Essencialmente livre. Gaivota sensível plana sobre o mar em busca de alimento. Asas longas –ora de ave, ora borboleta ou avião. Delicada, forte, leve, linda, máquina. Humana acima de tudo.
"Uma mulher que goza"(*) – goza a alegria, o viver. Uma mulher que emociona, se emociona. Chora.
Fenômeno da natureza. Estação do ano. Bebida preferida. Sorvete cremoso.
– Sim! Ela pode ser tudo que você imagina, mas não é fruto da sua imaginação; é real.
Ela existe e você pode tocá-la.
Abraçar, beijar, fotografar, brindar, sorrir, chorar com ela. Falar poemas, escutar, ouvir o que ela tem a dizer, acender um cigarro ou escrever versos para ela. Dividir uma cerveja ou um prato de batatas-fritas na madrugada ou amanhecer na padaria tomando sorvete de limão.
Ela escreve poemas. Ela te surpreende com um poema que escreveu em sua homenagem. Ela é vidente. Ela lê a sua alma. Ela te lê como um livro. Ela observa as estrelas, a luz da lua e o despertar do sol.
Ela é música! Ela é pop, rock, folk 'n roll. Ela pode ser funk, mas rima com samba, dança forró e se esbalda.
Ela é mulher – sabe o que quer, mas no fundo no fundo – escondidas entre o coração e o estômago; estão as coisinhas da infância que ela nunca jogou fora. A boneca preferida, os laços de fita, o beijo roubado atrás do elefante no jardim da infância, os brigadeiros que comeu, as guerrinhas de pipoca, o aprender a ler e escrever.
No fundo, lá, escondidinho num lugar que só quem é amigo mesmo sabe está a menina Bia. Aquela cheia de sonhos – que sabe o que quer – que corre atrás de realizá-los. Aquela menina risonha que sabe chorar. A menina que emburra a cara quando algum desejo não lhe é realizado. E isso não é mimo – é porque ela nasceu para ser rainha. Ela encanta todos em volta e ela sabe que ainda mora dentro dela aquela menina que de saia rodada chegava na festa e roubava a cena.
Não é a toa que ela fez cinema e agora faz teatro. Para roubar a cena! Para ser a cena, para estar em cena, para ser vista. Não por egocentrismo como muitos, porque se acha o máximo, porque no mundo só existe: ela, ela, ela dentro do seu eu, eu, eu – como muitos, repito- mas para plantar algo dentro dos passantes, dos ouvintes, dos espectadores, dos amigos, dos amantes, dos amores, dos fãs, dos críticos, dos poetas, dos observadores.
Bia veio como um feixe de luz para iluminar aquela plantinha que ainda não nasceu dentro de nós. A planta tem água, tem cérebro, mas não tem luz e Bia traz essa luz. Bia é o raio de sol que falta para aquecer o mais rochoso coração. Ela é a peça que falta naquele quebra-cabeças que há anos você tenta montar. Ela é o panfleto do candidato do partido da utopia que devia ser o da realidade. Ela é tudo aquilo que você sempre procurou, mas não tinha esperanças de encontrar.
Ela é o jardim mais florido e a tarde mais quente. É o acampamento mais divertido e a ponte mais longa. Ela é o sapato mais confortável e a bolsa mais cara do armário. Ela é tudo aquilo que você pode imaginar, mas não conseguiria, pois ela é única e deveria estar guardada num potinho protegida de dores, sustos, má-sorte, ingratidão, tristezas, males do mundo.
É ela deveria ser protegida, mas lembram quando lá em cima eu falei de liberdade? Então, ela não precisa ser protegida, pois é essencialmente livre e tem asas nos pés que a livram das quedas quando pula do abismo. Ela carrega nas costas um pára-quedas que às vezes não abre quando ela se joga do precipício. Ela cai, mas com uma rapidez nunca antes vista, aciona as molas que tem na sola dos pés e... ressurge.
Ela tem coragem que a guia por labirintos e tem habilidade para escapar deles. Ela tem um dispositivo que transforma lágrimas em combustível e perfume francês em alegria. Ela tem cabelos que voam como pássaro e olhos-holofotes capazes de iluminar uma cidade inteira. Ela tem um duplex com piscina, sauna e varanda dentro do meu coração. Ela pode ser "kaos" e calmaria.
Não! Ela é mais, muito mais do que isso. Ela é Bia. Gaivota livre. Essencialmente sensível. Asas longas sobre o mar. Desliza. Borboleta delicada. Forte avião-máquina. Linda humana. Alimento leve. Ave linda. Beija-flor. Completa acima de tudo. Estrela brilhante, planeta, cometa.
Bia pode ser tudo o que você pode imaginar e é.
Para Beatriz Provasi
(*)fragmento de um poema da Bruna Lombardi