17.3.09

sobre não ser ... (II)


...um coração




palavras mudas

discursos surdos

atitudes doces

e qualquer outra coisa que cruze

um certo espaço

inexistente de tempo

ou paisagem

poderia ser o que basta para acabar com tudo

que angustia e apodrece

incinerar todo o lixo que se avoluma

em frestas de sofá e nos cantos da casa,

mas isso,

seriam apenas obviedades e clichês,

e não representaria nada do que seria necessário

perder por aí...


deixar cair um papel displicentemente pela rua

ou ser atirado como um filtro ainda aceso de cigarro pela janela

são ações que não representam algo que seja político e nem correto

incêndios sempre podem representar a finitude de algo

ou mero acidente

os bombeiros estão aí para isso

apagar o fogo surgido de fagulhas, restos de vela, explosões

e são extremamente necessários nessas horas


os trabalhadores, a água e os fósforos

a pólvora têm o poder exterminador das balas perdidas

e da incompetência dos governos

da corrupção dos governantes

e da falta de pudor dos que fazem algum tipo de política

em causa própria

que lese o próximo

descumprindo assim algum dos 10 mandamentos

acelerando dessa forma o desenvolvimento das doenças,

o buraco na camada de ozônio, a troca das geladeiras antigas

o derramamento de óleo no oceano, o degelo dos icebergs,

o extermínio das praias paradisíacas e

tudo que pode ser confundido com esse ser complicado

e filho da puta que se chama amor.

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