19.8.09

sobre fagulhas e pudim de leite (VII)


estou pensando em você


eu só quero dizer adeus,

- me despedir das pessoas -

e chorar


chove

e sempre que chove

é porque eu quero fugir

e chorar


[porque eu te quero muito e estou longe de você ]


eu tento

não te querer

tanto

para que não chova assim

com tanta assiduidade,

mas eu te quero,

sinto vontade de chorar

e chove

- chove sempre ! sempre! -


[minhas lágrimas chovem do céu]


tento fugir da chuva; digo

das minhas lágrimas
minhas roupa é de veludo

e estraga com água


[não carrego capa e nem guarda-chuva]

sinto a água deslizar
por um bueiro
penso em você
e você nem liga


não sabe que eu

estou pensando
em você


o que escorre por mim

e encharca o bueiro mais próximo

não é água

potável


você não sabe o que é

e nem eu sei o que é

e nem por onde ela desce


por onde a água desce

nem onde ela chega


água não tem máscaras

e não sabe até onde chega

e nem onde vai

chegar


a água não pensa,

não fala. é muda

e muda o tempo todo


o que não muda

é o meu pensamento

você. você. você.


deito na calçada molhada

minha cabeça dói,

e desejo chorar

não de dor

de falta


falta de você

- me falta você -

e eu sei disso

porque eu não mudo

- o mundo muda o tempo todo -

mudo o tempo todo

tempo mudo mundo

muda

tempo mundo mudo

mundo mudo


o mundo é mudo

e assim como a água

não fala


agora
quero dançar

como se ligada por um fio elétrico

e as pessoas não entendem,

mudam, passam


o cenário muda o tempo todo

meus passos etílicos em caracol

e as ligações nervosas na sua mente

me causam uma sensação de euforia

estou pensando em você. pensando em você.

pensando.


é tudo como água.

escorre. desaparece. molha.

seca.


[cega tesouras, alicates, facas]


tudo que desejo é ver você,

mas não há nada que possa

ser feito neste momento


chove

Nenhum comentário: