quando ... o ser criança ultrapassa a vontade de crescer e o crescer é sublimado pela necessidade de permanecer pequena.
... a vontade toma conta da sua mente, pés e ar e o medo não representa nada mais que um estímulo.
... a coragem é o vôo mais alto que suas asas já fizeram e ser livre é tudo o que você sempre desejou.
...brincar entre minas terrestres com armas de graveto te faz terrorista, mas você está apenas brincando como forma de matar o tempo e contemplar o ócio.
...tudo o que se quer na vida é tão grande e tão pequeno ao mesmo tempo...
...é numa dessas horas em que você acorda para a realidade e percebe que existe, mas existindo é tão formiga que para alguém te esmagar é só dar um passo em falso.
soluços, náusea e cadarços desamarrados. dor de cabeça e fome esmagadas na roda de um carro sem freio.
falta de sorte para alguém que se espatifa no asfalto por causa do simples desejo automático de chegar ao outro lado da rua.
tinha tanta coisa a fazer ainda. sonhos a realizar, mas uma cabeça de vento tão de vento...
tinha comprado lingerie nova para vestir de noite e velas, incensos, óleos de massagem.
sorriso nos lábios. atravessou a rua. olhos fechados. não olhou para os lados.
espatifados no asfalto ela, as calcinhas novas, o desejo, os óculos e toda a desatenção.
a chuva lavou o sangue.
no dia seguinte, outros carros a atropelar mocinhas distraídas. homens atentos à esperar o sinal fechar. mulheres com lingerie nova nas sacolas. crianças melecadas de sorvete, babás , pedófilos, assassinos, casais apaixonados, maridos adúlteros, amantes, jornalistas, estudantes, tarados e poetas.
vadias, funkeiras, beatniks, punks, homossexuais, cachorras, putas, cafetões, punheteiros todos loucos para chegar do outro lado. cada um com sua loucura. a pressa. a desatenção. todos pisando no sangue lavado no asfalto.
o mesmo asfalto de onde ela, espatifada, observava a tudo com atenção.
Palavra Encantada é um documentário de longa-metragem (86min) que percorre uma viagem na história do cancioneiro brasileiro com um olhar especial para a relação entre poesia e música. Dos poetas provençais ao rap, do carnaval de rua aos poetas do morro, da bossa nova ao tropicalismo, Palavra (En)cantada passeia pela música brasileira até os dias de hoje, costurando depoimentos de grandes nomes da nossa cultura, performances musicais e surpreendente pesquisa de imagens.
O filme conta com a participação de Adriana Calcanhotto, Antônio Cícero, Arnaldo Antunes, BNegão, Chico Buarque, Ferréz, Jorge Mautner, José Celso Martinez Correa, José Miguel Wisnik, Lirinha (Cordel do Fogo Encantado), Lenine, Luiz Tatit, Maria Bethânia, Martinho da Vila, Paulo César Pinheiro, Tom Zé e Zélia Duncan. Imagens de arquivo resgatam momentos sublimes de Dorival Caymmi, Caetano Veloso e Tom Jobim.
Um filme de Helena Solberg e Marcio Debellian
Outros Trailers AQUI: http://www.youtube.com/user/palavraencantada
Pensamentos como cabelos soltos em lua molhada. Barulho de chaleira. Na caneca um chá sem açúcar. No pires ao lado... petit-fours sabor brigadeiro.
No rosto, lágrimas costuradas com sombra de árvore. Papéis amarelados nas gavetas. Bilhetinhos atrás da porta. Brinco pendurado a cintilar na orelha. Gosto de batom na boca e saliva salgada.
Na cama eu dormia. No corredor ele a me espiar.
Pela fresta dos meus sonhos; uma festa de casamento. Eu de vestido florido branco e lilás a receber parabéns pelos bolinhos de bacalhau. Ele a se encharcar de alegria no amarelo da cerveja. Risadas na calçada. Mesas bem arrumadas e bem casados delicadamente expostos numa bandeja de prata.
Na valsa dos noivos, mais uma vez, eu - sem conseguir desviar meus pés dos dele. Eu a pisar no pé dele rindo compulsivamente. Os dois à rodopiar na pista. Narizes e bocas cada vez mais perto. Partes íntimas a se esbarrar. Os corpos; um todo a dançar num ritmo contrário a música.
Respiração rock n’roll e a vontade de sair dali daquele meio de salão.
Um despertar plena de sono. O ver que ele parado ainda me olhava pela fresta existente entre a porta e o batente. De seus olhos escorria um brilho há muito perdido no tempo. Eu sonhando com uma festa de casamento. Ele lá em pé entre a porta e o corredor. Uma linha imaginária a nos conectar e aquela vontade de fugir desperdiçada no tempo. Respiração ofegante.
Soube ali no instante de um olhar, entre o piscar de olhos de um depertar sonada, que ele me amava.
Assim...
...acordei cantando. Afastei as cortinas e deixei o sol entrar pela janela.
"Era uma vez, mas eu me lembro como se fosse agora. Eu queria ser trapezista, minha paixão era o trapézio. Me atirava do alto na certeza que alguém segurava-me as mãos não me deixando cair. Era lindo mas eu morria de medo, tinha medo de tudo quase: cinema, parque de diversão, de circo, ciganos, aquela gente encantada que chegava e seguia. Era disso que eu tinha medo. Do que não ficava pra sempre."
Antônio Bivar, por Maria Bethânia no disco Drama 3°Ato, 1973.
22.9.08
Não que eu esteja com "este tipo de problema", mas eu achei esta foto GENIAL!!! - por isso, sugiro para as que estejam com este tipo de "problema" que imprimam essa foto e arrumem um jeito de mostrá-la aos seus respectivos, sutilmente, pois a imagem já é por demais direta.
- Desejo passar o resto de minha vida contigo. - Não, uma vida contigo nunca será resto. - Não põe palavras em minha boca. - Não! Beijar é tirar palavras de sua boca.