22.12.08

sobre escaladas e maremotos (I)


"...where i can go, when I'm alone...
in to your arms I can go."
Lemonheads

estar fixada em seus braços
alguns braços
outros, certos, tortos,
fortes braços.

braços que me tocam
que entortam que não vejo
que imagino

braços que podem ser seus,
dele, deles, dos outros
meus

braços que atravessam paredes e telas
quadros, gravuras, espaços vazios

braços que pedem respostas
perguntam
perfuram a minha pele
e seguram a minha cabeça na hora de dormir.

braços que são seus, meus e não deles,
delas, dos outros

braços que me invadem e furam
braços que perfuram meu interior
e carregam mãos e dez dedos
borrifando meu cheiro
pelas esquinas

braços e mãos e dedos
que espalham
olhares e tatuagens

e proclamam o nosso amor
ferido
bandido, banido, torto, desmedido
e nossa paixão irracível, incessante
e "band-aid"
dentro de caixinhas, de papelão colorido,
feitas com cartões postais
distribuidos gratuitamente
por aí.

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