7.1.09

sobre nuncas e crises de ansiedade (VII)

da vontade de enfiar o pé na porta, derrubar tudo e como dizem por aí: “chegar chegando” surge uma pergunta para essa fútil existência: para qual lugar me dirigir enquanto sou digerida pelos sucos gástricos dessa vida atribulada de pensamentos perdidos e idéias brilhantes vagando pela mente?

é como se o vulto das coisas não realizadas ficasse sempre rondando enquanto as coisas realizadas param no tempo quando deveriam continuar em movimento. é aquela velha máxima de “águas passadas não movem moinhos”, pois viram xixi ou estão poluídas demais para subir com alguma força.

é aquela preguiça no meio da tarde e a vonatde de dormir depois do almoço. só que não!!!

não podemos dormir depois do almoço; aliás, não poderíamos dormir nunca e nem ficar sem fazer nada e nem parar um pouquinho para acender um cigarro e ter nosso “momento de reflexão”. não é possível parar. Como disse Cazuza: "o tempo não pára" e o suco gástrico dos dias nos consome com hora passadas, histórias erradas e lembranças equivocadas de situações e pessoas.

nunca fui “Poliana” e nem desejo ser, aliás, odiei ler este livro. foi o livro que mais odiei ler na minha vida. e “Poliana Moça”, então....me dá vontade de vomitar quando penso. essas leituras foram infinitamente piores que as obrigatórias para o vestibular, porque depois que passou a obrigatoriedade; li esses livros com gosto e são clássicos incontestáveis da boa literatura brasileira, mas “Poliana” não. é um tipo de auto-ajuda de mil novecentos e antigamente. uma lavagem cerebral para as menininhas serem obedientes e sempre contentarem-se com qualquer “merda”.

é aquele “do limão, faça limonada”. não! do limão faça mousse, caipirinha, esprema na tequila, no salaminho, no peixe, no camarão. misture com uma xícara de açúcar e faça um exfoliante!

bolas! estamos em 2009. quando acordarmos; em 2010 e por aí vai e faremos 31, 32, 33... e ninguém vai mais pular amarelinha com a gente e nem fazer campeonato de bolas de chiclete, aliás, o prazer de mascar chiclete já ficou para trás há tanto tempo...

o necessário é escrever mais livros para dar vazão a tanta coisa que você não falou na terapia e falar, falar, falar muito! aliás, falar não porque as palavras ficam vagando sem rumo e muitas vezes se perdem. a onda é escrever. escrever sobre o sério e também qualquer idéia ou crítica que o valha. colocar no papel qualquer observação importante sobre si mesma ou alguma frase qualquer. tenho feito trocadilhos e frases aparentemente sem sentido sobre o que sinto ou enxergo com meus óculos novos e sim estou feliz sem ter que fazer o jogo contente.

estar contente, aliás é a maior tristeza do mundo porque quando a gente está contente se contenta e o contentamento não é uma coisa boa porque na verdade a gente se conforma e não está pleno. a gente apenas engoliu mais um sapo e a digestão está difícil, mas a gente finge que está tudo bem levanta a cabeça e continua andando. lá vem de novo a “Poliana” a nos assombrar.

o suco gástrico dos dias nos carcome as entranhas e fica cada vez mais difícil respirar esse ar poluído por tanta insatisfação, portanto, “mãos à obra e pé na tábua. segue pra frente que atrás; vem gente”!

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