1.9.08

Trilogia das coisas guardadas (III)

(olhares.com)

faz tempo. tudo parado. certinho – num cabelo bem escovado e unhas bem feitas.
há tempos vontade escondida atrás da estante de livros.

o deixar fluir do sempre
na poeira que invade as narinas
e te transforma numa bomba alérgica.

foi-se o tempo em que parava de pensar no agora em favor do ontem.

grita no ouvido a vontade do amanhã.

só que o hoje é o que importa

a sorte que me trouxe você
não pode ser a falta que te leva de mim.

o caminho é uma bolha estourada no dedão do pé
e uma sandália nova.

um pensamento constrante que martela serás
um salto alto que há muito não cabe nos seus pés.

o mofo entranhado no couro e o seu pé não cresceu.

você apenas parou de esperar
pq a distância separou você de si mesma
numa freada que pode ser faltal

[Perda total!]

o seguro que não cobre direção perigosa de terceiros
ou aquele carro novo brilhando na garagem.

só que você não tem carteira e dirige sem rumo
à procurar o caminho com um mapa ao contrário.

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