18.8.09

sobre lembranças e nuvens - fragmentos

o pior dia do resto de minha vida
ou
o dia em que a vaca quase foi para o brejo

era uma vez um gato xadrez. não. era uma vez uma vaca amarela ou qualquer coisa que o valha. não. era uma vez três vacas amarelas e seus respectivos bezerros. uma sala sem ar e muito esterco. um cheiro podre, de enxofre, no ar.

uma tia que se fazia de boazinha e uma menina malvada. sim. essa era eu. tantas coisas desnecessárias, mas importantes. e porque eu não fico quieta e fico de boca calada. porque eu tenho que sempre falar as coisas erradas nas horas erradas? porque ao invés de minha vó eu não disse: dona vaca? eu sempre me referi a ela como dona vaca. porque hoje, exclusivanmte hoje eu tive que dizer: minha vó. só para ouvir entre risos: nossa vó.

ai que raiva, mas nada que três chopps de estômago vazio entre risos com meu irmão não resolva, mas aiai, ver as pessoas querendo posar de boazinhas, injustiçadas e eu... a má, mas a única que tem trabalho. a única que não tem filhos que choram e gritam. a única que mora num bairro de rico, dizem. a única que não segura a língua. que não agüenta falsidade. a primeira a assinar a escritura e sair da sala. junto com meu irmão, claro, mas a única que não sorri quando vê que não tem necessidade. a única que não saber posar, fingir, se fazer de boazinha. as outras... ah! coitadas. injustiçadas. e eu a má, mas quer saber? tô pouco me f &**¨¨% para a dor dos outros que aliás, é dor nenhuma. a dor, saca, é minha. a minha dor. a dor que elas me fizeram sentir a vida inteira até meu pai morrer. a dor de ver a mãe delas perseguindo a minha e desejando matar a minha mãe, mas saca - quem foi primeiro? a delas e meu pai. o coitado do meu pai que morreu engasgado com um monte de sapos.

e quer saber? tô nem aí - igual àquela música brega- se acham que eu... ah! que eu... qualquer coisa. só sei que o filme de terror parte um passou e agora é questão de me preparar para o segundo ato porque ainda falta a casa da dona coisinha ser vendida.

a mim, resta, colocar um sorrisos no rosto e nunca, mas nunca mesmo deixar de ser eu mesma e isso, eu sei fazer bem. muito bem mesmo, mesmo que desagrade os outros, mas quer saber? eu tô pouco, mas nadica de nada mesmo me importando.

2 comentários:

Juliana Porto disse...

E faz bem...
Acho que as pessoas criam vilões para fazer da vida nem um pouco interessante delas mais valorizada, portanto sinta-se lisonjeada.
Também odeio tipinho e falta de caráter, mesmo quando se trata de parentes. Amanhã terei que dar de cara com isso. Deseje-me sorte ou achar alguma coisa com álcool no caminho para que eu possa beber!

=)
Beijocas, Jú.

Sunflower disse...

Tô te filmando, hein, bonita.

Deixa eu ser uma vaca tb, deixa deixa deixaaaa.

Beijas