19.5.08

Amanhã

Era amanhã. As folhas caiam das árvores. Outono. Nuvens rugiam no céu. Pensava em futuro apenas. Desejava pensar em como seria depois do hoje. A fome aumentava. Precisava dormir cedo para não deixar a ansiedade tomar conta. Comia mais. Queria dormir todas as próximas noites naquele berço, naqueles braços, naquela cama enlaçada por aquele sorriso. O sorriso daquele que tanto a enfeitiçava.

Entrava no caldeirão de sonhos. Desenhava imagens no caderno. Ela desejava ele e sabia que só no amanhã de muitas manhãs depois daquele dia. Já tinham cumprido sete meses em regime de reciprocidade. Era amor. Quanto mais deveria ela/ele esperar para colocar as finanças em dia e fazer prospecções de futuro. O quanto mais deveria ela esperar para ter uma casa montada? Uma casa com aquele homem dentro. Uma casa com cheiro de jantar todas as noites. Uma casa simples, arejada e feliz.

Ela pensava e do pensamento saltavam faíscas. Ela desejava aquele homem ao lado para sempre. Ela queria pular as etapas, mas não era possível. As lágrimas escorriam. Era outono. As folhas caiam da árvores. O céu rugia. Ela leoa, ele leão. Era tarde e ele sonhava com ela. O ouvir da voz, alimento. Era emoção.

O coração palpitava. O tempo era etéreo. A crença eterna. A eternidade surpresa.
Os dois, os olhares, desejavam-se.
Os corpos, um só.
Era outono. As folhas cairiam das árvores. Desejos rugiam no céu.
Era hoje. Ela acabara de acordar.

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