27.7.07

Conversa boa

há meses não virava noites.
há meses dormia tranqüila costurando sonhos. tricotando casacos no lado direito da cama. dormia direto e continuava cansada quando acordava.
era a ausência das mãos geladas e das palavras.
a falta da diversidade de assuntos que se encaixam uns nos outros.
perdidos...
assuntos retidos num certo ponto de cruz como num túnel.

assuntos como a possibilidade diversa de transformar uma simples madrugada em verso.

D.S.

durma em
almofadas coloridas de sonhos.
nossa vida é tão incerta que nem sei o que
esperar. a madrugada é
longa demais para amanhã
SER.

Pare. Atenção. Siga.

Sinais de trânsito fecham as entradas dos portais da noite.

É tudo urgência na instabilidade de se abrir janelas para escapar da asfixia dentro de carros parados.

Não conseguimos chegar a lugar nenhum com luzes vermelhas acesas de solidão.

O frio é o medo que vem verde e tímido quando idéias amarelas percorrem entrelinhas nas fumaças dos cigarros.

A noite é certa e sorte

Os sinais abriram e com eles as portas do abismo.

19.7.07

I love u!

verborragia hemorrágica
magia mágica
trágica comédia de se sofrer a sorte
sentir contido na visão de pétala
margaridas, gérberas, rosas, orquídeas
de um amor que não se explica.

Insônia

mal dormidas ilusões contidas
consumidas alusões acesas
insônia de viver assim...

sendo o que nada peixe
na alcova inexistente
de um abraço que chora.

Miss ya!

alergia cantada em pétalas de verso
coceira na face
disfarce de querer dizer
espirro do que se guarda
linha solta em dissabores orbitais
sistema solar de poemas
represas para reter tempo
água fria escorre aqui
e quente se transforma em lágrima.
E é isso que impera
A espera de você.

isto ou aquilo

Cega tateio esquinas
Talvez vá além do horizonte
Ou
Escorregue na ponte
Caia no rio

Talvez arda pimentas
Ou
Sinta cócegas de chocolate nas gengivas.

Livremente inspirado nas Janelas do Alex Topini

Longe se esvai
Tempo aque aqui fica
E não vai
Tempo que pára no agora
E é tarde
Hora que não chegou.

acróstico

doce pensar em seu
abraço forte, firme
naquilo que desconhecia
intransigente. Longe na
estrada. Fácil sentir gosto de amor quando você está
lá, nem aqui.

frio

manhã ausente
você não está aqui
ainda não acordei
e o sol está vazio demais
para me aquecer...

9.7.07

vai ser um tomento de dias incontáveis voltar à vida normal

no despertar de manhã
seu abraço fará-me falta
sentir meu corpo acordado
na adorável sensação de um arrepio
com gosto de chocolate crocante

o seu puxar dos meus cabelos na medida
a gramatura das suas mãos alisando minha pele
o seu olhar...
o sorriso de lado...
a floresta que arrepiou minha espinha
que em silêncio gritava

vai ser difícil acordar amanhã sem você
tenho facilidade de me acostumar às coisas boas
e querê-las sempre

vou sentir saudade do seu calor de manhã
e das fogueiras que aos beijos apagávamos

vou sentir falta do verão
que nesse inverno cultivamos
e aos suspiros vou acordar
nos próximos dias da sua falta.
poesia que se fez presente
na cama onde lambuzamo-nos de luxúria e vontades
paredes que com segredos escreveram um novo capítulo
de uma história leve
que me leva a não saber o final desse início...

tesão que mostra as garras
e abre portas para outras coisas
a sensação de você em mim
cercada da emoção de alguém olhar
fez do desejo um perigo

é no escalar das montanhas que se encontra o poema
a madrugada se encarrega de despertar desejos
antes inexistentes ou até sem saber, adormecidos

uma dúvida intermitente
a pergunta para a qual se quer sim como resposta
uma vontade de perguntar...

o risco que se corre do sim
é o pé no freio que o coração espera
quando só o não é o que se tem

talvez, o talvez chegue
ou o sim descarado da sua também vontade
guardada de mim em você
ou nada disso
simplesmente despertada com o empurrão dos meus olhos nos seus
a hora de demonstrar que se tem coragem
desfiando monstros que assombram a mente

o instante da resposta positiva
e o tudo transformado
em sonho e liberdade

é difícil pensar que era simples demais
simples nunca fácil demais
só simples demais
o que há tempos demais
tempo demais
eu esperava.

30.6.07

quarto

fascina
longe olhar em mim
quatro paredes

uma clausura bordada
iluminada por velas
perfumes e incensos estão acesos como cigarros

excesso de fumaça

na seriedade do assunto
me ver é enxergar em mim
o que não se repete
em você

Várias

todos na fila
esperam a hora
tempo agora

= ~~ =

o corredor da morte
avisa:
a falta que em minha vida
faz você

= ~~~ =

temo tão doce
a breve calma
do esperar pesado
a te sorrir
tão leve.

loucura

na camisa de força meu universo
era breve no despertar dos olhos teus
os malucos batem palmas
loucos somos nós

another day

mais um dia e tudo arde
mais uma tarde
nada é sol
no mar só a chuva de areia

tudo arde
é tarde
fantasia morreu.