rituais são gatos de sete vidas
que vivem dezessete anos
e morrem dormindo
são o tipo de coisa para se fazer uma vez na vida
em um momento muito, mas muito especial
e guardar a sensação
-para sempre-
assim como quem não quer nada
porque já tem tudo
aquele sentir pontinho luminoso
que brilha no peito
aquele instante a girar sozinho, quieto
no trilho do metrô
no vagão elétrico que trafega
no mesmo circuito
-todo dia, tarde, noite-
no eterno, a crina do cavalo
esvoaça com o vento
lembranças se movem nos orgãos internos
e sempre se renovam
com a brisa
se deixam lavar com as lágrimas que escorrem
descobertas pelo rosto
e deixamos guardadas no gosto
de 35 goles de Rum
uma música se divide na dança
num beijo roubado,
no lavar das janelas
momentos não evaporam feito a àgua do arroz
nem se dissolvem em sopa quente
afeto se guarda
e se sente
nas pequenas coisas
no regar das flores do túmulo,
no abraço mudo
no falar calado
na fotografia,
num filme francês,
nas sombras, nos azuis,
nas nuances ...
nos olhares, nos sonhos
guardar momentos nas gavetas quietas
do coração que impulsiona
a vida que pulsa
pelo que vivemos
até que finde o ar das narinas
até o último suspiro
dos pulmões
*escrito depois de assistir no Festival do Rio 2009 ( 35 goles de Rum)
Sinopse: |
O viúvo Lionel vive num complexo habitacional com sua filha, Josephine, com quem tem fortes laços por tê-la criado sozinho. Enquanto Lionel atrai a atenção de uma mulher de meia-idade, um taxista que começa a rodar pelo bairro flerta com Josephine e eles passam a sair. Quando o namorado de Josephine aceita um trabalho no exterior e se muda, deixando a moça balançada, Lionel percebe que a filha está ficando independente e que talvez seja hora deles confrontarem seus passados. |
2 comentários:
Uau! Intenso.
Até a última nota.
Abraços.
Lindo!!! Muito inspirado...
Bjs,
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