lado de cá da cidade faz muito frio.
Talvez por isso os amigos bebam demais.
Talvez por isso eu sempre cruzo as figuras no cinema.
Do lado de cá da cidade existem acordos fraternos, talvez por
isso as pessoas estão sempre magoadas umas com as outras,
e choram tanto, e escrevem os nomes das outras em folhas
amarelas de cadernos, e bebem tanto.
Do lado de cá da cidade nunca faz sol.
Talvez por isso, tantos blues, tantos blues, e a garrafa de café
sempre vazia, os dedos calejados da máquina de escrever, e o
copo de gin pela metade.
Do lado de cá da cidade chove todas as noites, talvez por isso as pessoas tenham tantas idéias mirabolantes e irrealizáveis, talvez por isso as mesas no bar estão sempre reservadas, talvez por isso
eles bebem tanto.
Do lado de cá da cidade faz frio, existem acordos fraternos, nunca faz sol, chove todas as noites, as pessoas bebem demais,
e são todas muito sensíveis.
Eu já estive uma vez do outro lado da cidade, só uma vez.



Você está do outro lado da cidade, mas vai sair daí já já, Mario. Seus amigos bebem demais e vão beber menos ou mais, tanto faz, o importante é beber junto com você e é isso que todos querem.


Sai logo daí, Marião!


Estamos todos na torcida.


E quinta dia 10/12 no Sérgio Porto tem POEMÁRIO BORTOLOTTO - no último CEP 20.000 de 2009 - Chacal falou. Chacal avisou.



7.12.09

sobre escaladas e maremotos (V)



ferrugem nas escadarias
-observei ao me esconder da chuva-

inspiração não resiste

aos pingos gelados
que sobrepõe o calor dos raios do sol
que ainda grita

raios de sol fritam os miolos

-não resisto a gritos nem a suor-

ferrugem estraga os degraus da escada
aos poucos
-reflexo do patrimônio público sem manutenção-

eu me estrago aos poucos também

do calor escaldante
da Sibéria dos ar-condicionados

-assim é a vida no Rio de Janeiro-

os pingos da chuva rebelde de verão
molham o mau-humor que desintegrou
o bom dia

o bom; o melhor do dia

-me falta paz-

escondo-me da chuva
da irritação, da TPM

é um berro que me tira a paz
assim, escondo-me de um eu que não precisa
ser visto

escondo-me do cansaço
que não me pemite dormir
nem quando exausta

desejo um eterno e sem volta
fechar de olhos
um entardecer anoitecer breve
para que esse dia acabe
e assim a chuva, o sol, o mau-humor

tenho medo de levar a vida com amargura

medo de perder a juventude
e de morrer sem nunca mais sorrir

o que me salva é o amor que tenho
e me carrega com braços fortes
e saudade

amor que me faz amante
que me faz
mulher

e me faz completa

nas tempestades

e nos desertos
sem oásis
nem miragens

4.12.09

Beautiful Black Men by Nikki Giovanni





(With compliments and apologies to all not mentioned by name)
 
i wanta say just gotta say something
bout those beautiful beautiful beautiful outasight
black men
with they afros
walking down the street
is the same ol danger
but a brand new pleasure

sitting on stoops, in bars, going to offices
running numbers, watching for their whores
preaching in churches, driving their hogs
walking their dogs, winking at me
in their fire red, lime green, burnt orange
royal blue tight tight pants that hug
what i like to hug

jerry butler, wilson pickett, the impressions
temptations, mighty mighty sly
don't have to do anything but walk
on stage
and i scream and stamp and shout
see new breed men in breed alls
dashiki suits with shirts that match
the lining that compliments the ties
that smile at the sandals
where dirty toes peek at me
and i scream and stamp and shout
for more beautiful beautiful beautiful
black men with outasight afros


Nikki Giovanni, “Beautiful Black Men” from The Selected Poems of Nikki Giovanni.

Copyright © 1996 by Nikki Giovanni.

Reprinted with the permission of HarperCollins Publishers, Inc.

1.12.09

sobre o balanço das horas (I)

"Todo mundo tem 15 minutos, só a pressa é que não tem"
Luiz Felipe Leprevost

Tic-tac.

uma frente fria se aproxima do litoral.
a última frase do livro que ela leu era em francês. -“il faut que le coeur se brise ou se bronze” .

Tilim.Tilim. Tilim. Crash!

vaso de cristal é sensível e racha com qualquer vento mais forte.
para quebrar-se basta um sopro, música alta, grito agudo ou grave.
cacos finos de um vaso espatifado espatifam-se pelo chão de madeira e camuflados nas frestas do sinteko causam cortes minúsculos no pé

e esse pé vai sangrar até que as portas das feridas fechem com uma cicatriz .
o coração também é feito dessa matéria prima
-transparente e frágil-

a diferença é que os ventos que passam por ele só conseguem rachá-lo momentaneamente.
ele se fortalece com o passar dos anos

-ao longo do tempo-ele se racha tanto...

que quanto mais anos são somados à nossa vida quanto mais dores
e tristezas nós vivemos mais aprendemos com as desilusões.

a cada uma, uma nova lição.
quanto mais aprendemos mais rápido as cicatrizes fecham, menos sangue espalhado e cacos de cristal vermelho pelo chão.

o coração se fortalece. os anos fogem dos olhos e o cristal do coração vira busto de bronze ou lápide.
.
Tic-tac. Tic –tac.