30.9.08

Sobre paisagem e movimento (III)


quando
... o ser criança ultrapassa a vontade de crescer e o crescer é sublimado pela necessidade de permanecer pequena.

... a vontade toma conta da sua mente, pés e ar e o medo não representa nada mais que um estímulo.

... a coragem é o vôo mais alto que suas asas já fizeram e ser livre é tudo o que você sempre desejou.

...brincar entre minas terrestres com armas de graveto te faz terrorista, mas você está apenas brincando como forma de matar o tempo e contemplar o ócio.

...tudo o que se quer na vida é tão grande e tão pequeno ao mesmo tempo...

...é numa dessas horas em que você acorda para a realidade e percebe que existe,
mas existindo é tão formiga que para alguém te esmagar
é só dar um passo em falso.

Festival do Rio 2008 - Day Two

4) A Viagem do Balão Vermelho



5) Quando você viu seu pai pela última vez?

29.9.08

Festival do Rio 2008 - Day 1st

1) Vocês, os vivos



2) Fomos à terra dos sonhos




3) E Buda desabou de vergonha

25.9.08

Sobre agulhas e tempo (II)


soluços, náusea e cadarços desamarrados.
dor de cabeça e fome esmagadas na roda de um carro sem freio.

falta de sorte para alguém que se espatifa no asfalto
por causa do simples desejo automático
de chegar ao outro lado da rua.

tinha tanta coisa a fazer ainda.
sonhos a realizar,
mas uma cabeça de vento
tão de vento...

tinha comprado lingerie nova para vestir de noite e
velas, incensos, óleos de massagem.

sorriso nos lábios.
atravessou a rua.
olhos fechados.
não olhou para os lados.

espatifados no asfalto
ela,
as calcinhas novas,
o desejo,
os óculos
e toda a desatenção.

a chuva lavou o sangue.

no dia seguinte, outros carros a atropelar mocinhas distraídas.
homens atentos à esperar o sinal fechar. mulheres com lingerie nova nas sacolas.
crianças melecadas de sorvete, babás , pedófilos, assassinos, casais apaixonados, maridos adúlteros, amantes, jornalistas, estudantes, tarados e poetas.

vadias, funkeiras, beatniks, punks, homossexuais, cachorras, putas, cafetões, punheteiros
todos loucos para chegar do outro lado.
cada um com sua loucura.
a pressa.
a desatenção.
todos pisando no sangue lavado no asfalto.

o mesmo asfalto de onde ela, espatifada, observava a tudo com atenção.

Sobre paisagem e movimento (II)

(olhares.com)


sutil como um rio que caminha rumo ao mar

um pequeno pássaro de asas azuladas

cantarolou esta manhã

em minha janela.

e era um canto veludo,

tão doce, macio

que acordei com o coração acolchoado.

ele batia tão leve que

precisei me ajoelhar em frente a porta

antes de sair.

24.9.08

Palavra Encantada

Palavra Encantada é um documentário de longa-metragem (86min) que percorre uma viagem na história do cancioneiro brasileiro com um olhar especial para a relação entre poesia e música. Dos poetas provençais ao rap, do carnaval de rua aos poetas do morro, da bossa nova ao tropicalismo, Palavra (En)cantada passeia pela música brasileira até os dias de hoje, costurando depoimentos de grandes nomes da nossa cultura, performances musicais e surpreendente pesquisa de imagens.

O filme conta com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan. Imagens de arquivo resgatam momentos sublimes de Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Tom Jobim.

Um filme de
Helena Solberg e Marcio Debellian

Outros Trailers AQUI: http://www.youtube.com/user/palavraencantada

Sobre sonhos e sopro (III)

(olhares.com)


Para minha borboleta

Pensamentos como cabelos soltos em lua molhada. Barulho de chaleira. Na caneca um chá sem açúcar. No pires ao lado... petit-fours sabor brigadeiro.


No rosto, lágrimas costuradas com sombra de árvore. Papéis amarelados nas gavetas. Bilhetinhos atrás da porta. Brinco pendurado a cintilar na orelha. Gosto de batom na boca e saliva salgada.


Na cama eu dormia. No corredor ele a me espiar.


Pela fresta dos meus sonhos; uma festa de casamento. Eu de vestido florido branco e lilás a receber parabéns pelos bolinhos de bacalhau. Ele a se encharcar de alegria no amarelo da cerveja. Risadas na calçada. Mesas bem arrumadas e bem casados delicadamente expostos numa bandeja de prata.


Na valsa dos noivos, mais uma vez, eu - sem conseguir desviar meus pés dos dele. Eu a pisar no pé dele rindo compulsivamente. Os dois à rodopiar na pista. Narizes e bocas cada vez mais perto. Partes íntimas a se esbarrar. Os corpos; um todo a dançar num ritmo contrário a música.

Respiração rock n’roll e a vontade de sair dali daquele meio de salão.


Um despertar plena de sono. O ver que ele parado ainda me olhava pela fresta existente entre a porta e o batente. De seus olhos escorria um brilho há muito perdido no tempo. Eu sonhando com uma festa de casamento. Ele lá em pé entre a porta e o corredor. Uma linha imaginária a nos conectar e aquela vontade de fugir desperdiçada no tempo. Respiração ofegante.


Soube ali no instante de um olhar, entre o piscar de olhos de um depertar sonada, que ele me amava.


Assim...


...acordei cantando. Afastei as cortinas e deixei o sol entrar pela janela.

Sempre ele...

"Pensamentos, como cabelos, também acordam despenteados."

Caio Fernando Abreu

Clique e ouça

"Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora. Eu queria ser trapezista, minha paixão era o trapézio. Me atirava do alto na certeza que alguém segurava-me as mãos não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo, tinha medo de tudo quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo. Do que não ficava pra sempre."

Antônio Bivar, por Maria Bethânia no disco Drama 3°Ato, 1973.

22.9.08


Não que eu esteja com "este tipo de problema", mas eu achei esta foto GENIAL!!! - por isso, sugiro para as que estejam com este tipo de "problema" que imprimam essa foto e arrumem um jeito de mostrá-la aos seus respectivos, sutilmente, pois a imagem já é por demais direta.

E os homens hoje... têm andado muito assustados.

Pequeno Inferno

Alegorias, por Juliana Hollanda

(olhares.com)



luz solar

raios refletidos no telhado

aconchego de barra de chocolate

retalhos frios no cobertor

cigarros varejo

sonhos impossíveis

infinidade de cores na retina

cabelos empoeirados

óculos “Ray-Ban”

felicidade no amor

indivisível sentimento nobre

de estar completa

no conectar profundo de mãos

que se dão.

lábios procuram-se na escuridão

encontro na claridade do quarto

pernas que se abrem

suores trocados num apertar de campainha

impressões digitais

impressões...

beijos.

um apertar de bocas que se riem

respirações fantasiadas em companhia da tv.

calor.

olhos que se cruzam

gritos sabor suspiro

sussurros e pensamentos

fragilidades que se alcançam.

pé direito alto

manta impermeabilizante no telhado

um cheiro que escorrega da pele

dormir de meias

a descarga no banheiro

toalha em cima da cama

cozinha em reforma.

um sangrar de dentes

um cerzir de corpos

tilintar de copos

garrafas vazias

vontade.

abraços que roncam

respirações que se afagam

fronha macia

cheiro de jasmim

barulho de saudade

corações com imã.


encontro de almas

borboletas voam

gosto de menta na boca

fim de tarde.


café quente

pão de queijo

buquê de flores

sorte.

início de chuva

arco-íris visto da janela

sopa de tomate

jogo de futebol

madrugada fria

cobertor.

cabelos soltos

movimento

pernas que se fecham

mordidas acolchoadas

fechar de olhos

raios refletidos no telhado

luz solar

espelho.

18.9.08

DOIS AMORES-PERFEITOS NA JANELA, por Fabrício Carpinejar

- Desejo passar o resto de minha vida contigo.
- Não, uma vida contigo nunca será resto.
- Não põe palavras em minha boca.
- Não! Beijar é tirar palavras de sua boca.

Sobre sonhos e sopro (II)

(olhares.com)


só existo nos buracos que se criam no caminho,

no asfalto não recapeado,

nas ondas de 3 metros de altura,

nos bancos de areia,

no céu sem estrelas.


Algumas vezes, em espaços vazios.

Sobre paisagem e movimento (I)

(olhares.com)


Para Adriana Monteiro de Barros


nunca me afoguei nem tentei me afogar em água.

não sei como é e nem nunca senti as narinas sem conseguir respirar

num soltar de bolhas constantes.


não posso dizer que nunca me afoguei.


já me afoguei em (a)dversidades. álcool, dor, choro, sabonete líquido. nicotina, tapas, gritos, pressão.

já me afoguei em lágrimas, músicas tristes e poesia.

me afoguei em ventania e excessos.

mergulhei numa viagem sem rumo e sem volta.

me afoguei em fumaça e em falta. me afoguei em saudade.


em água, não. nunca me afoguei. nunca me afoguei em água.


em tédio.em perguntas sem resposta. em dúvidas, desespero, medo.

já me afoguei em paixão desenfreada, carro desgovernado, desassossego.

em quartos sem luz, em escuridão, colchões duros, frio.

já me afoguei em nadas.

em tudo não! nunca me afoguei em água.


não que algumas dessas vezes eu desejasse me afogar. nunca me afoguei querendo. o afogamento simplesmente aconteceu todas as vezes.

o afogar-se é imprevisível...


já me afoguei em telefonemas, em cartas mal escritas, em palavras não pronunciadas. em palavras impronunciáveis. em raiva, palavrões.


já me afoguei nos outros e até em mim mesma eu me afoguei.

em água; não! nunca me afoguei.


naquilo que pode ser . no que é e no que foi... já me afoguei.

em planos não executadoss e até no que deu certo; me afoguei.


sou um peixe. dentro da água me comporto bem.

só me afogo fora dela.

já desisti de aprender a nadar na imensidão.

sobre crime e castigo (I)

(olhares.com)

você se pega sem graça olhando para mim.

porquê você não me grita, me chama, me puxa os cabelos e me manda falar um poema?

porquê você guarda esse desejo que já exposto?

porquê você finge que esquece os segredos da alma?

porquê você não me pega, me toma, me invade?

porquê não possibilita o pecado, a sina, as idéias?

porquê você tá sem graça?


qual o seu medo, o assombro, a falta de assunto?

qual o desassossego?

o medo?

o crime?


vamos cometer juntos um assassinato? topo ser sua cúmplice.


você não precisa olhar para mim e baixar os olhos

eu deixo você pisar na faixa amarela

ultrapassar todos os limites.


achando assim. agindo assim. pensando assim, você me dá armas para que eu me apaixone.

não faça isso!

sempre o errado é melhor.

o proibido é mais excitante e

a sua voz ecoa na minha cabeça.

ecoa na minha cabeça.

ecoa na minha cabeça...

Sobre sonhos e sopro (I)

(olhares.com)

numa borboleta que sangra imperfeita

num cigarro que se fuma sem querer

num caderno que acaba endiabrado

numa vontade de nunca chegar em casa

numa vontade de deitar que sublimada

num colchão de espinhos

numa colcha de retalhos

num sopro de frio

num vento encanado

numa gripe

uma dor nas costas.

tatuagem de mentira cor de rosa

numa vontade de esquecer bêbada

do que passou ou se foi.

no que existe ainda

resquício do que se fez e se arrepende

do que se faz

movimentam-se os sonhos

e desejos mais idiotas e profundos.

Para Heloísa

ali dentro

o melhor perfume

um cheiro mais forte

vinho com sabor marcante

cuidado guardado numa caixa de remédios

guloseima esperando a fome

dentro da gaveta.

o doar, o saber, o sorrir,

o cantar junto, o escutar...

iluminar o dia com a música mansa da voz

um olhar para dentro

do outro

um se fazer sentir

um perceber que não se apercebe

um aperfeiçoar.

humanidade de que tanto se precisa

semente plantada num peito de gente

um alguém que se conhece pouco por dentro,

mas há muito que encontrar por lá.

um alguém que se insiste nada

identificação apenas

carinho puro e mútuo.

doçura dividida num “bom dia”

na paciência do ouvir de um outro longe...


na proximidade de se saber amigo

na vontade simples de apenas olhar

uma imagem e sorrir.

cabelos compridos

refletidos no espelho

despertam escolhas, vontades

e representações de um personagem real

no palco da vida.


vida essa que

olhada com os olhos do outro

se torna palpável.

Sobre agulhas e tempo (I)

(olhares.com)

quase não respiro


minutos passam difíceis

no relógio,

sete horas de saudade

soma cada vez maior de tempo

desperdiçado sem beijos

[palavras bolha de sabão]

tempo jogado no lixo.

sopa de entulho dos dias vazios

de vida

de braços, de sol,

de você.

parada no tempo que

passa

a sorrir

horas bailarinas

costuram o coração


{cheiovaziocheiovazio}


com agulha, linha e passos de rumba.

10.9.08

Over the rainbow, por Juliana Hollanda

(olhares.com)

Pessoas arco-íris enchem o ambiente

de cores; mesmo vestidas em tons

pastel.

Existem risadas arco-íris. Vozes arcoris.

Intelincias arcoris. Amizades arco-íris.

Namoros e, a mesmo discuses arcoris.

Cheiros, fumaça e cuidados.

Tudo que possibilita abrir a palheta de cores

da vida para iluminar um dia atribulado.

Para colorir dores de cabeça, desilues e

desespero.

Pessoas que sem saber transformam um dia aparentemente mante , normal

em um caminho de ladrilhos brilhantes rumo

a um pote de ouro; talvez.

Pessoas tesouro, chave de cofre, gaveta

de guardados da infância.

Pessoas travesseiro de estimação,

prato preferido, palavra de carinho, sossego...

Pessoas que te livram de dores e confusões.

Pessoas que inspiram poemas, crônicas,

contos, confissões.

Pessoas coloridas que sim: iluminam a

man para que a tarde se faça mais bela.

Pessoas que fazem da noite tranquila por saber que,

depois do sonho, a certeza é incerta, mas aman,

tudo pode; se repetir.