31.10.06

Leminski

Acordei bemol

acordei bemol
tudo estava sustenido
sol fazia
só não fazia sentido

nada que o sol
não explique
tudo que a lua
mais chique
não tem chuva
que desbote essa flor
Apagar-me
Apagar-me
diluir-me
desmanchar-me
até que depois
de mim
de nós
de tudo
não reste mais
que o charme.

haloween

adoro as bruxas voando em suas vassouras turbinadas confundindo confusão com diversão. adoro vê-las saindo das casas e sorrindo loucas por aí.
adoro quando elas saem de madrugada predispostas a desmascarar a fada azul da ilusão.

bruxas não são hipócritas!

boom

Sobre o céu azul
aquarela de palavras
dissolve lágrimas de amores
que passam como o tempo

No passatempo dos dias tranqüilos
de céu azul
raios de sol
felicidade que aquece
caricaturas frias do coração gelado

A neve faz sombra nos coqueiros
a calmaria na areia estúpida
preenche olhos de lembranças mórbidas

Me foi permitido vislumbrar o horizonte
dos dias que virão
com idéias novas
como a chuva fina
limpa o asfalto
o sentimento rensace no piscar de lábios
do seu sorriso diferente

O vento muda
ares
no conformismo
eu não paro de pensar
não paro de pensar...

30.10.06

nuvens

Dias passam
as nuvens que você adora
movem-se naquilo que é infinito

um oito na horizontal
sem nenhuma representação
de qualquer coisa
quando o eterno
é somente o que não quero

sentir é abstrato demais
quando sem ti estou
domínio.

bum! pow! uh-hu! tcham! kaboom! humpf! Grumpf! grrrrr! woof! miau!

Ando onomatopéica
sem compreender os motivos
da representação desses barulhos todos
que reviram meu estômago
quando penso,
sei,
tento e não consigo escrever.

Os barulhos
que desejo escutar
quando alguém se aproxima
do meu enjôo,
ou os sons temperamentais
que você me grita
quando amanhece o amor.

Barulhos que valorizam
o tom da sua voz
nos meus olhos brilhantes
quando ouço suas palavras.

Ou os mesmos barulhos silêncio
que se prendem no intervalo
incerto e caloroso do seu abraço
em meu corpo.

O barulho incomum
apertado e
calado a vácuo
nos meus ombros solitários
sedentos de seu carinho atormentado
no vão dos dias
em que não tenho
você por perto.

Voooosh!

Deixa o vento ventar

Ventos mudam
Ventos humanos
mudam de direção

Vooosh!

O vento surpreende
Me deixa feliz

Vooosh!

E deixa o vento ventar...

Tom Waits

Namorar Tom Waits na lua minguante
com encantamento jazzístico
é não ter medo de amar

O homem não pisou na lua,
mas ele do chão me leva pra lá
na lua ele me penetra malabarista
e faz de meu orgasmo fogos de artifício.

Eu não tenho medo de amar Tom Waits...
Ele me puxa pra perto na cama, sonâmbulo pra dizer:
-Ei! Quero você aqui!

Eu não tenho medo de amar Tom Waits,
pq detesto techno e sua modernidade parafernália.

Eu não tenho medo de amar Tom Waits exalando cerveja,
pq ele me pega de jeito quando quer.

Eu não tenho medo de amar Tom Waits.
Eu não tenho medo de amar Tom Waits.

Eu amo...
Tom Waits.

O meu, dos trópicos.
O meu Tom Waits...
eu não tenho medo.
Eu não...

Alone

Meu gostar de você beira o absurdo dos abraços apertados que adjetivam esse gostar simples e louco dos últimos tempos sem palavras.
Esse gostar distante de troca de olhares e nada, nada mais é gostar imaturo.
Pensar que está tudo acabado
é sem sentido e
me arranca pedaços
nesse tudo solitário de me ver
de repente sozinha
e nada mais.

28.10.06

brrrrrrrrrrr...

tá tudo tão...
escuro e frio
sem você.

Malest cornifici tuo catullo

estou feliz, Kerouac, seu louco allen
finalmente conseguiu: achou um cara novo
e minha imagem de um garoto eterno
passeia pelas ruas de San Francisco,
lindo, e me encontra as cafeterias
e me ama. Ah, não pense que estou maluco.
É duro comer merda, sem ter visões;
quando eles me olham, para mim é o Paraíso.


Allen Ginsberg
Tradução: Cláudio Willer

I luv ya!

você recita o poema que escreveu pra mim
pq eu gosto de ouvir
e eu gosto sim

eu sinto o poema em mim
colado como tatuagem
eu sinto as palavras
eu sinto em mim o que diz o poema
que você não escreveu pra mim

eu vivo escrevendo para você
e não sei se você sente em você
os poemas que eu escrevo pra você

eu sei que você fala o poema
que não escreveu para mim
pq eu gosto de ouvir

eu sei que você gosta de saber
que eu gosto do seu poema
e você fala o poema que eu gosto
pra mim
pq eu gosto

e eu falo o poema que escrevi pra você
pra você entender
que eu gosto na verdade
é de você!

...mas, não posso...

Some days -M.B

[...]
Some days are better
Some days are never
Some days, whatever
[...]

grrrrrrrrrrrrrrrr!

argh!
humpf!

quero escrever e não consigo.
pq só fico inspirada quando meu mais íntimos desejos são negligenciados?!

argh!
humpf!

pq quando tudo dá certo não sai uma linha decente da minha cabeça?

argh!
humpf!

I Need Lyrics- MEREDITH BROOKS

I need some good luck
I need a best friend
I need a rough dog
I need a mountain
I need some new clothes a TV, a cause
a trip to nirvana, the thrill of applause
I need a wet kiss
I need to confess
I need a vision, religion, the right to be silent
and then to be heard
a week on an island
a diet that works
I need a dose of the Bible
another course of survival
just talking 'bout the essentials
to make me feel alive
Thats all I need
see how easy I am to please
Thats all I need
see how easy I am
I need some money, more money and more time
a strong cup of coffee
a haircut, a lifeline
a stranger to trust me
my father to love me
Seattle, a sunburn, and lots of Todd Rundgren
I need a guitar
to do it on all fours
Cool friends, weekends and someone to die for
When I'm alone on my couch
Nothing can settle me down
I'm adding on to my list
It makes me feel alive
Thats all I need
see how easy I am to please
Thats all I need
see how easy I am I am I am
yeah thats all I need
I need a guru
I need to chill
I need a Mercedes 280 SL
yeah that'll fix it- I'll be complete
I need a -- I need I need a
That's all I need
see how easy I am to please
Thats all I need
Maybe then I will be complete
That's all I need
I'm not asking for everything
That's all I need
See how easy I am - I am

se

se ele soubesse que me faz tão bem...
se ele soubesse que me deixa leve
se ele soubesse como é bom sonhar com o cheiro dele no meu travesseiro...
se ele soubesse...
se ele soubesse...

sedução

"acredito na sedução baseada na sugestão. não há necessidade de se ir muito longe...apenas longe o suficiente." - Georgio Armani.

Concordo. Eu concordo...

"Everything You Can Think"-TOM WAITS

Everything you can think of is true
Before the ocean was blue
We were lost in a flood
Run red with your blood
Nigerian skeleton crew

Everything you can think of is true
The dish ran away with the spoon
Dig deep in your heart for that little red glow
We’re decomposing as we go

Everything you can think of is true
And fishes make wishes on you
We’re fighting our way up dreamland’s spine
Red flamingos and expensive wine

Everything you can think of is true
The baby’s asleep in your shoe
Your teeth are buildings with yellow doors
Your eyes are fish on a creamy shore

Paris

meu poeta da ponte
venha fazer de mim
agasalho.

Perfeição

É tão bom quando tudo acontece perfeito...
a noite perfeita,
a atitude perfeita,
o abraço perfeito,
o carinho perfeito,
o olhar perfeito,
a conversa perfeita,
a trilha sonora perfeita,
a cerveja perfeita,
a marca de cigarros perfeita,
o abraço perfeito,
a cama perfeita,
dormir ouvindo seu ronco perfeito,
no sonho que foi perfeito...
acordar com uma sinfonia de anjos, perfeita!

triste saber que a perfeição só pode ser alcançada naqueles dias...
naqueles dias ...
perfeição de vez em quando, faz bem pra pele
e hoje...
a minha tá perfeita
pq eu sonhei...
eu sonhei com a perfeição
de estar com vc...

27.10.06

constatação

uma amiga me disse estar chovendo hoje.

eu constatei: que hoje eu não tô sol.
eu tô nublada.

Amiga, Maris, obrigada por fazer frases assim sairem de mim...

Mongol

A caneta sem carga,
a inspiração
sem espaço pra partir.

Se eu não estivesse tão de bom humor
deixaria o escuro da noite encolher desenganos.

Os gritos imperfeitos
seriam responsáveis pela minha carne viva.
A tortura renasceria
no tempo das sugestões
e tudo que sim seria não
amarrado nas quinas do amor
que debilóide
insiste em mim.

Máquina De Escrever

Meu coração é uma máquina de escrever
As paixões passam
As canções ficam
Os poemas respiram nas prisões
Pra ler um verso, ouvir, escutar
Meu coração falar
Até se calar a pulsação
Meu coração é uma máquina de escrever
No papel da solidão
Meu coração é
Da era de Guttemberg
Meu coração se ergue
Meu coração é
Uma impressão
Meu coração
Já era
Quando ainda não era
A palavra emoção
Mas há palavras no meu coração
Letras e sons
Brinquedos e diversões
Que passem as paixões
Que fiquem as canções
Nos poemas, nos batimentos
Das teclas da máquina de escrever
Meu coração é uma máquina de escrever
Ilusões
Meu coração é uma máquina de escrever
É só você bater
Pra entrar na minha história

Pedro Luís & A Parede
Composição: Mathilda Kovak e Luís Capucho

escreva em mim, por favor...

Eu quero um poema com gosto de sangue
E barquinhos de papel navegando na banheira
Eu quero um poema triste decorado com gérberas amarelas
E lágrimas de açúcar candy
Eu quero um poema vampiro com dentes afiados
Que morda meu pescoço e me faça suspirar
Eu quero um poema anestesia geral
Um poema plástica
Um poema marketing
Um poema operário
Um poema forte
Um poema brinde
Um poema perfume
Eu quero o poema
que vem de você
Eu quero o poema
que vem de você
Eu quero o poema
que vem de você...

O MUNDO É UM MOINHO - CARTOLA

queria que alguém cantasse isso prá mim...

What r u trying to prove?

“Nakedness!” bradou Ginsberg enquanto ficava nu. Na verdade ele falava do nu emocional. Só as pessoas sensíveis entendem essas coisas. Algumas fingem por farra que entendem. Lêem... outras por curiosidade... ler e entender é outra coisa.
Ler é sentir. Você pode ler. Ler. Ler, ler. E não compreender. Assimilar, se envolver... viajar para 1.000 km de distância entre o que se lê, se sente e permanece. To numa fase devoradora! Pra gostar eu tenho que sentir. As palavras frases, construções têm que rasgar minha pele e se misturar com sangue virar sopa, mingau de vísceras. Boltei a ter vontade de pesquisar. Leio em inglês. Tenho que aprender espanhol.
Fase “the doors of perception”. eu busco novas chaves para velhas portas. Mantenho portas velhas fechadas. Encontro novas portas sem chave. Procuro por essas chaves, mas talvez ainda não esteja pronta para abri-las. Talvez tenha passado meu tempo de conhecer essas chaves. Tenho uma sensação “riders on the storm”, porque tem um assassino no meio da rua. Tem um assassino no meio da rua. Ele vai me mtar? Ele tenta me matar? Ele tenta te matar? Ele quer que você o acenda? Ou eu? Eu não tenho medo de rifles, de balas de papel nem do gosto agridoce das palavras. Talvez eu seja a assassina de mim mesma. A suicida em potencial que vai despencar do sétimo andar na cabeça de algum trabalhador distraído. Talvez não seja nada disso, mas tenho que descobrir no que as catarses, a dicotomia, o ódio, o amor, o medo, a paixão vão se transforamr. Se esse mundo de sentimentos vai se virar contra mim ou me ajudar.... minhas palavras não bastam. Eu não tenho ascendência sobre elas. Preciso das outras palavras. Das palavras dos outros. Palavras mandam em mim. Leia isso! Leia aquilo! Isso vai te fazer bem. Isso mal! Não se violente! Se violente! Leia! Não leia! Escreva! Durma! Acorde! Jante! Pare! Siga! Sorria! Chore! Veja! Vá ! grite! Fale baixo! Fume! Beba! Brinque! Brigue! Chore! Viva! Morra! Morda! Merda! Nada! Seja! Não seja! Entenda! Pense! Pense! Pense! Pense! Pense! Pense! Não pare de pensar!

Cansei de receber ordens.

“when it snows in your nose
you catch cold in your brain” (Allen Ginsberg)

26.10.06

Sandices

sintonia é uma coisa louca... e parece que eu tomei um quilo de anfetamina, mas estou só na coca-light. não paro de pensar. eu queria desligar da tomada, mas o computador livre me inspira umas coisas loucas. o teclado me chama: - vem, não pisca. me usa. abusa. martela (sic) tecla, tecla, tecla. não! não pára de me espancar. arranca sangue de mim... vem, me usa, me abusa. me bate. me soca. joga tudo o que você tá sentindo em cima de mim. toda sua escatologia. vomita suas palavras presas. bate em mim. me espanca. vem que eu gosto. eu quero. eu desejo. quero ser o seu amo para a vida inteira. eu tô velho, mas eu te amo. meu design tá ultrapassado. espero que você não me troque por um teclado da Hello Kitty. eu sei. eu sei que você adora essas coisas infantis, mas por favor, não me substitui. eu sou o que sou e sirvo para o meu propósito não? tá ventando eu sei. eu sei que você tem medo, mas gosta do vento. ele te traz recados, né? o que será que ele te fala agora? - tenho que parar minha cabeça. tentar dormir, mas minha madrinha com dor de dente dorme na minha cama. hoje o sofá é meu. vou fechar a janela da sala. tenho asco de barata e quando venta elas me visitam. queria continuar plugada no you tube vendo vídeos dos poetas beat. o peixe que a minha mãe fez no jantar chega junto com o o vento. a tigela com os restos mortais ainda está em cima da mesa. hoje eu comi pizza. eu não deveria comer mais. alguém costura minha boca por favor! alguém cola esparadrapo nos meus olhos para eu tentar dormir? ei! pára de soprar nos meus ouvidos o que é pra eu escrever. quero parar de ter idéias. eu vou tirar o fim de semana para arrumar meus livros. eu quero entrar num site de sebo para comprar mais livros. eu quero ler, ler, ler e não parar mais de ler. eu quero parar de escrever agora, mas minhas mãos não me obedecem. minha cabeça criou pernas. eu exagero. eu exagero. eu overdoso. é sim! eu overdoso. eu over tudo. eu aumento tudo. eu não vou conseguir dormir na sala com cheiro de peixe. eu vou pro quarto dormir toda torta na caminha de armar. eu tô enjoada com esse cheiro de peixe. eu não tô na beira da praia num domingo de sol torrando e comendo peixe frito. esse cheiro tá aguçando meu vômito. há tanto tempo não vomito. será que será hoje? delírios, delírios, delírios... será que eu tô enlouquecendo ou ficando mais sã? será que um dia eu já fui sã? eu nasci poeta e não sei. porque fui inventar de nascer poeta nessa vida tão tísica? porque eu nasci nesse mundo tão surreal? porque talvez eu seja surreal. porque meus pensamentos não param. porque eu sempre tive efeito retardado. e é incrível que só hoje eu esteja sentindo os efeitos de terça feira. eu sou muito lenta mesmo. efeito retardado. sou uma monga mesmo. o meu barato é escrever. tem tantos outros baratos.... e eu não consigo parar de escrever. eu não consigo parar de escrever. eu não consigo parar de escrever. vou enfiar a caneta bic no meu peito para ver se sangro logo tudo e largo dessa vida de sentir cheiro de peixe que me embrulha o estômago, só porque sou teimosa e não consigo largar o computador. minha mente não pára. alguém me tira da tomada por favor...

Fashion victim

Eu misturo tudo mesmo e AVON pra quem não gostar.
Quem só entender CHANEL que BOURJOIS.
GUERLAIN não tá aí prá qualquer um.
Eu quero mesmo é ser LANCÔME.
As melhores cores de DIOR foram as que você me deu.
MAC lembra fast food e eu faço restrições a coisas engordativas, ou deveria fazê-las.
Devia passar na minha cara apenas LUSH organic products, mas meu nome é consumo.
Eu gosto das caixas, logos, marcas, cheiros, texturas...
DESIGN!
Capitalista selvagem eu já fui, hoje meu orçamento tem restrições e não dá pra ser GUCCI o tempo todo.

Eu quero que tudo se PRADA!

Allen Ginsberg

"América eu te dei tudo e agora não sou nada.
América dois dólares vinte e sete centavos 17 de janeiro
de 1956
América não agüento mais a minha própria mente.
América quando acabaremos com a guerra humana?
Vá se foder com a bomba atômica.
Não estou legal não me encha o saco.
Não escreverei meu poema enquanto não me sentir legal.
(...)"

Johnny Depp Kerouac

Tem coisas que a gente vê que são tudo na vida...

às vezes...

eu tbm acho q é exagero, mas às vezes eu acho que é amor.
às vezes eu acho que é loucura.
às vezes tudo isso vira dor.

queria plantar batatas, colher gérberas e viver numa casinha branca no alto da colina com um labrador do meu lado.

só para observar os pássaros...

essa nova vida seria na Espanha.
Para onde certamente me mudarei ano que vem, para me livrar desse amor, quase loucura, total exagero que sempre no fim...vira dor.


N.a- Escrevi isso como resposta para um e-mail, mas gostei. ;D

Orgasmos de Nicotina

Coisas de GOOGLETALK


Final da tarde.
Gmail logado.
A janela pisca laranja.
Clauky me manda uma pílula beatnik.
Deleite no entardecer...

Thanks Girl! ;D



An Eastern Ballad


I speak of love that comes to mind:
The moon is faithful, although blind;
She moves in thought she cannot speak.
Perfect care has made her bleak.

I never dreamed the sea so deep,
the earth so dark;
so long my sleep,
I have became another child.

I wake to see the world go wild
Allen Ginsberg


Sensacional!

Sensacional!!

Sensacional!!!

Sinal dos tempos

A gente se “e-meia”
no meio dos medos
em redes “wireless”
num “cyber” qualquer.

Um café carioca
a vida
o mar
sabor de torta de pêra na boca
um certo quê de cigarros mentolados
no ambiente.

De papo com o vento
os satélites guiam
o pensamento...

A poesia dos instantes
num “send”
o recado
atinge a sua “mailbox”.

A água com gás
dissolve os sabores
de espera.

Sua volta revira,
revolta e
sushi pode ser
fino, cru, livre e colorido.

O tempero?
Sal.
Molho ilustrado
na secura do seu coração.

A resposta
pode ser um sim,
um não...
um tapa na cara,
um beijo,
um perdão.

Pode até
não chegar...

Vou esperar de qualquer jeito
o “e-mail” voltar e
se sua “mailbox quota excedded”,
insisto
até você esvaziar
a pasta.

Estou aqui esperando você
mesmo que a distância
me diga“user unknown” .

Eu querooooo!





Descobri na internet o site da Opal London, lojinha de quinquilharias úteis e com design arrojado, moderno. São bolsas de água quente em formato de pezinhos, corações... ursinhos de pelúcia travesseiros, cremes, sabontes e mais essas milhões de coisitchas que gostamos de comprar quando o dinheiro sobra um pouco.
E deparei-me com um invento que para mim se mostra inovador e para nós mulheres é completamente útil, além de ser um charme!
São as "pocket pants" ou “pants to go!” – calcinhas embaladas num coração para aqueles casos de emergência que tanto conhecemos seja quando estamos na “maldição do caqui” ou até para aquelas noites em que não voltamos para casa no dia seguinte. As cores são branca e preta, elas são de algodão e tem vários modelos. Preço? Cada uma £3.99.

EU QUEROOOOOOO!!!!

Mais informações:

25.10.06

revirando gavetas

resgatei minha coleção amarelada de papel de carta
na caixa escondida no fundo das coisas

[papeis amarelados]

sempre achei que precisaria deles
sempre achei alguma coisa fosse ser escrita neles
um poema,
uma história,
um palavrão,
uma frase,
uma cor,
uma besteira qualquer...

hoje eles estão nas minhas mãos
o nariz espirra rinites empoeiradas
e eu mais uma vez na dúvida
como menina que fui
na dúvida?
"uni-duni-tê"

tento escolher a folha pra te escrever...
a que mais tem a ver...

qual será o mais apropriado pra te escrever?

menina indecisa,
mulher que não decide
cheia de dúvidas
procuro respostas...
qual papel amarelado
fará melhor moldura
para as minhas frases
desconexas?
fecho os olhos
orquídeas.



hai-beer


os bêbados são legais

eles abraçam os postes

de olhos fechados.

há cinco anos

pai, me dá um abraço? pai, me dá um abraço? paiêê!!! me dá um abraço? me abraça, pai? me dá um abraço? me abraça?

pai...
paiêêê!!!!!
acorda, pai!
me abraça?
pai?
pai?

[...]






frio. silêncio. vazio.

Jogo do descontente

Li o pequeno príncipe de trás pra frente para resgatar idéias.
Me senti criança outra vez.

Ontem o tempo passou rápido demais.
Você entendeu a interação do não crescer?
Nós não crescemos! Nós não crescemos! Nós não crescemos! Nós não crescemos! Nós não crescemos! Nós não crescemos! Nós não crescemos! Nós não crescemos! Nós não crescemos!

Enquanto esperamos a adolescência chegar: Vamos sair do útero e voar por aí?

Velório

Será que você é incapaz de ver o que tá acontecendo???

Meus lábios estão secos. Nem água, nem beijos insones de amor limítrofe matam minha sede nessa noite.
A “baba” da sua boca. Sua saliva oca sai da toca só pra provocar o que há de mais insano em mim.

Despertar meus quereres mais intensamente loucos que pensei estarem mortos.
Você desperta meus bichos, lixos, caprichos!
Minha trademark particular é você partícula de um certo errado.
Meu certo/errado/certo/errado sonho....partícula ínfima do meu desejo mais putrefato, carniceiro, urubu!
Sua necropsia não pode ser mais importante que nenhum pesar.
Meus pêsames a você.

Minhas condolências, senhora flatulenta que passou os últimos 20 anos ganhando jóias e viagens enquanto o senhor distinto, advogado que te desposou...
O bem sucedido senhor que a chamava de esposa, comia putas gonorréicas na praça Mauá.
Quantas doenças, minha senhora...deves ter pego enquanto estourando champanhe na Cote d´azur;
achava que seu marido a amava enquanto ele debochava de você num boteco com os amigos enfiando os dedos encarquilhados nos buracos indecentes de mulheres vulgares por aí.

Quantas bucetas o velho broxa chupava tentando fazer com que o pau murcho subisse e a senhora fazendo compras no outlet Dolce e Gabanna.

Minha senhora...agora choras ajoelhada no caixão desse marido? Choras de saudade porque acabou o amor e a senhora não será tão amada novamente?

Minha senhora, não chores... não deves chorar. As viagens e jóias ele deixou ao seu lado.
A senhora ainda será capaz de viver sua vida de luxo, champanhe e outlets.

Ele que tá fudido!!!
Vai virar comida de minhoca, baratas e lesmas.Ele que não poderá mais encher a cara e trepar com qualquer uma nas suas costas.A senhora não devia sentir vergonha de ficar viúva. É claro que a senhora sabe das traições, das doenças que pegou. A senhora sabe e não devia sentir vergonha disso...

Vergonha seria se outras...
e tantas outras mulheres,não passassem pela mesma situação todos os dias.

Cadê?

Onde estão os finais brilhantes
Os meios confusos
Os inícios geniais?
Na falta que o outono traz...
Nas descobertas que o sono leva,
Nas trevas, na escuridão.

Tudo se escondeu por aí no meio da caverna. Onde estão as velas? E a luz de dizer não?

O discernimento esconde seu talento de me fazer mal
no sereno patético do desentendimento
de ser ou não ser.

Sou aquela que ama e quer você! Sou aquela que nasce pra te querer. Sou aquela que escreve pra te traduzir. Sou aquela que grita pra exorcisar. Misturo desejo e dor num copo longo. Pingo gotas de limão. Trituro folhas de hortelã pra decorar um mojito inconsistente de palavras.

Gritos estridentes. Estilhaços. Cacos! Desabo em lágrimas...

Você não me quer? Eu sei.
Meu não te querer? Você não sabe.
Fica com a idéia que te quero zunindo como mosca azul em sua orelha vida.
ZZZZZZZZZZZ.
Zum Zum que irrita.
Zum Zum.
Eu não te olhei.
Zum
ensurdeci.

Nobody knows it...

“nobody knows it, but you´ve got a secret smile and u use it only for me…”

O seu sorriso secreto. Aquele que você usa só pra mim- é o meu sorriso.

Você me esnoba. Não cumprimenta. Quer que eu finja não te ver. Quer que eu não te perceba num ambiente pequeno e familiar.
Seria loucura, não? Mesmo que eu não enxergasse, te perceberia. Mesmo que sem olfato, sentiria teu cheiro. Se não tivesse língua, teu gosto ainda estaria em mim.
Talvez tudo tivesse acontecido de forma diferente. Talvez hoje fosse igual-ou diferente.
Não fosse o sorriso secreto que você dá só pra mim.

Você pensa que eu não vejo você me olhar? Você pensa que eu não sinto seu olhar puxando o meu pela mão trêmula? Você pensa que eu não sinto a linha imaginária magnética entre nossos olhos? Você pensa que eu não vejo seu olho espichando o rabo procurando a direção do meu olhar?
Você pensa que eu te desestabilizo?
Você pensa muito errado, rapaz. Você pensa errado demais pra entender minhas intenções.
Você pensa? Errado demais...

Você acha que eu levo a sério o que você faz?
Você pensa que eu acho errado testar os limites?
Você testa o meu limite...você tenta testar...

Errada estaria eu. Errada estaria eu se achasse isso que você faz errado. Errada estaria eu se não te enchesse de razão.
Errada?
Estaria eu...

Vivemos num palco
cercados de espectadores por todos os poros...
nascemos para os contos de fada.
Eu e você.

Os príncipes encantados não tem nome. Eu posso ser Cinderela, branca de neve, a pequena seria, Rapunzel!
Eu posso ser Julieta e você Romeu, pois o conto de fadas tem final feliz- as histórias não.

Não somos platéia, até porque, seria esquisito demais sermos espectadores de nós mesmos... seria estranho demais nos distanciarmos da nossa história que digo: ainda não acabou!

Eu tenho que aceitar seu teatro pra existir personagem. Você precisa desprezar pra insistir que não ama. Cada um atua de um jeito. Cada um atua. Bem ou mal feito... cada um tem os aplausos para alimentar a solidão com o personagem que deseja...

Você é invencível. Eu desisti de lutar com você. De comprar sua briga. De entrar no seu jogo. Eu já cansei!!!
Você é idecifrável, indefinível...
e eu gosto das coisas claras, mastigadas...

Você pode ser nada. Eu tudo ou vice-versa. Tudo ao contrário. Nada virado pro ar. Quebra cabeça de ponta cabeça...

Eu digo que seu teatro é fato. E não tá escondido. Tá no meio das suas bochechas rosadas o seu teatro. O seu bem estar é fuga.
Foge!

Eu vejo você negar... e eu deixo, porque ninguém sabe, mas eu sei...
e só eu sei
que você tem um sorriso secreto
e você sorri assim,
só pra mim.

Beat Thought

Olhos abertos
poça de cinzas no chão.

Olhos fechados
Londres-1960- punk, samba, jazz, salgueiro, ambulância, índio, indie...
Beat. Batida beatnik.
Viagem desgovernada. Pé no acelerador. Vou, vou, vou. Vôo!
Minhas mãos estão frias. Sinto o vento. O ronco dos motores no meu ouvido se mistura com o solo de Dylan.
O cheiro de jasmim do incenso que Kerouac me deu...
Perfume! Perfuma uma. Me! Perfuma.

Olhos não podem piscar...
não quero perder os segundos seguintes
não devo,
mas perco a mão
e fecho os olhos
para penetrar mais fundo na alusão.

Minha mão é mais quente que os pneus. Cimentos. Alimentos. Cheiros.
Aromas cheios de sã parafernália para ler.
Tudo vibra. Os movimentos são vogais. Os pensamentos? Acordes...

ACORDA!

London calling

Navego para a Londres espacial...
Beat tempo!
Bate o tempo.
Brilho...
Um californian boy,
momento foto
freeze
pose/close/
céu dourado
paisagem nua...

Nuances de azul penetram pelas frestas
os cachos dourados ofuscam meus olhos quase fechados.

Movimento, velas...
plano outro.
Você mudou meus planos de ir embora essa noite
a fumaça, a atmosfera me leva para um lugar que não aqui.

Só Kerouac de costas, a visão da nuca na cadeira. O corpo delineado na sombra do salão...
o vislumbre, a visão do meu poeta beat.
Sarava!
Toca o sino!

Fumaça, sons, celular...
apagar de velas, sopro, vento.
Escuro?
só as lanternas de cigarro iluminam.
Siga a nicotina.

O gato

O gato olha assustado. Assusta a dor do susto que pode ser assustada em cada olhar.
Assustado. Desajustado em cada miada esganiçada. O gato anda.

Deixo a caneta escorregar. Pensamento de cimento pensa mentiras. Nega atos.
Neblinas pensantes, sons. Sopa de barulho inaudível sem sabor tem gosto de lápis de cera.
Gotas coloridas derretidas no fogo que arde em espelhos arcam com a idéia da imagem real refletida na face contrária do desejo que não se faz estátua.

Corrigida, a imagem se mostra circunspecta. Corcunda em circunflexos. Arrefecida na bolha de ar não respirada. Aconchegada no monóxido de carbono poluído no bombear do oxigênio.
Na intoxicação do que sou. Na cicuta em meu sangue.
No meu envenenar com nada que seja diferente de você.

23.10.06

Cry, baby!

Esquecer de viver.
Nulidades que se anulam e não existem.
Insistência que pode e não deve ser levadas em conta.

Me conta um segredo?

O calor pode ser frio no verão. A primavera de instável tempo não tem flores, nem cheiros.
Ouço um nome e o frio me vem na barriga enchendo de calafrios tudo ao meu redor.

Porque consiciente de toda essa negação não abstraio de uma vez? Seria talvez como trair-me, em se tratando de sentimentos?
Sim, eu o amo! Eu o quero! O desejo!
Desejo ele, mas sei que não posso. Sei que não quero. Sei que não dá!- Mas se não era para ser porque foi? Uma, duas... porque essas vezes aconteceu o inesperado? Eu estava quieta. Eu estava na minha. Eu queria, mas não queria. Eu quis e ele também. E agora fica nessa de só eu quero, mas não posso. Você talvez também queria, mas não sabe... e fica tudo inconsistente.

E eu ouço o nome que me dá calafrio e eu fico gelada e triste. E eu quero ir pra casa me esconder e chorar.

Eu quero te ver, mas vai ser difícil pra mim...te ver...ver o nome... ver você e não me enxergar. Eu quero ir pra casa chorar meu mar vermelho de lágrimas de amar. Eu quero um amor fácil, mas é difícil. Amor fácil? Deixa de ser tola, menina. Não existe. Amor existe quando é difícil. Amor não pode ser assim...fácil.
Amar é complicado... e eu só me vejo envolvida em complicações. Em nãos!
Em estradas esburacadas. Com corações já usados, cansados demais.

O meu coração já está cansado demais de tudo isso que é exacerbado, mas eu não consigo conter meus desejos... eu tenho que mudar de hábitos, mas antes disso...eu vou pra casa me esconder e chorar mais um pouco.

runnaway

Eu juro que essa será a última vez. Eu juro que essa será minha última tentativa. Nós falamos em círculos pelo quarteirão. Andamos pelos buracos das mesmas velhas calçadas. Conversamos sobre sair da cidade.
Nós vagamos em volta da ponte a noite toda. Nós conversamos através das luzes da cidade. Traçamos todas as linhas pra matar o tempo nos sinais barulhentos do centro da cidade para estar em algum lugar que não aqui essa noite.
Sim, eu juro pelas pedras portuguesas.
Nós dirigimos em volta desse lugar a noite toda e esperamos que o carro nunca parasse. Nós dirigimos pela cidade a noite toda e furamos sinais fechados. Dirigimos para matar o tempo. Isso nos levou a algum lugar que eu não sei qual. Nós o deixamos para trás. Houve poucas vezes que pensamos estar fazendo a coisa certa, carregando todos os sinais, para ir embora da cidade essa noite.

21.10.06

esquecida

hoje foi daqueles dias esquisitos
como aqueles dias que desejo esquecer
desejo de ficar deitada o dia todo
enrolada no cobertor
sem fazer nada.

daqueles dias esquisitos
eu só queria estar aquecida
naquele corpo,
não no esdredom
eu queria estar enrolada
naqueles braços
não no esdredom
queria estar levantada
com aqueles beijos,
sem travesseiro
queria estar envolvida
com aqueles lábios
não com os pensamentos
queria estar com ele
não em casa,
comigo mesma
queria me esquecer desse dia
pois não fiz nada
e detesto dias improdutivos.

20.10.06

antes do tsunami

Quando eu chego e tudo fica calmo
dá uma vontade de fazer bagunça
desarrumar as janelas do corpo
para visualizar a alma confusa

Dá vontade de virar criança,
falar tatibitati
tomar sorvete,
lambuzar os cabelos,
mascar chiclete com a boca aberta,
fazer barulho.

Vontade de sujar a roupa,
Deitar na terra...
porque tá tudo calmo demais
e quando tá tudo calmo,
a gente desconfia que isso vai passar
e aquela onda da solidão de ontem vai chegar
e derrubar tudo pelo caminho.

Então é melhor bagunçar tudo agora
pra não deixar a calmaria se instalar
é melhor bagunçar tudo agora
porque a solidão de hoje tá batendo
e quando a de ontem chegar
vai confundir a de amanhã
e a bomba vai explodir
estilhaçando cacos na nossa cara,
desfigurando partes do nosso rosto,
desrespeitando a estética que achamos coerente
com nossa imagem.

A tristeza vai alugar o apartamento coração
e tudo vai ficar mudo.
As paredes aleijadas sem andar
as luzes vão queimar pra se esconder
os olhos fechados calarão
a boca anoréxica escurecer
o corpo fraco desfalecerá
o desmaio vai ser fatal
o cérebro ficará sem oxigenação por horas...

Vamos fazer bagunça,
pq ta tudo muito calmo por aqui
e eu tenho medo de calmaria.

Festival do Rio 2006

Meu festival esse ano foi assim:

Puccini para iniciantes- conflito sexual bobo, fácil e engraçado.
Perto de casa- a força feminina da forma mais clara.
A cauda da serpente- poesia iraniana pura!
Deite comigo - explosão de desejo. EU!
Container - Imagem, palavra, conflito- poesia em preto e branco.
A fórmula de Peter Pan - amor, juventude, morte e vida.
Pequenas flores vermelhas - Inocência na forma mais dura.
En Soap - amor frenético- envolvimento confuso e shampoo.
Sexta-feira ou um dia qualquer – solidão, solidão, solidão. Brincar de ser Deus na solidão.
Destricted – visão de erotismo e sexo por vários diretores. Desconcertante!
A educação das fadas – simples, bonito, encantado. Conto de Fadas no mundo moderno.
2:37 – explosão de adolescências. Isolamento.
A cada manhã – poderia ser um clichê, mas fala da mulher que não sabe ser amada.
The night listener – suspense com Robin Williams. Desconfiança do mundo moderno.
Coração. Batendo no escuro – pulsante!
A vida secreta das pessoas felizes – perdas e danos francês.
Paris, Eu te amo – lindas imagens da cidade luz, histórias meio truncadas. Lento e arrastado. Não chega a ser uma valsa.
Todos os dias antes de amanhã – Antes do amanhecer canadense- gostinho de quero mais...
Admiração Mútua – visual indie, pxb, adolescentes tentando a vida em NY. Interessante a estética.

19.10.06

Hey, Jack Kerouac - 10.000 maniacs

Hey Jack Kerouac, eu pensei na sua mãe e nas lágrimas que ela chorou, ela chorou por nenhum outro o filho dela perdido no nosso pequeno mundo odioso e desafiou ele a se derrubar. A coragem do pequeno menino que escolheu suas palavras de bocas de “gatinhas” perdidas na floresta. Os homens falhos, vapores de flertes com café, todos eles falaram através de você. Hey Jack, agora para a parte traiçoeira, quando você foi a mais brilhante estrela quem foi a sombra? Entre os San Francisco rapazes beat você era o favorito. Agora eles sentam e misturam seus ossos e pensam sobre seus dias de sangue petrificado. Você escolheu suas palavras de bocas de “gatinhas” perdidas na floresta. Os pedaços dos escorregadios homens loucos, os flertes com café, em Chinatown uivando durante a noite.O bebê Allen, porquê tão perdido? Todos os meninos cresceram e suas belezas apagaram? Billy, qual santo eles te fizeram, assim como Maria derrubada no México no dia de todos os santos. Você escolheu suas palavras nas bocas de “gatinhas” perdidas na floresta. O descolado bêbado homem louco, garotas na rua do Harlem gritando na noite. Tal qual um choque manchado no rasgo do mundo,você partiu sem dizer adeus.

porque hoje eu tô me sentindo tão assim...

Um neurótico cantor de boteco
(Alexandre França)

Ouça esta canção de dois acordes
Falando de um só tema, amor
Sente só este coitado lamentando
Se escondendo sempre atrás de flores
Olha pra minha cara de passado
Vê se engole um futuro amor
Senta aqui do lado do cantor de bairro
Que sonha em contar na sua tv a cores
Uma mentira
Dizendo até que um sol nasce à noite
- Uma bebida
Pois junto com as flores eu falei de como ia me matar
Eu ria a noite inteira
Pensando no seu medo cafona
Eu ri pra casa inteira
Imaginando um jeito seu tão água com açúcar
Veja agora como a gente sente
Quando acaba de cantar, amor
No lanche da matina o amor come doente
O sobrou da madrugada anterior
Faça de conta que a gente sente muito
Que um beijo de língua só dissolve fel
Que aquilo que eu pensava eu já falei faz tempo
Que você concordava em transformar papel
Em poesia
Podendo até dizer: eu te amo
Poesia
Mas na verdade eu senti pavor de lhe falar.

Para ouvir essa e outras músicas do França: http://www.myspace.com/alexandrefranca

Sem saber

O que fiz?
O que falei?
Devia ter me comportado melhor.
tem coisas que não sei fazer...
Parar!

Sinto
dores...
Dor!
encharco-me de líquidos
para esquecê-la por alguns momentos
no dia seguinte ela se multiplica,
eu ganho outras...
(de cabeça, no ombro, nas costelas)
o frio, a chuva...
tudo potencializa a tristeza do dia seguinte
os medos aparecem.

Se eu tivesse um baralho,
faria um castelo de cartas.
Se tivesse uma caixa de lápis de cor,
faria um desenho.
Nas minhas mãos só uma caneta preta
e um papel em branco.

Eu converso com o papel
como se fosse a minha última fala antes de morrer de amor.

A tonteira chega com as ondas no calçadão de Copacabana
os olhos embaralham-se .

Do labirinto, não posso escapar
não sei o caminho...

É complicado, contraditório, relevante
a minha dor em auto-relevo
demonstrada em slides na parede para todos
e meu viver exacerbado.

Parece que o que eu fiz foi pra agredir,
mas não foi.

A exposição é o tipo de coisa que eu devo resolver comigo
ninguém tem culpa da minha desmedida falta de limites,
do meu exagero.

Eu preciso aprender essa vida
sozinha, solitária, só.
Preciso ficar,
Só.

18.10.06

Um presente inesperado


Ontem, inesperadamente ganhei um Alexandre França das mãos do Leprevost.

Um presente valioso é um livro de poesia. Quer saber o valor de um França? Multiplique 1.000.000 por infinito ao cubo mais 3.980 e saberás. Se bem que, a matemática não explica nem resolve com seus números o problema do valor da poesia.
A única coisa que pode explicar isso, a poesia, é o sentimento. É o sentir se bate ou não bate. Se o poema te toca ou não. Mesmo com rimas pobres, que não é o caso do França, um poema pode te tocar. Depende do momento.
A poesia do França, desde que descobri seu blog, sempre me tocou. Me bateu e arrebatou. Me deixou de quatro com os pneus arriados e sem estepe. França sempre me acertou!
E mais ainda com esse presente inesperado... essa gentileza amiga que só gera mais gentileza e alimenta minha alma.
A poesia sempre me chegou nas mãos quando mais precisava dela e ontem eu precisava de um França e suas pílulas poéticas. Precisava dos "barbitúricosantinflamatóricohistamínicos" para vitaminar minha alma de mulher-poeta-que sente.
Para aquecer minha noite de terça, somente um França para esclarecer minhas dúvidas.
Só um França para relaxar minha cabeça no travesseiro, me sabendo no caminho certo.
Só um França...
Tem horas que preciso de um Leprevost e sua febre de palavras afiadas. Em outras, um Tavinho Paes é meu remédio tarja-preta. Em alguns dias, um Drummond, um Vinícius, um Bandeira, um Quintana, me fazem sentir bem. Em algumas noites, só a companhia de um Pessoa, um Augusto dos Anjos para responder minhas desilusões. Na embriaguez, os Beatniks para que eu compreenda as dimensões. No amor, Bukowski. Em alguns casos: Fernanda Young (com seu único livro de poemas), Micheliny Verunski, a rádio caos (como trilha sonora), pitadas de Patrícia Carvalho e outros remédios para a alma.
Ontem, na Letras & Expressões, era noite de Augusto Dias, poeta que lançava seu primeiro livro – A última noite, amigo querido. Prêmio merecido para ele. Livro lançado com prefácio de Leprevost e orelhas de Tavinho. Com poema dedicado a mim lido por mim. Ontem foi a noite de Augusto Dias que merece todos os parabéns!
Ontem eu ganhei um “Mata borrão, batom”. Ontem eu inesperadamente ganhei um França. Um França que caiu dos céus e chegou as minhas mãos no dia em que o raio ultra-violeta cortou o planeta terra. Um França caiu nas minhas mãos no dia em que os pensamentos multiplicavam-se um milhão de vezes. Um França caiu-me nas mãos como um bilhete: Continue! Esse é o caminho- estava escrito.
Não que eu não soubesse que a poesia é o caminho, mas foi um quê a mais. Foi um reforço nas minhas convicções. Foi um refresco para minha alma. Foi um carinho que nunca será esquecido. Foi o acaso virando destino. Foi a aproximação da poeta com o poeta. Foi a transformação cósmica do sonho em realidade. Foi a realidade que já estava escrita e ninguém sabia. Foi um presente inesperado. Foi uma alegria recebê-lo!
Fez da poeta (eu) criança sentindo pela primeira vez o gosto de coca-cola.
Visitem www.alexandrefranca.blogspot.com - para saberem do que eu estou falando.

Invencível herói,
duas identidades
capa vermelha

e visão de raio-x
visualiza meu interior
encontra os pedaços de dor
os de amor...
minha raiva,
minhas paixões,
minha garra,
as vontades.

[Me agarra as vontades!]

visualiza pastas coloridas
organizadas na estante dos meus ossos
tenta entender o que são.

Tenta entender as representações
tenta desfazer o que ainda falta ser feito
tenta costurar os fragmentos,
os fatos, os momentos, os hiatos de uma vida
junte os retalhos numa colcha.


A cura pros meus males está perto.

Ó super-herói saído da ilusão da minha história em quadrinhos
saiba
nada disso é
necessário.

Dê-me um banho de criptonita e arruda
transforme meus nenhum-poderes em super-sentidos
leve-me voando para a sala de justiça
escolha a cor da minha capa
Faça de mim,

maravilha.

Smoke


Cortina de fumaça
Rastros, sonhos, sós...
No S.O.S dos dias
pedimos socorro
porque tudo passa;
tudo pássaro
tudo voa pombo no céu,
mas os passos ficam
no seu caminhar.

17.10.06

Because of you

Boa noite para o rio. Boa noite para as luzes do farol. Boa noite pra cidade...
O boa noite não será mais o mesmo por sua causa.
Eu posso sentar bebendo chá com licor, olhando para a lua, guardando o jeito que ela era.
O verão quente no meio de janeiro. Você estava com a sua camisa cor de pêssego. Rindo de mim.
Eu estava uma bagunça! Um copo de limonada.
Venha, vamos deitar na sombra. Eu não era isso há um tempo atrás. Eu posso sentar na cadeira de balanço, na beira do rio. Posso pensar sobre qualquer coisa, mas eu só penso no meu orgulho tolo. Você estava lá ao meu lado com sua cabeça... Deitado. Só eu, você e a distância. Um beijo e o sol se punha. Há um tempo atrás eu não era o que eu sou. Deixe o rio me empurrar pelo frio, frio azul. Deixe a iluminação e o trovão. Quebro-me e estou ultrapassada. Deixe as estrelas escolherem meu número de sorte. Eu não cairei. Não por sua causa.
Posso sentar aqui sozinha e uivar quando a lua se vai. Uma febre queima meus ossos. Estou quase certa que eu irei pra lá. A montanha russa e o trilho do trem. Açúcar de algodão. Não importa o que você sinta. Apenas segure a minha mão e segure forte!
Maçã do amor no meio da noite. Há um tempo atrás eu não era o que sou. Deixe a cidade me carregar, como você deveria ter feito, até que eu saia do chão com a minha cabeça rodando. Com buracos no meu sapato. Eu não vou cair, não por sua causa... Sim, por sua causa. Por sua causa.

Sonhos violentos

Sonhos violentos todas as noites. Mais tarde eu vou acordar assustada. Algo que eu disse. Algo que eu fiz está trazendo de volta essa emergência violenta.
Um dia negro de um branco fantasmagórico é somente uma outra noite para dormir e mais um dia.
Estarei sempre a mergulhar. Tudo que ele levou foi só o que eu pude dar. Caminho durante horas só pra ver sua vida através da noite de sono.
Sonhos violentos todas as noites. Pacientemente espero na sala de espera do hospital. Luzes brancas do hospital queimando um florescente brilho.
Enquanto meus olhos fecham bruscamente é só mais uma noite de sono.
Você entre olhos fechados, entre portas fechadas... A“primeira tarefa de amanhã” - alguém disse. Ela está se segurando numa agulha e numa travessura. Sonhos violentos todas as noites
esvaziando páginas de velhas revistas . Tornando instável o deitar. Desligando a estática na tela da TV. Na luz da máquina de coca-cola. É só mais uma noite de sono.

Nascer para que o sol se ponha

Um anel de prata e uma garrafa de rum
a solidão não é nada nova
eu vou brindar de qualquer jeito, por diversão.
Como poderíamos saber disso?
ele me deu aquele empurrãozinho
ele engoliu e chorou como se alguém tivesse morrido
eu senti isso escorregar pelo meu dedo anelar
eu estou começando a gostar disso a qualquer preço
o vento nas árveores canta minha descrença
você descobre o amante enquanto esperamos...
Eu posso te sentir
quando você está a 25 kilômetros de distância
ou quando você está no quarto ao lado.
Uma cama quebrada na estrada empoeirada,
um vermelho rústico e uma carga pesada
algumas vezes é rápido em outras é lixo
tão alto como um cantar de galo
e lá se vai um kilômetro a frente
no cigarro de filtro amarelo
cruzando a linha na auto-estrada

eu não te vejo há tanto tempo
eu posso te sentir.

Eu seguirei o caminho mais rápido
cruzarei o rio com uma jangada
as fazendas são um charme
as macieiras e as parreiras
eu posso te sentir
e vou brindar de qualquer jeito.

Beatnik

Quero Kerouac, Allen Ginsberg e o porre dos gatos do Burroughs. Uma pitada de Bukowski pra falar de amor. Descontruir os beatniks com bytes e mordidas excessivas. Bebendo cachaça, vinho do Porto e cerveja Stella Artois depois da praia nublada. Depois do mar sem forças...
Quero Kerouac pra dormir e acordar no futuro do pretérito dos novos dias gerúndio. Kerouac na vida mais que imperfeita.
Quero ouvir um jazz, rock, balada punk, MPB sorumbático e misturar os sons numa batida sem jeito. Revirar a caixa craniana como se reviram os olhos na visão de quem desperta os sentidos.
Quero Kerouac e astrologia. Ensinamentos budistas pra meditar, sorrir e chorar. Sair do estado vegetativo e imoral. Humanizar os sentires. Deixar de ser máquina. Pensar!
Quero Kerouac. Ler Kerouac. Sentir Kerouac. Sofrer Kerouac. Mergulhar na estrada Kerouac. Perceber você, Kerouac nas noites sombrias de embriaguez gelatinosa de Tristesse e me apaixonar Kerouac novamente. Kerouac...
Amor por você, Kerouac. No meu Kerouac.
Quero Kerouac para abrir os olhos e bater o coração remexido de pandeiros mal dormidos. Quero Kerouac, você, em mim.

phone booth



subconciously
I constantly narrate my life
in my head
in third person
in a Britsh accent.

16.10.06

fogo

ardo como joana d´arc na fogueira. faço churrasco de mim no calor insano e solitário. seja lápis de cor. faça-me de cór. decore a sua casa. case os planetas. junte os pontos. pinte a figura. seja chuva. assopre. salve-me, vento.

fresh mint

queria escrever um poema com gosto de menta. arder sua pele com saliva refrescante. escrever um poema gelado prá você entender meu calor como é. como sou? invencível? vencida? conversível?
ávida a vida é. despertada em bolhas...folhas verde-hortelã. congelar a língua... sentir o seu gosto de céu da boca. barbante embevecido. reflexo no espelho molhado de suor. vapores soltos sabem matar sedes de sentir imagem?

Festa em novembro


Uma amiga minha, poeta está organizando uma mega festa...mas, desde já, pra agradar a gregos e troianos, (o que não quer dizer à todo mundo, só os afortunados merecedores do convite.. . ou melhor ingresso - relaxa galera, a gente só pode confirmar o valor quando o local estiver 100% fechado) estamos pedindo pra cada um da galera selecionar 5 músicas que consideram imprescindíveis na festa... mas, vejam bem: tenham bom gosto/senso porque, vai rolar!!!!


Aguardem!!!!


PS: Nome da festa em aberto. Sugiram. O nome vencedor libera a entrada para o autor e dois convidados. Quem emplacar o nome da festa entra "de grátis" com direito a dois convidados. Já tem sugestões lá na comunidade.





Mais informações:

Campanha pela real beleza DOVE

O vídeo da nova campanha é genial.
Mostra os bastidores de uma modelo sendo arrumada para virar foto em outdoor e me fez pensar em milhões de coisas...
Dêem uma espiada:
http://campaignforrealbeauty.com/

Love is a bitch

Raios ultra-violeta dançam valsa no céu azul de pensamento
transformando transtornos em realidade ilusória.

A praia está cheia de corpos modelados para seduzir dissabores...
observo de longe as várias canções que se formam em conversas,
fico às avesas,
encontro contrárias contradições.

O som seria doce
não fossem as vozes estridentes
ecoando equações no meu pescoço de portas abertas.

Pela janela, o amor fugiu desencontrado.
vôo solo na asa da desilusão...
foi chorar perdas na atmosfera
perdas no enredo triste,
pedra de ser só.

Dupla face do desamor
tentativa sme desistência temporal
paixão em cima da hora
cruzar de olhares,
pernas, olhares, pernas...
olhares!

Enlaçar corações,
reencontro,
entrega...
amor
você!

penso

penso enquanto poeta
enquanto poeta penso
bato na porta
passo!
abro a cabeça
pensamento vai
pela porta
poeta pára
pisco sentimento.

senso, penso...
tenso, tensão
teso, preso,
tesão!

penso que a gente aprende a falar
para falar de amor...

penso que tensa a língua presa,
imprensa dizeres
enforca vogais,
estrangula consoantes
liberta o verbo
os versos se fazem
a poeta?
pensa...

Ratuscada no Barteliê (Movimento inVERSO)

Dia 13/10/2006 eu me apresentei no Barteliê e levei alguns RATOS di Versos para que a ratuscada ficasse completa. Foi isso que fizemos na sexta... as fotos ilustram muito bem o clima, a magia e a poesia da sexta-feira 13 que foi de sorte, alegria e RATOS!!!


Obrigada Clauky, Saba e Sauer pelo convite, pelo espaço e pela mágica!!!!

Marcelo Nietzsche e Carluxo


Juliana Hollanda em performance e a poeta-nfitriã Clauky


Maristela Trindade, Nietzsche e Tati "a vítima" dos RATOS


Carluxo, Eu e Maristela...

Para a ratuscada ficar completa faltaram: Dudu Pererê, Dan Magrão e Dalberto Gomes (D. Ratão)

15.10.06

curta os curtos

venha desfazer mal entendidos,
curtos, corticóides, carcomidos...
tome um diurético,
pare de reter líquidos!

=^..^=

liquidificador mistura idéias,
dor líquida fica em mim
entre sem bater.

=^..^=

bote inflável furado na cachoeira
chia o pulmão cheio d´água
tosse para desafogar.

=^..^=

tem fogo?
acende a vela.
chame o bombeiro!
hidrante sem água...
perigo!

=^..^=

comporte-se compota de doce de leite
teu pote herméticamente fechado
esterilizado?
estéril!

=^..^=

vasectomia...
dicotomia dos vasos falantes
desvio de canais
sem dinheiro
[corrupção fisiológica]
negligência física
ou cabeça no lugar?

=^..^=

blur

acendo um cigarro
vejo você
um trago,
seu gosto na minha boca
a fumaça...
sua imagem
o cheiro: nicotina.

veneno, cada vez mais veneno...
quero,
veneno

você é veneno
[venero você]
cigarro,
vício?
substitituição

veneno, nicotina, você, rumo, morte, vida...

veneno é meu desejo
desejo você, meu veneno
fumo cigarros prá passar o tempo
enveneno-me para te sentir

olho pro céu,
estrelas de fumaça
você tão longe...
eu perto de tanto não.

fuga

elocubrações
elucidações,
lúcida
lucidez quando não devia,
vem!
você? não veio
me pegou em cheio,
desprevenida.

eu de saída
quando você chegou...

parti sem medo
nem vontade de ficar...
parti prá outra que devia ser
e você?
sem entender
minha urgência
e latente espera

quando te vejo,
desisto
o medo é maior que o desejo
a desfeita desfaz a vontade
minha fuga suprime a falta
que você faz.

eu me dispo
na noite infernal
disponibilizo meu coração
pulo no abismo
seu amor não vem...
conto até cem,
você chega
eu vou embora.

desejos

quero lua, céu e estrelas
esquentar no caldeirão de idéias
amores e tesões ideais...

idolatrar uma nuca
e enlouquecer num pensamento ido...

quero você aqui,
agora!
e você não está
presente...

seis

seis asas
no céu flanam
livres,
sem algemas
sem rodas
sem habitat
sem pouso
sem amor...

seis asas
flanam com rodas
pelo céu.

não há
pousar.

11.10.06

Leminski


Amor, então,

também acaba?

Não, que eu saiba.

O que eu sei

é que se transforma

numa matéria-prima

que a vida se encarrega

de transformar em raiva.

Ou em rima.
perdido no mar de por-do-sol
caramelo de morango perdição
partem doces incertezas
fios de cabelo
ossos do ofício.
falam demais os casadinhos
enjoam demais as mousses
brigam os pirulitos
e as balas irritam as jujubas.
onde anda o sal que se escondeu do sol?
onde anda o sal?
sal?
sal?
sal?

quero salgar a vida
para cortar os lábios
e te beijar espuma de mar.

10.10.06

[...]

Sabe, estou precisando escrever de improviso...
sem saber onde a linha vai parar...
se a pontuação vai ser correta ou não.
Preciso escrever de verdade sem licença poética, sem métrica, sem razão.
Escrever por escrever.
Sem ler...
para entender o que vai ser do que foi escrito.
Sem tentar entender, editar, corrigir...
Escrever sem parar!
Sem tentar. Só uma vez só e pronto. Escrever, sabe?
Não, não sei.
Uma angústia...uma azia que baixou em mim na madrugada. Escrever sem medo sobre meus medos. Erros e acertos. Escrever sobre desacerto, exacerbação, devaneio, tornozelo, pé no freio, anseio, desejo, sorte, sola de sapato, chiclete, batata-frita, álcool, remédio pra coluna.

Juntar fragmentos, cacos de pensamento, pedaços de coração despetalado, margaridas insones, violetas suicidas... Escrever sobre o tudo que é nada e mandar pro espaço toda a descompressão!
Compreender que sentir nem sempre é bom. Não sentir é virar pedra. Adoecer e puxão de orelha. Cura é mel de abelha. Amor é ódio docinho. Paixão é fogueira na alma. Tesão é comichão na pele. Cheiro é questão de gosto. Hormônio é amônia invisível. Vício é vocabulário. Trabalho é necessário. Armário é uma caixa pra roupas. Eu sou um laço de fita. Minhas unhas são garras com dentes. Meu coração é uma orquídea com sede. Comer é necessário. Beber é bem do século. O inferno está cheio de flores. O céu é uma cambalhota. Família é o piso da casa. A lage são os amigos que sustentam. Maus amigos não deviam existir. Dedicação não devia ser mal vista. Palavrão é necessário. Brigar é necessário. Gratidão é necessário. Liberdade é lei. Lápis devia ter ponta eterna. Caneta Bic é a única que roubam. Isqueiro é igual cotonete. Sabonete tem que ter cheiro bom. Perfume é sedução prás narinas. Orgasmo é necessário. Depilação é uma dor necessária. Dor de amor é necessária. Chorar é emagrecer pelos olhos. Emagrecer é necessário. Ser magro é uma ordem. Estar em órbita é acreditar no sonho. Sonhos são a realidade que você deseja. Sonhar é necessário. Amar é necessário. Escrever é uma ordem. Estar um órbita é olhar a lua. Luares são necessários. A primavera chegou. As flores são necessárias. E hoje eu estou esquisita e não entendo mais de nada e nem sei o que escrevo, mas sei que sou o que escrevo.

Em auto-relevo estou. Preciso dormir prá plantar uma árvore amanhã. A natureza é necessária. Ser natural é loucura. A loucura é sã. E estar aqui a essa hora é necessário. Catarses são imagens. Eu sou uma gaveta. E sou sã. E sou eu. E estou só. E com medo de não saber parar. E não vou parar. Só vou dormir quando você chegar. E você não chega. Então vou morrer. Prefiro afogamento à barbitúricos. Não tenho remédios para dormir.

Tire-me dessa caixa. Onde é o cinema? Vamos para a praia? Não esqueça o filtro solar! Estou sóbria e não sei mais quem sou. Agora esqueço meu nome. Aqueço as idéias... Não sei onde você... não sei onde ele está. Se que eu estou aqui, mas quem sou eu?
Não lembro. Não lembro. Com ele eu me arrisco. Com ele há riscos. Ele é arisco. Ainda bem que o gato não me lê e me arranha. Que pena que ele não chegou. Que bom que ele está com ela. Que bom que ela gosta dele para ele não gostar de mim, mas eu gosto dele.
Por isso choro, mas quero sorrir.

Fuga

Fuga sabe escapar
do céu sem par.

Ímpar espaço...
núvens de algodão
folhas secas
amor canção
papel amordaçado
tecido embrulhado
presente...
pedaço suave
tricôt de meias palavras
lullaby
lá-rai-á...

Cá estou
Lá?
Não vou...

Sobre lua
luz sou
sempre que há imagem
paisagem dorme
em travesseiro
de flanela quente.

Em espelhos
ávido reflexo seco
converge em geometria
molhada, secular...
o flamejante fogo
que compromete seu olhar.

Sobre elas
repetem nós em cantigas
sem música,
notas musicais desafinadas
no meu desatino
com seu desparate...

Um barato viver
em seu sorriso aberto
longe ou perto
do meu coração...

Te amo assim mesmo
com toda loucura
te amo foguete que explode
em meu ser.

Espero o amor
por debaixo da porta
sempre...
hoje.

Doce deleite

Soneto metricamente pensado em diretrizes de meteóricas fases da lua.

É tudo que não sei fazer...

Incapaz de esquecer negativas,
atualmente estou.

Na tua mente inexisto,
na minha?
Co-habitas.

És meu companheiro
em sonhos esquecidos
e inabilidades mortas de fome.

Constitui pesados sons agudos de passado aborrecido,
desfaz-se em moléculas de neon claustrofóbico
faz par de luas com estrelas
enquanto o sol,
no céu irrita as flores com peles sensíveis e
cheiro de tutti-fruti.

Sentinela

Sentes o que eu sinto?
Só!
Sabes que sei quem sou?
Eu!
Sobras que ganho de ti?
Não!
Saltos que desejo dar?
Já!
Sentimentos que vou esconder?
Sim!
Por você?
só, eu, não, já, sim

SOU NADA QUE INSISTA
EM VÃO EM EXISTIR
E NÃO SER...

escrevendo o que sinto
nada sou além de
do abismo
borboleta sem asas,
ossos, ternura e
sons...

SOU VOCÊ PORQUE SINTO-ME SÓ
AGORA,
EM TI.

Revolucionária

Inspiração me falta
Não sei os porquês...

Porquê procurar porquês?

Sempre respostas enlatadas,
sem inspiração...

Explicações maltrapilhas
sujas como panos de chão...

Respostas molhadas
dadas a esmo...

Simples justificativas obvias,
quase sempre...
vazias!

Fico no vazio
desisti de procurar porquês
já sei quem eu sou
nas horas vagas...

Dúvidas estão internas
como meus órgãos
e tenho medo de fazer perguntas clichês
para não me igualar aos outros.

Monto quebra-cabeças com fragmentos
respostas sempre mudas,
perguntas surdas
justificativas sujas...
exclamações?
in-existe-ntes.

[Tente existir sem respostas...]
[Sem perguntas...]
[Sem saber...]

Viver é um clichê
quando não temos mais forças
para mudar o mundo.

Me apresento dia 13/10/2006 (Barteliê)

"Tem que acontecer alguma coisa, meu bem.
Parado é que não dá pra ficar!"
Raul Seixas

A T E N Ç Ã O SR(a)S. P A S S A G E I R O S:

Soltem os cintos,
Desatem os nós,
Subam a bordo da palavra...
e boa viagem!!!

SEXTA - 13/10 – a PARTIR das 20h - $ 5,

MOVIMENTO inVERSO

http://movimentoinverso.blogspot.com

Sexta, 13 de outubro... nosso dia de sorte!
Lançamentos e Atrações Imperdíveis:

a poeta incandescente
Juliana Hollanda
perfumando o ambiente
mais em: http://www.sousachet.blogspot.com/

Carlos Costa
[re]lançando seu livro de poemas ' Tempo Desejo'

Aluízio Rezende
[re]lançando seus ' Desejos Descalços'
(dez histórias que se apresentam como relatos, crônicas, contos
ou novelas sob títulos diversos)
mais em: www.recantodasletras.com.br/autor_textos.php?id=7405

Além, claro, de números especialíssimos dos SabaSauers
...e Palco Aberto para todos os Poetamigos presentes.
Quem chegar cedo poderá participar do bloco:
Esquentando as Vogais !

Em tempo e desejos:
Possível ataque dos Ratos di Versos !!!

Barteliê
R. Vinicius de Moraes, 190 - apto 03 - RJ
Ipanema (esquina com Nascimento Silva)


MOVIMENTO inVERSO
Seu canal de comunicação e divulgação
da arte e da cultura

http://movimentoinverso.blogspot.com
http://arteemtodaparte.blogspot.com

6.10.06

Maratona

Caminhei kilometros
Pra procurar sorrisos
Encontrei espera e possibilidades...

Percorri distâncias
Pra alcançar seu coração
Catei cacos pontudos na estrada...

Achei a chave de casa
Ela estava embaixo do tapete
Abri a porta
Entrei
Você no sofá,
Com a cerveja na mão,
Mudo como eu te deixei...

Voltei só prá buscar as dores- eu falei
Você não disse nada
Eu queria que você falasse mais uma vez comigo,
Mesmo que fosse aos gritos...

Nada que eu faça é suficiente...
Guardo as dores na mala
Você mudo
Com a cerveja na mão...

Fecho a porta
Você chora
Eu não desisti de procurar sorrisos...

Deserto

As flores estão mortas
Quando olhei na janela,
O vaso seco,
As cores murchas...
Chorei.

Chorei para reaviva-las
Numa canção de amor
Chorei...

Eu ainda desafino um pouco
Lágrimas de amor...

Elas estão mortas
Não nasci para cuidar de flores
Nem de mim...

Elas estão murchas, secas, mortas!
Elas estão como eu...
desertas!

5.10.06

Palavras Soltas

eu
desejo vivo
variedade de sentimento
curvas dinâmicas
amor
apaixonado
vermelho borboleta
maça verde
sabores exóticos
mango chutney
salivas felizes
línguas em ebulição
sorrisos encantados
palavras efervecentes
risadas sinceras
letras
love.

Beijar-te

Quero te beijar de olhos bem abertos
no deserto incerto dessa noite de neblina em fuga
olhar para as estrelas nos teus olhos
sentir o som do seu amor
no calor desconcertante da tua saliva
em contato com a minha.

Tua boca,
teus lábios nos meus
o sol circunflexo da textura da tua pele
tuas mãos na estampa da minha camiseta...

Estou de vestido e desejo tuas pernas nas minhas coxas
movimento circular que escorre sobe desce e
faz de mim um escorrega...

[Tobogã]

Sobe a escada e se joga
desce por entre meus seios
descobre o vão da minha barriga
observa o movimento de gangorra dos abraços
em zig-zag
para cima e para baixo...
venha para o meu ventre,
mergulha em mim...
golfinho estapafúrdio que tanto quero
encontra os sentimentos que escondi para ti
no meu mar de vontades.

Eu quero beijar te de olhos bem abertos
para ver toda a movimentação de nossos corpos...

Beijar-te de olhos abertos para filmar...
Beijar-te de olhos abertos para guardar
as sensações fotografadas na minha retina
Beijar-te de olhos abertos...
Beijar-te até morrer de amor
Beijar-te.

Beijar você sem dar atenção para o tempo,
tempo, tempo, tempo, tempo, tempo...
Te beijar agora que o infinito dobrou a esquina
Te beijar agora na margem do rio
navegando sobre gôndolas de incerteza
Te beijar agora na frieza do passar das horas...

Agora que
não sei mais
o caminho de casa
te beijar sem hora.

Monstros debaixo da cama

tá tudo tão escuro...

acende a luz, por favor!
tenho medo de ficar no breu
tudo pode acontecer.

eu acredito em monstros escondidos embaixo da cama
eles podem sair a qualquer momento de lá
eles virão atrás de nós...
eu tenho medo do escuro!

acende a luz, por favor!
não me deixe sem roupa,
eles acordam com cheiro de nu.

me abraça então...
eles só aparecem nas noites de briga
vamos fingir que não tem sangue escorrendo do meu rosto.

tá! a calça pode...
eles não vão perecebr
vem prá baixo do lençol
pshhhh! não faz barulho
eles têm sono leve...
vai tateando
na gaveta tem uma!

eu também
eu sou
eu quero
eu deixo
eu gosto
assim não!
vou gritar
me chama de
faz de conta
que eu

já parou de chover
acho que o supermercado ainda está aberto
acho que agora depois de tudo
eles estão calmos,
não vão mais aparecer...
eu te espero
você ainda me ama?

Dourado

É dourada a dor de não saber
duradouro saber dourar a dor
adorar o dourado sabedor
saber doer e adorar não durar
saborear o dourado da dor
não saber que a dor
é ouro para meu doído coração
é desconhecer
quem sou.

Como o velho jargão

Você me pede prá imprimir
eu compro as folhas.

Você me pede prá escrever
eu escolho a caneta e o papel.

Você me dá o verbo
eu conjugo.

Você me ensina os pronomes
Qual o seu nome?

Você mostra uma foto amarelada
eu digitalizo.

Você me ensina a nadar
eu engatinho.

Você me morde
eu mostro os dentes.

Você me arranha
afio as garras.

Você me pede um cigarro
sou ex-fumante.

Você me rouba um beijo
estou com fome.

Você me acaricia
eu sou assalto.

Suas mãos em meu corpo
eu rodopio.

Peças de roupa pelo chão
estou deitada.

Você palavra
eu onomatopéia.

Você acelera
eu pé no freio.

A primeira impressão
é a que fica!

Exausta

Você não vai ligar se eu te disser que
cansei... sabe?
Eu sei que você não vai ligar
e de verdade,
eu can-sei!
Vou te dizer que cansei muito antes disso tudo começar.
Cansei antes do começo e você não vai ligar quando eu te disser isso.
Você não vai ligar porque eu estou cansada de começae e terminar.

Terminar
aos solavancos
eu cansei, sabe?

De começar e terminar,
terminar
aos soluços...

Cansei, sabe?
De começacr entre sorrisos
e terminar
gastando lágrimas.

Tristesse - Jack Kerouac


"...eu gostaria de poder comunicar a todos os seus medos da morte combinados o Ensinamento de Séculos de Idade que escutei, que redime toda a dor com uma recompensa suave de amor perfeito silencioso que permanece pra cima e pra baixo e pra dentro e pra fora de todos os lugares passados, presentes e futuros no Vazio desconhecido onde nada acontece e tudo é simplesmente o que é. Mas eles mesmos sabem disso, besta e chacal e mulher amor, e meu Ensinamento de Séculos na verdade é tão velho que eles já o ouviram há muito tempo antes da minha época.
Fico deprimido e preciso ir pra casa. Todos nós nascidos para morrer."

MUDANÇA!!!!!

Estou migrando meu blog antigo para esse. Algumas pessoas não conseguem comentar por lá. O live Journal é bonito, mas pouco prático e nada usual...

Por isso BLOGSPOT mesmo!!!

Quero muitas visitas e comentários agora, hein?

OS POEMAS NOVOS SÓ SERÃO PUBLICADOS AQUI!

No Live JOURNAL os antigos que aos poucos trarei para cá...

http://sou_sachet.livejournal.com VEJAM O LINK ao LADO (Meu Blog antigo)

Bjos,

Juliana Hollanda (Juju, a rata que atazana os RATOS DI VERSOS)

Ontem...

Ontem dormi leve
os medos que sufocavam minha garganta
derreteram com uma só palavra

Eu percebi que
ainda há chance de ficarmos juntos,
por isso eu acordei feliz...

Todos os quereres dissolvidos
em cacos contraditórios,
voltaram a ser possibilidade...

Como um beijo seu
voltou a ser certeza
com apenas uma palavra.

Minha vontade brilhou como estrela no mar
todo o desejo de ti fez lua do meu coração...

Os olhares incertos,
as flechas,
as mãos,
as sobreposições,
texturas...

Tudo aterrisou no encanto
da varinha de condão
daquelas horas de magia e festa.

Tudo que perdido
escondia-se em cantos contrários...

Tudo o que empoeirava-se na estante
tudo o que secreto descontrolava minha inspiração
foi achado e
voltou em apenas uma palavra:

-Vem!

Tiros

Expectativas de beijos marcantes e suaves
fazem da minha coluna um calafrio constante até te encontrar
quem sabe um dia.

Quem dera alguém ouça meu grito no calabouço,
veja minha garganta num poço inflamado,
me tire o medo de tentar...

Quem dera alguém sugue a enfermidade da parede
para que eu possa respirar em paz.

Quem dera a mentira escondida no canto
se torne menor que verdade revelada

Quem dera ela possa permitir
que as pessoas lidem bem com os sentimentos misturados
no caldeirão de incompreensões da vida...

Quem dera as pessoas soubessem
livremente se expressar...

Eu queria decorar diálogos de filme de arte
pra te impressionar,
mas é impossível que eu seja algo
que não estou.

Só é possível que eu esteja falsa
por ser a possibilidade de algo
que eu gostaria de viver com todas as proibições.

Talvez eu seja o alvo.