anyway... PARABÉNS para mim!
Sim!!! Hoje estou "dressed like a cupcake".
Catarse de sentimentos que não desejo guardar nas gavetas. Minha vida é sentir tudo até o fim. Enquanto existir perfume francês e poesia eu respiro.
Da série: Punk rock love
ou
mais um músical da Brodway
é difícil pensar que duas latas de tinta
-uma rosa outra azul-
foram jogadas na parede de tal forma
que toda a possibilidade de obra de arte
se transformou
numa pintura estranha
perdida numa parede
caindo aos pedaços
ou melhor
um coração
uma droga de um coração
partido
com o reboco caindo
uma parede
uma parede desabando
uma porra de uma parede
caindo
aos pedaços
como o coração rosa
caindo aos pedaços
com sangue jorrando
jorrando
sem possibilidade de coagular
a tinta azul sente raiva e está vermelha
e não deveria estar tão vermelha
vermelha é a cor do amor
mas também do ódio
da raiva
a tinta azul quis pular mais alto que os pés
e bateu na parede de um jeito tão
que não se fez lilás
e era tão lilás o azul e o rosa
nas latinhas
guardados
se guardando
sorrindo
era tudo tão lilás
e agora
é tudo roxo estranho
tudo roxo
estranho
merda
tudo
estranho
grande novidade! "rá!" - como se eu já não soubesse que isso tudo seria mais um pedaço de nada a ser costurado na minha carne com agulha grossa e fio de nylon. grande novidade!que novidade? conta para mim algo novo para que eu perceba se ainda tenho sangue e vontade de sorrir. conta outra, uma nova, uma novidade. não! não me fale de algo que eu já saiba. não me fale de nada que já foi vivido e nem tente paralisar uma situação que não pode ser prevista - faz de conta que nada mudou ou que nunca existiu, mas me conta uma novidade. estou cansada de marasmo, estagnação. estou cansada de saber das mesmas coisas. das mesmas conversas em torno de filosofias baratas de botequim. estou cansada de não enxergar a lua no céu e de dormir todas as noites esperando por um novo dia. não quero mais amanheceres que sempre são os mesmos. não preciso dessas cores repetidas e nem de palavras - sempre as mesmas – muito menos de fotos com as mesmas poses, quadros com as mesmas cores.estou cansada de ouvir sempre a mesma novidade que não existe e de sentar no mesmo banco, de olhar o mesmo mar. de pensar no risco que corro ao atravessar a rua sem olhar para os lados e de pular sempre o mesmo precipício. estou cansada de pular o mesmo precipício e dos tombos repetidos em cima do mesmo joelho. minhas cicatrizes já estão fundas demais e minha perna já virou fratura exposta. já me expus demais. sempre me expus demais e estou cansada disso. me conta alguma novidade? algo que eu já não saiba. me apresenta um novo sabor. uma nova mistura embriagante. um prato requintado. faça com que eu experimente sensações novas. eu já me expus demais. errei demais, mas dessa vez eu fui induzida ao erro. o amor me induziu ao erro. não só essa, mas várias vezes. tantas e tantas vezes. incontáveis vezes e eu já deveria estar acostumada. é eu já deveria estar acostumada. o amor me induz ao erro e a culpa não é dele; digo - do amor. a culpa é minha. exclusivamente minha. eu que me deixo induzir pelo amor. pelo cheiro do amor. pelas possibilidades do amor. e por isso eu me ferro. eu danço. eu sempre danço e eu não sei dançar. nunca soube dançar. eu piso no pé das pessoas quando danço; tento - dançar. eu piso no pé.eu já te disse que sou estabanada e que não sei fazer contas? me conta uma novidade... vai! ah! conta! - minha matemática sempre foi falha, primária e ultimamente tenho errado além das contas o raciocínio. nunca fui fria e calculista. não sei fazer cálculos e nem subir em árvores. meu pé direito tem um osso a mais e isso faz com que ele se quebre com facilidade. sinto dores intermitentes na lateral do pé e por isso nunca pude praticar corrida e nem concorrer numa maratona - nem que fosse para salvar a vida de alguém que amo, não poderia correr. nem salvar vidas. não sei nadar atleticamente. sempre furei as bóias na aula de natação. entrava na piscina com um palito escondido no biquíni. só nado na modalidade “cachorrinho” e por isso não conseguiria nunca nesta vida fugir dos tubarões; aliás, sempre sou devorada por eles. ei! me conta uma novidade?! estou cansada de pensar nessas bobagens e devorar minhas unhas pensando nessas bobagens. eu já estou careca de saber de todas essas coisas e não uso provérbios e nem frases feitas. nunca recitei um poema debaixo d’água e consigo dominar muito bem a minha vontade de urinar. eu sempre peço desculpas quando percebo que fiz algo não considerado certo; algo que possa ser considerado errado. me diga algo que eu não saiba?! pare de se repetir. mostre para mim um novo livro de um novo autor. um novo modelo de roupa. um tênis colorido; customizado. um perfume mais francês. um novo cheiro. um novo modelo de óculos. estou cansada de bobagens e de saber de coisas que já sei.de clichês. cansada de olhar para a mesma parede branca e imaginar ela cada dia de uma forma - por mais que eu imaigine alguma coisa nova- que eu fantasie com alguma coisa nova, que eu pense em alguma coisa nova – o que vejo a minha frente são sempre figurinhas repetidas - rePETIDAS, R-E-P-E-T-I-D-A-S!!!! me conte alguma coisa que eu não sei. diga que viu um sol verde bandeira e que o céu hoje estava rosado. rosado. tão rosado que até os flamingos da Dona Lili Marinho se assustaram no jardim da casa de Laranjeiras. tão rosa que até as meninas viciadas em cor de rosa perceberam o quão berrante é essa cor e, imediatamente, a cor preferida delas transformou-se em qualquer uma que não aquela; preto talvez. me diga que você já experimentou massagem tailandesa. que já freqüentou bordéis quando era novo e que eu não sou a mulher da sua vida. isso ! me conte uma novidade. diga que tudo foi um engano. que eu não sou a mulher da sua vida que eu nunca fui - a mulher da sua vida - que você nunca me amou. diga que as molas fugiram do fundo do poço e que você nunca me amou. que tudo foi um engano. eu estou triste. muito triste hoje. alguma coisa está apagada dentro de mim. parece que cacos de vidro me consomem nesta tarde fria. sinto-me um copo de requeijão espatifado no chão. não tenho mais emoção. os fósforos apagaram-se nos meus olhos e eles não têm mais brilho. não penteei os cabelos antes de sair de casa e estou até agora descabelada. não passei maquiagem nos olhos e nem batom, nem gloss. eu falei pouco hoje e na minha mente - na minha cabeça parece que da noite para o dia nasceram demônios exterminadores de borboletas. na minha cabeça, uma carneficina de pensamentos. assassinatos. morte. triste. estou triste. muito triste. alguma coisa se apagou em mim como a chama de uma fogueira fraca apaga com uma rajada de vento. é, eu sempre soube que quem ia tomar no ** ia ser eu. eu sempre soube que quem ia se ** era eu. eu sempre soube. eu sou ingênua. sim! sou ingênua; porra! eu acredito em tanta coisa. eu faço tanta coisa sem pensar nas conseqüências que sim! pode me chamar de inconseqüente, mas sabe, medo de me jogar. de pular do precipício, de lutar, de subir a escada mais íngreme, de escalar o Everest... ah! isso eu não tenho. não tenho mesmo. eu sei que quem sempre se esborracha sou eu e por isso já deveria estar até acostumada. na minha próxima vida eu quero vir como pneu de caminhão - borracha pura. muita borracha. eu sempre me esborracho mesmo! posso vir também como borracha de aluno de alfabetização - acaba logo e sem sofrimento. uma semana e "puf!" - foi-se a borracha. diga que você se enganou e que eu fui ingênua demais. não! não me chame de medrosa. de covarde. não me diga o que fazer, o que falar. eu sempre preferi ficar quieta, ouvir a falar. você sabe que eu sempre preferi ser assim porque também, quando eum começo a falar, eu tenho medo de falar demais e estragar tudo, por isso, eu fico queita. eu sempre preferi ficar quieta. sim! sou medrosa, mas me conta uma novidade? uma novidade! em duas semanas eu faço aniversário. me conta uma novidade. conta uma novidade. uma grande novidade.
estudos sobre o primeiro encontro
com treze borboletários
centrifugando na gaiola
da barriga
e uma casca de banana
em cada joelho
chego antes
da flecha, do correio
elegante, do caminhão
baú com muitas flores
uma platéia de solas
antiderrapantes ensaia
piruetas nas moléculas de ar
e ri da pintura borrada
de sorriso permanente
em meu rosto
não é todo dia
que voltamos
a ter 13 anos.
*Amei! Amei! Amei!
mesmo ausente
-presente alguém está-
seja em nossos pensamentos, lembranças
idéias,
coração
naquilo que identificamos
como nosso,
mas não um nosso
simples
-um “eu acho” , “eu concluo”-
e sim – um “concordo com ele”,
“ele me ensinou”
um
- “eu aprendi”-
aprender ...
-apreender-
é a mesma coisa que guardar lá dentro
do peito
algo que faz parte de você
-um pedaço-
tal qual as cicatrizes
dos nossos tombos de bicicleta,
o queixo rachado, o dente lascado
ou mesmo
o esmalte com o qual
nós meninas
pintamos a unha
– mesmo que momentâneo –
que mudemos de cor toda semana
a cor passa a fazer parte de nós.
sabemos disso
porque adquirimos
conhecimento
-com a convivência-
um saber
que a gente percebe
na fotografia
um olhar
emoldurado na memória
-aquele conselho-
um cartão, uma carta,
um presente
-os guardados-
um carinho guardado,
a música preferida,
aquele jantar especial,
a profissão
-as sensações-
o enxergar do orgulho nos olhos
a lembrança das mãos, do movimento,
as preferências,
os passeios
as lágrimas escorridas,
-o silêncio-
os sorrisos ao chegar em casa
e também os abraços de despedida
no meu coração
tem um buraco
que dói
quando venta
e esse buraco
vai sempre
sempre, sempre doer
-doer para sempre-
mas para sempre
terei certeza
que ele está presente
mesmo que eu não possa vê-lo
aqui na platéia
-mesmo que eu não o enxergue-
sinto que ele me olha
e sorri
e eu vejo uma lágrima tímida
a escorrer dos olhos dele
eu sei que ele
e todos os outros
e outras
que eu não posso ver
todos esses amores
que eu e vocês
-que nós-
não enxergamos
estão presentes
aqui na platéia
e que a ausência deles
é presença
em nosso coração que pulsa.
eles
nunca estarão ausentes
eles estão sempre aqui
-presentes-
dentro de nós.
abro meus olhos
-aos poucos-
e percebo
em cada raio de sol
-que surge pela janela-
a magia
-a mágica-
de um acordar
lento
que invade os olhos
e provoca
-excita, estimula-
o meu olhar
de foto
grafia
na geografia
de teu corpo
-nos mapas-
que meu corpo
desenha
em teu corpo
palavras ritmadas
-respiradas, cadenciadas-
agitam-se
num movimento
-contínuo e constante-
tal qual o dos
seus dedos
quando
tocam
minha pele
e adormecemos
tranqüilos
e exaustos
de tanto querer
abro meus olhos
e é um despertar macio
que sinto
-tal qual pétala de flor-
que aconchega
os sentidos
e me faz querer
ser sua
a cada dia
a cada dia
mais
-sua-
ao saber-te
-dentro-
da alma
que habita
em mim
e dos sentidos
e sentires
que invadem
que entram
em
meu peito
pelos poros
nossos poros
-cantam-
o nosso suor
derramado
-mas não desperdiçado-
e ao chegar
a noite
escutamos
os acordes
que adormecem
em nós
quando pensar
no que me resta
deste pedaço
de hora
no frio que sinto
e me afasta de você
as semanas arrastam correntes
e ressecam a minha pele
longe do macio das suas mãos
a percorrer minhas costas
meu rosto
-apagado-
de lâmpada queimada
pede uma maquiagem
que não desejo fazer
[não te vejo]
estamos longe
não nos vemos
mesmo assim,
eu sinto a sua presença
mesmo assim,
algo me falta
como se alguém tivesse
me mordido
e arrancado um pedaço
me sinto como um alimento
exposto numa vitrine
-cheia de abelhas-
o que me resta de tempo
nesse pedaço de vida
que ainda me sobra
-qual coisa?-
[alguma qualquer coisa]
esquecida no prato
faz frio
e não te vejo
relembro nossos momentos
-e isso me acalma um pouco-
só um pouco
é difícil dormir
-mais ainda-
acordar
longe
de seus braços longos
que me envolvem como um colar
de pérolas de duas,
três voltas
[sua suavidade me aquece]
estamos longe
e sinto frio
-minhas mãos estão geladas-
minhas unhas
sem esmalte
-fracas-
preciso fazer as unhas
-fazer as unhas-
é como te ver
vou pintá-las
da sua cor
-azul-
[isso te fará mais perto]
e sei que você
também precisa
-me ver-
e que pensa em mim
neste momento
eu falo de você a todo tempo
eu penso em você
a todo instante
qual o pedaço que sobra
desta hora lenta
e dos dias que ainda faltam
para que a gente se veja?
os dias passam arrastados
as noites arrastam correntes
como lesmas atravessando
uma estrada longa
em busca de algum alimento
-qualquer-
sinto frio
-muito frio-
longe de você
nosso respirar fundo
de quando nos falta
o ar
é uma música lenta
que entra nos pulmões
como os beijos
demorados
que nos damos
antes de amanhecer
é uma fala
calma
uma tranqüilidade
de céu azul
de sombra de palmeira
como o desenho
que todas as noites
a árvore
imprime em seu
quarto
através da fresta
aberta na janela
uma claridade
luz
que transborda
do meu piscar de olhos
para o seu
quando
abraçados adormecemos
brincando
de roubar travesseiros
e cobertas
quando
entregues nos movemos
sem perceber
e você acorda
vê que estou
descoberta
e me cobre,
abraça
protege
e faz
com que
eu adormeça
em seus braços
e sonhe
com a nossa
eternidade