Catarse de sentimentos
que não desejo guardar
nas gavetas.
Minha vida é sentir
tudo até o fim.
Enquanto existir
perfume francês
e poesia eu respiro.
25.2.10
Just Breathe
Yes I understand that every life must end, aw huh
As we sit alone, I know someday we must go, aw huh
I’m a lucky man to count on both hands
The ones I love
Some folks just have one,
Others they got none, aw huh
Stay with me
Let’s just breathe.
Practiced are my sins,
Never gonna let me win, aw huh
Under everything, just another human being, aw huh
Yeh, I don’t wanna hurt, there’s so much in this world
To make me bleed.
Stay with me
You’re all I see.
Did I say that I need you?
Did I say that I want you?
Oh, if I didn’t now I’m a fool you see
No one knows this more than me
As I come clean
I wonder everyday
as I look upon your face, aw huh
Everything you gave
And nothing you would take, aw huh
Nothing you would take
Everything you gave
Did I say that I need you?
Oh, Did I say that I want you?
Oh, if I didn’t now I’m a fool you see No one know this more than me.
As I come clean
Nothing you would take everything you gave.
Hold me till I die
Meet you on the other side
1.2.10
Somethin’ filled up
my heart with nothin’,
someone told me not to cry.
But now that I’m older,
my heart’s colder,
and I can see that it’s a lie.
Children wake up,
hold your mistake up,
before they turn the summer into dust.
If the children don’t grow up,
our bodies get bigger but our hearts get torn up.
We’re just a million little god’s causin rain storms turnin’ every good thing to rust.
I guess we’ll just have to adjust.
With my lighnin’ bolts a glowin’
I can see where I am goin’ to be
when the reaper he reaches and touches my hand.
With my lighnin’ bolts a glowin’
I can see where I am goin’
With my lighnin’ bolts a glowin’
I can see where I am go-goin’
É com imenso prazer e corujice que apresento para vocês meu mais novo trabalho. É um livrinho que faz parte da coleção Art Action - organizada por Tavinho Paes. O meu livro é o terceiro da coleção que contata já com o belo (Corpinturada de Betina Kopp - vol 00) e pelo dinâmico e emocionante (FACE BOOK de Tavinho Paes - vol 01). O meu é o vol. 02 e se chama ENTRE SEM BATER - cada livro custa R$ 15,00 - comprando os 3 juntos - tem uma promoção temporaria de R$ 30,00. ( A edição é experimental e independente, ou seja, foi bancada pelos participantes da coleção, por isso é necessária a venda dos livros para que possamos fazer os próximos, assim, a poesia NUNCA PARA!).
O livro é uma mistura de prosa e poesia. Pensamentos, diálogos interiores, reflexões de vida, por isso, ENTRE SEM BATER, pois a nossa existência é feita de portas, não necessariamente no formato de portas - ao viver estamos abrindo a porta sem chave e entrando sem bater nela, mergulhando de cabeça no desconhecido, na aventura, na novidade, no novo, no de novo...
"Ao abrir esta porta saiba que ela pode fechar depois que você passar por ela. Daí em diante vai depender do seu desejo em sair do lugar a que esta porta vai te levar ... nunca se sabe quando uma porta serve de entrada ou de saída!" - Tavinho Paes
Caso VOCÊS desejem abir esta porta, podem fazer a encomenda para mim por e-mail : jupyhollanda@gmail.com que eu mando o número da minha conta para que vocês façam o depósito e eu mande o livro pelo correio.
É um bom presente de NATAL eu garanto que a leitura será proveitosa, agradável e esclarecedora.
Do lado de cá da cidade faz muito frio.
Talvez por isso os amigos bebam demais.
Talvez por isso eu sempre cruzo as figuras no cinema.
Do lado de cá da cidade existem acordos fraternos, talvez por
isso as pessoas estão sempre magoadas umas com as outras,
e choram tanto, e escrevem os nomes das outras em folhas
amarelas de cadernos, e bebem tanto.
Do lado de cá da cidade nunca faz sol.
Talvez por isso, tantos blues, tantos blues, e a garrafa de café
sempre vazia, os dedos calejados da máquina de escrever, e o
copo de gin pela metade.
Do lado de cá da cidade chove todas as noites, talvez por isso as pessoas tenham tantas idéias mirabolantes e irrealizáveis, talvez por isso as mesas no bar estão sempre reservadas, talvez por isso
eles bebem tanto.
Do lado de cá da cidade faz frio, existem acordos fraternos, nunca faz sol, chove todas as noites, as pessoas bebem demais,
e são todas muito sensíveis.
Eu já estive uma vez do outro lado da cidade, só uma vez.
Você está do outro lado da cidade, mas vai sair daí já já, Mario. Seus amigos bebem demais e vão beber menos ou mais, tanto faz, o importante é beber junto com você e é isso que todos querem.
"Todo mundo tem 15 minutos, só a pressa é que não tem" Luiz Felipe Leprevost
Tic-tac.
uma frente fria se aproxima do litoral.
a última frase do livro que ela leu era em francês. -“il faut que le coeur se brise ou se bronze” .
Tilim.Tilim. Tilim. Crash!
vaso de cristal é sensível e racha com qualquer vento mais forte.
para quebrar-se basta um sopro, música alta, grito agudo ou grave.
cacos finos de um vaso espatifado espatifam-se pelo chão de madeira e camuflados nas frestas do sinteko causam cortes minúsculos no pé
e esse pé vai sangrar até que as portas das feridas fechem com uma cicatriz .
o coração também é feito dessa matéria prima
-transparente e frágil-
a diferença é que os ventos que passam por ele só conseguem rachá-lo momentaneamente.
ele se fortalece com o passar dos anos
-ao longo do tempo-ele se racha tanto...
que quanto mais anos são somados à nossa vida quanto mais dores
e tristezas nós vivemos mais aprendemos com as desilusões.
a cada uma, uma nova lição.
quanto mais aprendemos mais rápido as cicatrizes fecham, menos sangue espalhado e cacos de cristal vermelho pelo chão.
o coração se fortalece. os anos fogem dos olhos e o cristal do coração vira busto de bronze ou lápide.
poeira que se acumula em meio às frestas -se move-
partículas entram no nariz
espirro, cosquinha, risadas, irritação
-rinite!-
eu não disse que tudo seria assim?
não cantei a canção do minutos e segundos de inutilidade?
é, eu antecipei a explosão do microondas e te disse exatamente quantos minutos faltavam para o macarrão ficar "al dente" e você
nem escutou e foi jogar
videogame
agora estamos aqui diante desse mingau com molho de tomate e manjericão
e eu não te culpo por não ter me escutado
só porque estamos aqui
isolados do mundo nesse apartamento
e eu te amo
Da série: what do we have?
what do we have?
what do we have?
if we don't have each other… .
- Defina verão?
- Amanhecer …
- Amanhecer?
- Sim. Quase sempre, somos transportados para um mundo de nicotina e estrelas e essas estrelas conversam comigo e você é a primeira pessoa para quem eu falo sobre isso.
- ...
- Eu todas as noites sou obrigado a mergulhar no céu.
- ...
- Isso começou a acontecer no ano passado e eu fiquei confuso. Eu sonhava, me sentia pequeno, crescia de novo e me espantava. Amanhecia e eu absorvia a quietude da manhã.
- ...
- O som do silêncio dos amanheceres você conhece bem, mas eu quase nunca percebi. E é maravilhoso o barulho de um carro há 1 km de distância...
- O vento soprando nas árvores soa como estradas engarrafadas na sala do meu apartamento.
- Eu vejo cometas noite após noite após noite após noite após noite ...
- Todas as noites.
-É, e eu tento manter meus pedidos, meus desejos e me fixar, focar neles. Eu vivo nervosa por antecipação e sabe o que eu percebi depois desse tempo todo?
- O que?
- Que nós quase não nos conhecemos e agora estamos dividindo sacos de dormir.
- Sabia que todas as vezes que eu penso nisso eu sinto cócegas internas.
- Desculpa, mas é porque eu ainda não toquei em você neste local; digo, na parte interna do seu corpo, mas eu acho que esse sentir precisa de mais tempo do que nós temos disponível agora.
- É, nós viemos aqui para o meio desse nada para descobrir lugares escondidos e para estacionar em uma garagem aberta na base das montanhas.
- Estamos no limite da cidade e encontramos o nosso refúgio.
- É ! Conseguimos fugir das lavanderias e das banheiras de hidromassagem dos motéis e da minha casa e do seu apartamento e da gritaria dos bares ...
- Essa experiência está sendo divertida, não?
-Sim, divertida e estranha e silenciosa e até agora eu estava tímido, mas isso está sendo tão bonito que se alguma coisa nessa vida é certa... essa coisa é que eu acredito no amanhecer.
- Eu também.
- Então isso se chama ...
- Recomeçar?
- Defina Inverno.
e me pergunto: onde foi mesmo que a gente se perdeu?
você prometeu me amar para sempre
e nunca me esquecer
-esse letreiro passou diante dos meus olhos umas dez vezes ontem a noite -
Agora/
{ agora não; há muito você tem família, uma nova vida – e entenda, eu não estou lamentando este fato... }
[e eu...]
-você sabe que eu também tentei ter a minha, aliás, ela começou antes da sua, mas... –
será que você ainda lembra de mim?
ou será que nunca me esqueceu?
[é diferente o lembrar do não esquecer, não é?]
eu me lembro do nosso encontro casual e do meu medo de apanhar da sua namorada que não era sua namorada
-naquela festa-
lembro de ter fugido da pista de dança quando me vi dançando a sua frente e lembro também da sua “suposta” namorada conversando com a dona da festa e me apontando e do meu : – ai! socorro! vou apanhar.
[Eu estava de “maria- chiquinha”, você lembra?]
e em uma das cartas você escreveu que queria me fazer “maria-chiquinhas”, seja lá o que isso representasse naquele momento...
-cartas. milhares de cartas...-
e na sua primeira, você pede desculpas por já estar enchendo meu saco, pois escreveu ela no mesmo dia em que eu fui embora de São Luis e voltei para o Rio.
nela, na carta, e você acha que vai me irritar por já estar escrevendo, tão cedo... eu mal fui embora, né? – e lembro também da sensação, da alegria de abrir e de ler aquela carta – foi uma realização tão grande, uma alegria tão plena que eu to voltando aos 16 e lembrando de como foi quando abri aquela carta e do que eu senti no nosso primeiro beijo, do cachorrinho de pelúcia que ganhei de natal ( e guardo até hoje)
tão inesperado o nosso namoro,
nosso encontro ...
[inesperada nossa troca de cartas]
nas cartas você parece estar conversando comigo. me dá tanta satisfação...que agora é a minha vez: você sabe que eu nunca esqueci que a gente só se conheceu de verdade depois que eu tomei um porre e me enchi de coragem para enfrentar um dos meus maiores medos na época e na carta seguinte do meu porre, você diz que não conhece mais a “menina” em mim e me agradece pelo “mulher” que eu despertei em você e eu acho que foi ao contrário, sabe... foi você quem despertou “a mulher” em mim e eu não sei porquê, mas estou com vontade de te agradecer por isso.
lembro que a gente expulsou seu amigo do quarto e tenho vontade de dar risada não sei porquê, mas talvez eu esteja feliz em despertar essas lembranças... e você lembra que quando tudo isso aconteceu a gente nem estava mais namorando?
naquela época era tão fácil encarar sofrimentos, medos, dores ... será que foi a época ou será que foi o fato de estar ao seu lado que me deu forças para encarar aquele turbilhão todo; digo, tornado, furacão?
(...)
e eu me pergunto: onde foi mesmo que a gente se perdeu?
sabia que eu não me esqueço daquela vez que a gente foi numa lanchonete e a gente estava discutindo e você estava com um pouco de raiva, ou só triste, não sei – e você comeu tanto, mas tanto, mas tanto que me assustou? – sabia que toda vez que eu passo por aquele lugar eu visualizo a cena, nós dois na calçada e às vezes eu até sinto o seu cheiro...
eu tenho uma lembrança remota, porquê não falar; confusa de que eu cozinhei para você ... eu fiz macarrão? ou fiz uma torta de aniversário? Ou os dois? – eu lembro que tinha um lance de leite condensado, doce de leite, não sei... e eu lembro que você teve um trabalho para fazer e que me deixou em casa vendo VHS com um amigo seu... e quando você chegou... ah! lembro de você ter feito meus olhos brilharem!
e ontem, eu relembrei seus elogios. o quanto você elogiava minhas cartas, meu capricho em escrevê-las e do quanto xingava a sua letra feia e garranchada e a sua escrita monocromática, com apenas uma cor de caneta. naquela época, isso não me importava, aliás, hoje também não importa – sabe o que fica disso tudo?
as suas cartas empoeiradas, amarelando-se numa caixa, mas eu posso relê-las quando quiser, mesmo que espirre até o meu nariz explodir depois... eu guardo todas as suas cartas, cartões, bilhetes. você ainda tem algumas das minhas? não, não deve ter e eu entendo que não as tenha guardado. entendo mesmo!
ah! você me dava tanta satisfação que chega a ser engraçado! -“agora são 3 da manhã”, “tenho dormido pouco”, “vou te ligar amanhã ou domingo”, “não te liguei ontem porque fui para a casa do meu tio”...
morri de rir – não para debochar dos seus sentimentos, mas porque você era tão preocupado que numa das cartas leva um tempão querendo explicar a diferença entre “preocupação” e “sentir pena”.
você já podia imaginar que eu ia achar que você estava me escrevendo “por pena” e não queria ser mal interpretado. você era tão preocupado... que chega a ser engraçado isso hoje.
na época, beirava o dramático, mas não estou reclamando... estou feliz. tão leve em reler suas cartas, cartões, bilhetes...
[naquela época, não existia e-mail, nem celular]
existir? bem... existia, mas estava tudo tão engatinhando... assim como nós, dois jovens, em descoberta... engatinhado...
nós não tínhamos a menor idéia de como seria nossa vida em 2009 e na verdade eu não lembro de como eu queria que ela fosse eu 2009 e muito menos consigo me imaginar no mundo de hoje com o pensamento de ontem e se... eu ia estar feliz hoje com o meu pensamento e idealização de ontem, mas sei que hoje estou aqui em 2009 e estou feliz porque releio as suas cartas, cartões, bilhetes...
estou com o seu convite de formatura nas mãos e me pergunto: como teria sido eu ir nesse baile. teria mudado alguma coisa hoje esse acontecimento? – mas a pergunta não é essa e sim: onde foi mesmo que a gente se perdeu?
estou aqui sonolenta com você ao meu lado...
sabia que eu vou dormir com você essa noite e a gente vai tomar café amanhã de manhã e depois... cada um vai seguir seu rumo, sua vida e eu vou deixar (à contragosto) essas lembranças todas adormecerem e virarem saudade novamente, porque vai ser mais fácil assim, para mim e para você...
e agora... o meu último suspiro antes de te dar um beijo de boa noite e da gente virar para o lado e de conchinha adormecer nesse colchonete no chão do mesmo jeito que aqueles jovens adormeceram em 1996... mas hein, me fala uma coisa... sussurra no meu ouvido...
ei! antes de dormirmos, eu te pergunto: onde foi mesmo que a gente se perdeu?