29.5.08

Aniversário

(olhares.com)

Muitos objetos passaram pelas minhas mãos. Tanto que se perdeu. Tudo que já quebrou.
Tudo o que eu quis. Que já não quis. Tudo que se partiu e até o que restou.

Cadernos, blocos, post-it's, cartões postais, cartas amareladas, fotografias... durante 30 anos, guardados.

Gavetas. Caixas. Caixotes. Lembranças. Muitos fazem falta. Alguns já fizeram. Preferia não ter conhecido outros.

Variedade de lugares. Entranhas, frestas, estrados; - espaços onde estão preservados: queridos e distantes. Os presentes, os presentes e os ausentes. Os que nunca mais vi. Os que ajudaram. Os que me geram lembranças boas. Os que atrapalharam passagens e meios de caminho. Os que atravancaram estradas. Os que inspiram saudade. Os que me fazem rir; os que me fazem chorar. Os que penteiam meus cabelos. Os que limpam minha maquiagem; os que gostam dela borrada. Os que me cobrem quando tenho frio. Os que gostam do mesmo que eu; os que não gostam tanto.

Os que respeitam minhas escolhas certas, erradas. Os que me deixam doer. Os que me fazem dançar. Os que entendem minhas idiossincrasias, perguntas, respostas...

Os que me tiram do chão. Os que me deixam na dúvida. Os que me enchem de asas e beijos; abraços, anseios, vontades, carinho.

Durante 30 anos, foram muitos os cadernos, blocos, álbuns de fotografia, perfumes, sabonetes e cremes hidratantes que chegaram ao fim. Muitas unhas quebradas, olhos borrados, lágrimas e gargalhadas. Muitos sustos e surpresas.

Hoje mulher, ainda menina, às vezes boba sei que fiz. Realizei. Sou!

A maior parte de mim são os cacos de vidro, as flores, as asas, sorrisos, palavras que ouvi. A maior parte de mim são os tapas e tombos e puxões de cabelo. Os vestidos cor de rosa, as calças rasgadas, os vinis arranhados, cd's importados.

A maior parte de mim são os amigos que conquistei, os poemas que escrevi, os livros que li, os sonhos que realizei e até o que eu ainda não fui. Não sei. Não vi. Não sou!

A maior parte de mim é tanto... que agora, enorme e preenchida por vozes e passos de todos e tudo. Cheia de tanto e plena de tudo tô até achando que essa de chegar aos 30 me amadureceu.

Just The Way You Are (tradução) - Billy Joel

Do Jeito que você é

Não fique mudando de roupa, para me testar e me agradar,
Você nunca me decepcionou antes.
Não imagine que você está muito igual
E que não vou mais te notar.
Eu não te abandonaria em tempos de dificuldades,
Nós nunca chegaríamos tão longe.
Eu aceitei os bons tempos, vou aceitar os tempos ruins,
Vou te aceitar exatamente do jeito que você é...

Não vá tentar alguma nova moda,
Não mude a cor do seu cabelo.
Você sempre tem minha paixão não declarada,
Embora eu possa parecer não me importar.

Eu não quero conversas inteligentes,
Eu nunca quero me esforçar tanto.
Eu quero simplesmente alguém com que eu possa conversar,
Eu te quero exatamente do jeito que você é.

Eu preciso saber que você sempre será
A mesma antiga pessoa que eu conheci.
O que será necessário até que você acredite em mim,
Do modo como eu acredito em você.

Eu disse que te amo e isso é para sempre,
E isto eu prometo de coração.
Eu não poderia te amar mais
Eu te amo exatamente do jeito que você é...

27.5.08

CEP 20.000

E ontem teve CEP. E foi lindo! Acústico, com um clima leve, na penumbra. Duas pequenas luzes iluminavam os poetas e pareciam velas e os amigos estavam lá e todo mundo "lelé da cuca" em transe e todo mundo ouvindo o que o outro tinha para dizer e todo mundo transitando e andando de um lado para o outro e escutando. E a Madame Kaos se apresentou e foi bacana e eu consegui falar tudo decorado de novo e eu e a Bia estávamos descalça no palco, como se para sentir a terra, o chão, a energia. E o Igor e o Chacal deitados na nossa frente segurando as luzes e a gente ali, iluminada a falar poemas e uma nuvem de amor e esperança e calmaria a nos envolver. Nosso sentir ali exposto e nossas ausências e descobertas e nossas vontades ali no palco, em forma de palavra. E depois o Gean, o Tavinho e antes todo mundo que falou e a gente cantando parabéns para o Chacal e o bolo e a vela do Fluminense e os amigos e os poetas e os poemas e o primeiro CEP do ano e a gente lá para somar e o Dudu e o DanDan e a Nathy, a Maysa, o Fernão, o Laurent os amigos, os desconhecidos e os conhecidos e uma amiga minha da Pós-graduação e o poema das figurinhas (que eu lí) e ficou bonitinho, quase infantil, mas forte, impactante e emocionou (eu acho) e todas as minhas figurinhas ali, coladas em mim e a gente rindo, bebendo, se divertindo... e o CEP vivo mais uma vez e tudo e todo mundo lá. Bom demais!

Saiu no GLOBO de segunda (26/05/2008)

AOS 18 ANOS, A SAUDÁVEL IRRESPONSABILIDADE
26/05/2008

CEP 20.000 retoma hoje seus trabalhos no Teatro do Jockey antes de voltar à sua 'casa'




Perto de completar 18 anos, em agosto, o CEP 20.000 retoma hoje seus trabalhos no Teatro do Jockey, a partir das 20h, com entrada franca.

O Centro de Experimentação Poética criado por Chacal, que sempre revelou talentos na área da poesia, da música e da performance, está bem no clima de comemoração dos 40 anos de maio de 68.

— A grande diferença de 68 para agora é que a arte nos dias de hoje é muito voltada para o mercado. É o show business. Na época, era o show happiness, as pessoas iam para se divertir. O CEP ainda mantém um pouco aquela coisa contracultural, antimercantil — diz Chacal.

"Espaço de invenção
e de liberdade"

Para Chacal, o CEP cumpre um papel de revelar artistas e "cultivar uma atitude experimental em um momento em que tudo o que se faz é voltado para o mercado".

— Berço e palco de algumas gerações de artistas, espaço de invenção e liberdade, o CEP é o irresponsável que deixa entreaberta a porta da imaginação nestes tempo de abulia e mercado, nesta cultura impregnada de "Big Brothers".

Depois do incêndio no Espaço Cultural Sérgio Porto, o evento se transferiu em junho do ano passado para o Teatro do Jockey. Este ano, faz agora sua primeira edição. Haverá mais duas até a reabertura do Sérgio Porto, em julho, quando o CEP volta ao que Chacal chama de "nossa casa".

A edição inaugural de 2008 traz uma numerosa lista de atrações: Madame Kaos (trinca poética formada por Bia Provasi, Marcela Gianini e Juju Hollanda); o poeta, performer e editor da revista "Confraria do Vento" Márcio-André; o saxofonista, poeta e produtor do projeto MaPa, Marcello Magdaleno, em dupla com o poeta Chacal; o poeta e compositor Tavinho Paes; o poeta e cantor Edu Planchez; as poetas e atrizes Glauce Guima e Kyvia Rodrigues; as poetas Bárbara Araújo e Eliza Vianna; a poeta Alice Sant'anna; os poetas e produtores do evento Ratos Diversos Daniel Soares, Dudu Pererê e Carluxo; a poeta Cecília Borges e a atriz Verônica Debom; o bailarino e professor Márcio Januário; o professor, poeta, cineasta e performer Dado Amaral e seu Na Boa Cia Teatral do Colégio Estadual André Maurois; os performers e poetas Igor Cotrim e Gean Queirós; e o editor e cineasta Maurício Antoum.
Jornal: O GLOBOAutor:
Editoria: Segundo CadernoTamanho: 424 palavras
Edição: 1Página: 8
Coluna: Seção:
Caderno: Segundo Caderno

"oh yeah, wait a minute, Mr. Postman"

Cartões postais que a gente recebe com o texto espremido ou palavras soltas falando de como a praia está boa e você deveria estar aqui porquê afinal, só falta você - são bons de receber; assim como aqueles em que vem escrito: (continua...) e a continuação nunca chega. Tem outros que você recebe num envelope, sem nada escrito mesmo, só para que você veja a paisagem.

Eu sempre tive mania de mandar cartão-postal, mas nunca soube escrevê-los. Sempre faltava cartão e a letra espremia-se pelas beiradas ou subia pelas bordas e eu nunca consegui dizer o que queria ou devia. Nunca consegui expressar o que sentia. Eu sempre senti muito e escrevi muito e fui prolixa ao extremo. Eu sempre escrevia muito ou minha letra era grande.

Cartões postais nunca foram suficientes ou a minha pseudo-auto-suficiência me fazia acreditar que nada bastava e eu nem ficava tonta naquela época e hoje, nem sempre eu fico, tonta, mas algumas vezes, em sua maioria aliás, eu tenho tentado fazer com que isso não aconteça mais.

Eu ando tão feliz que nem sei sobre o que escrever, mas sei que se ficar melhor estraga, aliás, tudo fica melhor a cada dia que passa, mas a distância, a saudade aumenta e isso é o que ajuda e atrapalha ao mesmo tempo; porque a saudade é tanta que eu vivo com lágrimas nos olhos e saudade e eu escuto uma música e lembro dele e choro e eu lembro de uma coisa que aconteceu e lembro dele e choro e falo com ele no tel e ouço a voz dele e choro e eu preciso dele do meu lado e não adianta eu mandar um cartão postal nessa época de e-mail, eu queria ser capaz de me postar no correio. Colar selos em mim e num piscar de olhos estar lá. Ser sempre a formiguinha, o mosquitinho, o grão de areia que gruda no chinelo, as gotas de chuva, o vento, o calor, o sabonete, a pasta de dente... eu queria ser a toalha e estar sempre com ele, secando e cuidando dele, daquele corpo que sinto meu quando perto. Uma parte, uma extensão de mim que eu sinto e ouço e quero e gosto e amo e sinto saudade.

Eu descobri que essa noite a gente dormiu e acordou insone as 3 da manhã e descobri também que a gente ficou pensando um no outro até dormir de novo e a gente dormiu e acordou e não parou de pensar, um no outro. A gente não pára de pensar um no outro e a gente tá longe, mas tá perto, conectado e, a gente se absorve e um quer ser só do outro e é. E eu imagino a carinha da minha filha com ele e a nossa casinha montada, os vasinhos de planta na janela, a luz do sol entrando pelas cortinas e a mesa da sala posta e o café da manhã ali suculento e colorido e a cena eternizada num cartão postal e a gente ali sentado lendo jornal e discutindo as notícias do dia e o beijo de até breve quando ele sair pra trabalhar e naquele dia eu tô de folga e vou escrever um pouco pela manhã e à tarde, limpar e arrumar a casa, preparar o prato preferido dele, tomar banho, me perfumar, encher de velas e cheirinhos o quarto, esperar ele em cima da cama de cinta-liga, babydoll... Jantar? Só depois, só depois...

Minha vida com ele eternizada num postal dentro de uma gaveta cheia de surpresas felizes.

Heal me

my Darling.

26.5.08

Pq eu achei essa foto linda...

(olhares.com)

Domingo

Os móveis estão no lugar. A poeira está onde deve. O coração segue a mesma cadência do roncar da cama. Sonambulismo. Eu e você, no mesmo ritmo conversando na madrugada nos sabendo donos do mundo. Um mundo só nosso que é nosso quarto, nossa cama, nossos cheiros, nossas paredes.


SIM! Nossas quatro paredes e pernas. As línguas, lambidas... calcinhas e cuecas espalhadas pelo chão. Nós dois num ritmo lento, num vagar devagar. Num pensar...

Um percorrer da mente do outro. Sem invasão. Um ritmo certo; nosso. Nós - num seguir um do outro. Num gosto com gritos, provas e descobertas.

Me descobre. Tira as cobertas de cima de mim. Sinto calor e te abraço. Te sinto quente desde a nuca, pelo peito... em todas as suas partes, pedaços. Em todas as paredes. Suas caras, seu riso, seu descansar. Seu ronco macio. O cansaço. A metade do travesseiro que é minha. Os braços misturados. Os sussurros, os gritos, gemidos. As pernas e pés entrelaçados. Não sei mais quem sou e nem até onde vou em você.

Você que não sabe a extensão de mim e nem quando estás sozinho. Eu que te assombro com cheiros femininos no quarto. Você que tatua seu corpo no meu. Nós que deixamos tudo como está. Nós que lentos, vagarosamente, devagar... nos permitimos deixar que o amor se perpetue e adormecemos sem pensar no amanhã, porque a vida é agora. A minha vida é você e você sou eu.

23.5.08

Renascer

foi assim inesperado acordar naquele castelo desmoronado de cartas - afogada em lembranças -buraco e muita dor.
simpático pois adormecer numa montanha alta cheia de esperança e amor. sangue reciclado, suores, cheiros, sorte, soluços esquecidos
sobriedade sã e salva!

20.5.08

Despertar

por quantos anos à esmo vagou por estradas tortas até encontrar o caminho e respostas?
o espelho era o refletir daquele olhar em sua retina nua.
encontrou vestidos de renda e lençóis de cetim dentro do armário da sua casa nova.
carinho e chocolates na mesa de cabeceira.
descobriu o prazer e fez amor pela primeira vez.

quem cala consente

consentir deveria ser: sentir com. sentir com alguém palpitação.
palpita a ação de sentir.
sentir alguém ir é o caminho do abismo. assim como: deixar alguém ali naquela praia longe. no meio do deserto que de certo errado. sair de perto. ficar distante.
medo da distância que fortalece. deixar lágrimas escorrerem pelo rosto cheio de saudade. calor soprado para o vento através da janela.

Passeio

cabelos ao vento e caretas
gargalhadas em baixo do sol morno
água de coco para a sede
mãos entreleçadas
aquele cheiro bom a enfeitiçava

a caminhar ao lado dela: o outono.

ela prendia o cabelo e descobria assuntos para falar
ela ali a caminhar achada

o amor e os cadarços do tênis com o passar dos dia mais firmes
ele num perto longe
e ela desejando resgatar calor do corpo dele
querendo voar.

Ele

acordou. o frio a fazia ter medo de encostar os pés no chão.
o brilho refletia nos olhos o jazz e o mundo entendia os acordes amarelados da manhã louca de paixão.
uma manhã fria - com sono. a velocidade lenta e os movimentos automáticos.
sair era inegociável. o trabalho não esperava. ela tinha que chegar lá num horário plausível; mesmo que a cabeçça continuasse parada ali - naquele outro lugar.
ela pensava nos sorrisos que deixou adormecidos e em xícaras de café.
ela pensava em banho quente e em narizes fungando.
ela pensava nele e em tudo de apaixonante que ele tinha.
ela pensava nele.
ela pensava em amor ainda que sentisse frio e tivesse medo de encostar os pés no chão.

Viagem

no coração o pé no acelerador e o sentimento desgovernado pulsando no peito; amor.
o carro voava nas curvas. a tração nas quatro rodas de nada adiantava. lágrimas pulavam pelos quebra-molas da alma.
era salgada a estrada. a ladeira íngreme. o longe não existia.
era concreto o sentimento asfalto; duro como pedra. firme como o pronunciar das três palavras verdade e da sua resposta.
eram abraços; combustível.
rumo ao desconhecido, o carro - desgovernado. o coração sem freio. o passar de marcha; inconsciênte. velocidade.
o amor aumentava. o motor gemia. estacionar. tirar a chave da ignição. a taquicardia da freada brusca. quase atropelar os passarinhos.
as estrelas no céu de sorriso da boca. suspiro. pé no acelerador.
eles tinham desejo. não!
não era pressa.
tudo de novo...
outra vez fazer o caminho. voltar. inverter a direção.
chuva torrencial. a estrada molhada. o desejo vermelho; em chamas.
cheiro de gasolina. beijos. lubrificante. mordidinhas; limpador de parabrisa.
o pé devagar a pisar no freio. desacelera. estaciona. gemido. suspiro. o coração acelerado. o cheiro de brisa depois da tempestade.
coração respira de olhos fechados.
o casal apaixonado em algum lugar; ressona.

19.5.08

Amanhã

Era amanhã. As folhas caiam das árvores. Outono. Nuvens rugiam no céu. Pensava em futuro apenas. Desejava pensar em como seria depois do hoje. A fome aumentava. Precisava dormir cedo para não deixar a ansiedade tomar conta. Comia mais. Queria dormir todas as próximas noites naquele berço, naqueles braços, naquela cama enlaçada por aquele sorriso. O sorriso daquele que tanto a enfeitiçava.

Entrava no caldeirão de sonhos. Desenhava imagens no caderno. Ela desejava ele e sabia que só no amanhã de muitas manhãs depois daquele dia. Já tinham cumprido sete meses em regime de reciprocidade. Era amor. Quanto mais deveria ela/ele esperar para colocar as finanças em dia e fazer prospecções de futuro. O quanto mais deveria ela esperar para ter uma casa montada? Uma casa com aquele homem dentro. Uma casa com cheiro de jantar todas as noites. Uma casa simples, arejada e feliz.

Ela pensava e do pensamento saltavam faíscas. Ela desejava aquele homem ao lado para sempre. Ela queria pular as etapas, mas não era possível. As lágrimas escorriam. Era outono. As folhas caiam da árvores. O céu rugia. Ela leoa, ele leão. Era tarde e ele sonhava com ela. O ouvir da voz, alimento. Era emoção.

O coração palpitava. O tempo era etéreo. A crença eterna. A eternidade surpresa.
Os dois, os olhares, desejavam-se.
Os corpos, um só.
Era outono. As folhas cairiam das árvores. Desejos rugiam no céu.
Era hoje. Ela acabara de acordar.

Campanha da Revista TPM: "Fernando Pessoa não é "fofinho".


"Falsos textos atribuídos ao poeta fazem ele ficar com fama de poeta de debutante, que escreve coisas estilo auto-ajuda. Como somos pretensiosas, começamos aqui uma campanha para salvar a memória do mestre “Fernando Pessoa é coisa de adolescente.” Há tempos os fãs do poeta português estão sendo obrigados a ouvir essa bobagem. Como se o mestre fosse uma espécie de escritor de auto-ajuda. Espera lá! Já que o Pessoa está morto, achamos que alguém tem que zelar pelo seu nome. E, neste caso, resolvemos assumir a missão e começar a campanha: “Fernando Pessoa não é fofinho”. Coitado do Fernando! Ele deve estar tendo um ataque epilético lá onde está (não sei onde é, mas é deus) ao perceber que virou um poeta de adolescente. Não, ele não merece isso!

Viemos por meio desta salvar o poeta, que não por acaso começa a ser considerado o maior poeta do século 20 (não em língua portuguesa, mas em todas). Na boa, como um cara que escrevia “parem com isso dentro da minha cabeça” pode ser fofinho? Outro dia mesmo a Ana Maria Braga leu um verso dele no seu programa matutino. Tudo bem. OK. Quanto mais gente conhecer Fernando Pessoa melhor, agora, o nosso amigo muito louco, “fumador de cigarros por profissão adequada”, “o indivíduo que fuma ópio”, virar auto-ajuda...

Falsas atribuições
Por que isso começou a acontecer com o pobre coitado?

1 As pessoas se apegaram a poesias mais bobas, tipo “Todas as cartas de amor são ridículas” e acharam que ele era fofo.

2 Uma praga tomou conta da internet e coisas que Fernando Pessoa nunca, em tempo algum, teria escrito começaram a ser atribuídas a ele. Exemplo encontrado no Orkut: “Posso ter defeitos, viver ansioso e ficar irritado algumas vezes, mas não esqueço de que minha vida é a maior empresa do mundo, e que posso evitar que ela vá à falência. Ser feliz é agradecer a Deus a cada manhã pelo milagre da vida”.

O Pessoa jamais escreveria uma bobagem dessas. Ele jamais compararia sua vida com uma empresa. E, não, ele não acreditava em Deus! Fernando jamais escreveria que ser feliz é agradecer a cada manhã pelo milagre da vida. Inclusive porque o Fernando Pessoa não era feliz, ele era POETA. Outra frase atribuída a ele: “O dinheiro compra um mausoléu, mas não um lugar no céu”.

Na boa, temos a pretensão de achar que podemos salvar o poeta e por isso pedimos: divulgue nossa campanha.

CONVOCAÇÃO (PRIMEIRO CEP DE 2008)

CIDADÃ CIDADÃO
COLABORE COM A LEI
COLABORE COM A LIGHT
MANTENHA LUZ PRÓPRIA

segunda feira 26 de maio / 20 hs

tEATRO DO JOCKEY

(entrada de carro = rua mário ribeiro, 410 - estacionamento gratuito /

entrada a pé = rua bartolomeu mitre, 1110, entre o miguel couto

e a praça do jockey )

visite: http://cep.zip.net

com

madame kaos / bárbara araújo / eliza vianna / igor cotrim

gean queirós / daniel magrão / dudu pererê / marcello magdaleno /

glauce guima / kyvia rodrigues / alice sant'anna / na boa (andré maurois) / márcio januário /

dado amaral / márcio-andré / cecília borges + verônica debom /

tavinho paes / maurício antoum / chacal


O SONHO NÃO ACABOU

O CEP ESTÁ DE VOLTA

Apoio Prefeitura do Rio

a frase mais linda recebi do meu amor...

Você que DESCOBRIU em mim, a minha CAPACIDADE de AMAR.

7 meses

Para Mabio

eu te quero agora, amanhã e depois
há um minuto eu te queria,
agora, te quero mais

o tempo passa e a vontade aumenta
as lembranças chegam com uma velocidade atroz ao pensamento
e o corpo responde aos estímulos

eu te quero hoje como ontem te quis

te desejo nas esquinas e subo pelas paredes como superherói
permito-me lembrar e sentir
corro no meio dos carros para chegar mais rápido a praia e mergulhar
canto, grito e me seco depois do mergulho

desejo mergulhar em você que faz o meu ar mais puro,
minha pele mais limpa
purifica meus poros...

ao seu lado eu quero estar agora, amanhã e depois
quero me deitar e dormir envolvida em você
acordar e sorver seu beijo

me absorver no desejo de estar com você
me alimentar da vontade de te fazer sorvete derretendo na língua
testar a capacidade de cumprir promessas, de sentir o coração pulsando
de fazer o nariz descobrir cheiros no travesseiro.

nossa coberta cheira a nós
eu e você, suores, sentires e fluídos misturados num liquidificador imenso
gangorra vai-e-vem intenso sobe e desce eloqüente como sopa quente
e aquece os vãos.

lembro de você nas nossas fotografias e te sinto perto
desejo meu seu corpo parque de diversões
preciso do seu beijo leve, intenso, forte
preciso do meu norte em você bússola
enquanto sorrio mordidas e sinto seu nome se escrever em minha boca

há um minuto eu te queria, agora, te quero mais
e é uma vontade que cresce, que sobe e nunca desce
é uma vontade prece, enorme e simples que surge e faz do tempo vilão
e da distância maldade
do corpo refém

faz da mente saudade, de mim pensamento e o tempo não passa e o dia não para (ainda bem)
faz do estar perto contagem regressiva
do amor progresso,
do coração brinquedo,
do suor suco
e de nós dois um só copo, corpo, ser.

faz de nós dois pente, serpente, gente, genética, olhar
faz de nós dois um mar
oceano de amor e paz.

13.5.08

Being Around by Lemonheads

If I was the fridge would you open the door?
If I was the grass would you mow your lawn?
If I was your body would you still wear clothes?
If I was a booger would you blow your nose?
Where would you keep it?
Would you eat it?
I'm just trying to give myself a reason
For being around

If I was a front porch swing would you let me hang?
If I was the dance floor would you shake your thang?
If I was a rubber check would you let me bounce
Up and down inside your bank account?
Would you trust me not to break you?
I'm just trying really hard to make you
Notice me being around

If I was a haircut would you wear a hat?
If I was a maid could I clean your flat?
If I was the carpet would you wipe your feet?
In time save me from mud off the street?
If you like me if you love me
Would you get down on your knees and scrub me?
I'm real grubby
From just being around

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*Eu realmente acho essa música um poema!

Respirar o que você respira

me abraça; você me pede
para você; todos os abraços mais apertados e gostosos do mundo!

ao seu lado flutuo.

estamos em cima de nuvens à dividir a sorte, os sonhos, o vôo.

você me faz gaivota a voar rente ao mar
mesmo quando o sol se recusa a nascer

a chuva é uma gargalhada em uníssono, saindo de nós.

me beija; eu te peço
e tudo se aquece.

você é meu sol, meu pássaro, meu guia, meus passos...

é minha vontade de voar e me dá asas em forma de mãos.

2 anos de RATOS di VERSOS

Tempo passa
Mas não passa de tempo!


Nesta quinta-feira, dia 15/05 No Beco dos Carmelitas s/n, Lapa(ao lado do Beco do Rato), a partir das 20 hrs será grande a pajelança, pois os ***RATOS DI VERSOS*** comemoram 2 anos de inebriante existência!

Poesia, música, poesia, papo furado, beijo na boca, poesia, tudo junto numa nota só!

E, para alegria geral da nação teremos grande banquete de queijos(afinal somos ratos), vinhos (afinal somos boêmios) e muita felicidade!

Então...

"vem pra minha festa
que eu te jogo na piscina
e te afogo no fogo de mil beijos
vem pro meu banquete
onde os vinhos justificam os queijos"

PS:E a revolução será novamente televisionada!

ICEBERG

Para comprar o livro entre em contato comigo através do e-mail: jupyhollanda@gmail.com

Aí eu mando o número da minha conta, vc faz o depósito e eu mando por correio para a sua casa.

O preço do livro é R$25,00 e + o correio que deve ser umas 5 pratas dá um total de trintinha.

Bjos,

Juju

12.5.08

Adorei isso!!!!


Publicado em 29.04.08 no Macabelagem (link acima) - Arte: André Jerico

Mãe, compra figurinha?

(Foto: Guilherme Paranhos)

Para Chacal, Beatriz Provasi, Marcela Gianini, Gean Queiroz e Igor Cotrim


páginas numeradas
cromos autocolantes
em cada pacote; uns quatro ou cinco

difícil completar as páginas
muitas sãos as figurinhas repetidas
as não encontradas...
poucas as raridades,
as especiais

temas; são vários
desenhos animados, carros, futebol...

na vida, cada um procura a sua turma
e quem queira completar o mesmo álbum
quem compre os mesmos pacotinhos no jornaleiro...

completar um album é dificílimo sem recorrer à Editora
(quando faltam quatro ou cinco)

minhas (não sei se últimas ou primeiras) são meus amigos
autocolantes, brilhantes, especiais e únicos

mesmo que falte apenas àquela figurinha para o coleguinha do lado completar a última página
eu não vendo, não troco, não jogo bafo-bafo com minhas figurinhas
elas são a minha turma
a minha identidade
meu brilho
o sorriso que eu quero dar

elas são meus adesivos
e meu sossego
meu album completo e a felicidade de criança
que eu resgato quando os vejo

meus amigos são as minhas figurinhas
eles são meu álbum completo!

eles são as figurinhas que mamãe não pôde comprar
as figurinhas que eu escolhi para colar em mim.


6.5.08

os letreiros estáticos piscam nomes, marcas, conceitos
da janela do ônibus; sinto faltas, ausências

[frio]

fecho os olhos
respiro saudade

lágrimas escorrem do meu peito
o gosto do seu beijo esfarela- se como o último biscoito do pacote
o sabor da sua língua faz o aproximar da nossa pele

o ônibus pula
abro os olhos
você não está aqui
a realidade está longe
e o buraco aumenta no meu peito aos sobressaltos.
língua molhada
gritos, sussurros
peles suadas

a noite pertence aos amantes, a noite pertence a nós
a noite é vermelha, louca e interminável com você dentro de mim.

a noite são abraços, roncos, gemidos, sorrisos, suor, perfume, calor, tesão;
a noite é adormecer.

acordar e ser sua embrulhada eternamente nos lençois de seus dedos que me tocam, penetram, invadem, me sujam, limpam, lubrificam e atiram balas de festim nos meus sentidos.
o som da sua voz hipnotisa
suas histórias, palavras, canção
seus olhos, olhares, respirações
são veneno,
um vício que me cura de todos os males

eu te vejo, te sinto, te enxergo e esqueço de todos os erros, das linhas puladas no caderno, das palavras riscadas, do "liquid-paper".

você é o acerto que me faz alegre
a felicidade que me habita
a cor do meu coração

todas as lágrimas que por ti derramo são emoção que brota à flor da pele.

é poro que explode em flor e a vida que faz de mim menina, mulher.
incrívelmente tua
incomensuravelmente eu embriagada com sua paz
pacificamente princesa
totalmente entregue aos lençois que envolvem a nudez das nossas almas
quando sutil ou violentamente nossos corpos delicadamente se invadem.
penso em você. meu corpo se arrepia e fluidos escorrem-me por entre as pernas. sua lembrança é tão real que você se materializa na retina e acorda todos os sentidos e sentires do meu corpo.

seu estar aqui mesmo de longe faz-me saber do seu pensamento peto e das suas mãos acariciando a minha pele que macia está pronta para suas carícias leves, fortes, longe, perto.
seus apertões e beijos meu corpo receptáculo de você.

seu corpo causador de todos os meus prazeres rock n´roll. seus lábios, sua saliva, seus lábios, sua saliva, seus verbos; meus versos.

dezenas de gritos, sussurros. morte, vida, "ais", paredes, travesseiros, línguas, palavras, pulos, uivos, água!
plantas no meu jardim.
você longe...
o pensamento perto.
te amo!
é isso...
garrafas, gargalhadas, suspiros
doces e ofegantes
posições conhecidas tornam nossos corpos desconhecidos e inexplorados
cada dia, um novo amanhecer ao seu lado
palavras, orgasmos, gemidos

somos só suor.

te amar

é como se te amar fosse um poço de sorrisos
um lago de lágrimas
um não saber e uma felicidade constantes

uma certeza como um risco de giz num quadro negro
ou uma pintura valiosa na sala de jantar

te amar pode ser uma taça de cristal espatifada
ou um corte talhado no pulso por um cirurgião

uma cicatriz eterna
soluços intermináveis
a sorte de ganhar na loteria

cores, cores e mais cores;

te amar é a certeza mais certa
o cabelo mais liso
o olhar mais brilhante
e o chopp mais gelado.

te amar é um grito
um susto
um abraço
dois beijos
calor e
tudo o que se quer interminável.

Explodir

ex-plodir. não explodir.
deixar de...
cansar de....
não pertencer mais a alguma coisa,
um alguém.

explodir como um amor que acaba num fim de tarde
uma despedida de costas para o pôr do sol
aquela lágrima que desce ainda tímida até virar histeria.
um choro histérico que parece que o vulcão dentro de nós acordou.
aquele choro que afoga o travesseiro e produz uma corisa interminável

aquele choro que limpa como um riacho todas as manchas de um interior mal pintado por um pintor ruim.


explodir podia ser o contrário do que é
podia ser deixar de ser
podia ser um prefixo ao contrário
podia não existir.

detesto ser vulcão, gritar, explodir.

Bang Bang

estar num faroeste cercada por cowboys enlouquecidos em cima de cavalos que não relincham nem dão coice

pode ser um desejo

o céu está tão azul por aqui
que eu tenho medo de olhar e ficar cega

no deseto era tudo tão monocromático...

vontade apenas de fugir estrela e mergulhar.

Borá lá... vai ser IMPERDÍVEL!!!!

... pro lançamento da minha querida amiga e poeta Adriana Monteiro de Barros

Quando? Amanhã - 07/05/08
Que horas? À partir das 20hs
Onde? No Bar Da Graça