7.12.09
sobre escaladas e maremotos (V)
ferrugem nas escadarias
-observei ao me esconder da chuva-
inspiração não resiste
aos pingos gelados
que sobrepõe o calor dos raios do sol
que ainda grita
raios de sol fritam os miolos
-não resisto a gritos nem a suor-
ferrugem estraga os degraus da escada
aos poucos
-reflexo do patrimônio público sem manutenção-
eu me estrago aos poucos também
do calor escaldante
da Sibéria dos ar-condicionados
-assim é a vida no Rio de Janeiro-
os pingos da chuva rebelde de verão
molham o mau-humor que desintegrou
o bom dia
o bom; o melhor do dia
-me falta paz-
escondo-me da chuva
da irritação, da TPM
é um berro que me tira a paz
assim, escondo-me de um eu que não precisa
ser visto
escondo-me do cansaço
que não me pemite dormir
nem quando exausta
desejo um eterno e sem volta
fechar de olhos
um entardecer anoitecer breve
para que esse dia acabe
e assim a chuva, o sol, o mau-humor
tenho medo de levar a vida com amargura
medo de perder a juventude
e de morrer sem nunca mais sorrir
o que me salva é o amor que tenho
e me carrega com braços fortes
e saudade
amor que me faz amante
que me faz
mulher
e me faz completa
nas tempestades
e nos desertos
sem oásis
nem miragens
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Um comentário:
Só um amor assim como o que descreveu para tirar desse tédio.
Acho que preciso me apaixonar outra vez.
Beijos!
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