quando pensar
no que me resta
deste pedaço
de hora
no frio que sinto
e me afasta de você
as semanas arrastam correntes
e ressecam a minha pele
longe do macio das suas mãos
a percorrer minhas costas
meu rosto
-apagado-
de lâmpada queimada
pede uma maquiagem
que não desejo fazer
[não te vejo]
estamos longe
não nos vemos
mesmo assim,
eu sinto a sua presença
mesmo assim,
algo me falta
como se alguém tivesse
me mordido
e arrancado um pedaço
me sinto como um alimento
exposto numa vitrine
-cheia de abelhas-
o que me resta de tempo
nesse pedaço de vida
que ainda me sobra
-qual coisa?-
[alguma qualquer coisa]
esquecida no prato
faz frio
e não te vejo
relembro nossos momentos
-e isso me acalma um pouco-
só um pouco
é difícil dormir
-mais ainda-
acordar
longe
de seus braços longos
que me envolvem como um colar
de pérolas de duas,
três voltas
[sua suavidade me aquece]
estamos longe
e sinto frio
-minhas mãos estão geladas-
minhas unhas
sem esmalte
-fracas-
preciso fazer as unhas
-fazer as unhas-
é como te ver
vou pintá-las
da sua cor
-azul-
[isso te fará mais perto]
preciso
e sei que você
também precisa
-me ver-
e que pensa em mim
neste momento
eu falo de você a todo tempo
eu penso em você
a todo instante
qual o pedaço que sobra
desta hora lenta
e dos dias que ainda faltam
para que a gente se veja?
os dias passam arrastados
as noites arrastam correntes
como lesmas atravessando
uma estrada longa
em busca de algum alimento
-qualquer-
sinto frio
-muito frio-
longe de você
Um comentário:
Que faça sol novamente.
Deu pra sentir o frio daqui.
Dias azuis, nada blue.
Beijos.
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