2.6.09

sobre paraísos e diálogos imaginários (V)


eu não falo de política,
nem do tempo, do mundo, do vento.
eu só falo de você e do que eu sinto
– por você –
e eu não tô nem aí
se vão me criticar
e me achar obsessiva,
intensa
ou qualquer coisa
- demais-

eu só falo de você
só escrevo de você
porque eu só sinto vontade
- de estar perto de você –
e de pensar em você

e nada me inspira mais
nesse mundo
do que o céu azul,
o sol tímido,
um certo frio
entrando
pela mangas do casaco

– e ele (o frio) -
parece as suas mãos
acariciando a minha espinha
– e dá um arrepio, sabe?!

nada mais inspirador
do que imaginar nós dois
de mãos dadas
passeando pelo parque

e no meio daquele verde todo
e dos insetos,
rodeados pelo vento
– sem querer saber do tempo –
a gente aperta forte
a mão do outro
e fotografa tudo
– para lembrar mais velhos –
da nossa juventude

do retorno
da minha juventude
com a sua juventude
e desse casamento perfeito
de todos nossos pretos,
brancos,
azuis e rosas
- de todas essas cores -

e de tudo
o que me faz sentir
plena e feliz

de tudo que me faz
em paz
ao seu lado

-ao redor -

eu não falo de política,
acidentes aéreos
e nem
questiono
o sistema universitário

pode parecer futilidade,
mas não quero meus poemas
datados
e nem estudados
em sala de aula
como poemas de protesto

eu quero
que estudem a fundo
a essência do amor,
a experiência do sentir
e todas as cores
que podem nascer
da mistura
de um homem
e uma mulher
que se amam
e se permitem vivenciar
tudo de bom e ruim
que disso
puderem colher

tudo o que pode surgir,
o que se constrói
do junto,
o que continua firme
no eu e você

o nós
que surge
dos dedos entrelaçados
e dos passos rápidos
- apressados de chegar em algum lugar-

[vontade de fugir da chuva e nada mais]

eu não falo de política
e nem de coisa chata

que se danem
as coisas chatas
e as agulhas descartáveis
num saco de lixo hospitalar
furado

eu só penso
em você
e só escrevo sobre
o que está na minha cabeça
- o que sinto sobre, com, perto e por -
você

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