3.6.09

Sobre insônia e lindos sorrisos (IV)


quando pensar

no que me resta

deste pedaço

de hora

no frio que sinto

e me afasta de você


as semanas arrastam correntes

e ressecam a minha pele

longe do macio das suas mãos

a percorrer minhas costas


meu rosto

-apagado-

de lâmpada queimada

pede uma maquiagem

que não desejo fazer


[não te vejo]


estamos longe

não nos vemos


mesmo assim,

eu sinto a sua presença


mesmo assim,

algo me falta

como se alguém tivesse

me mordido

e arrancado um pedaço


me sinto como um alimento

exposto numa vitrine

-cheia de abelhas-


o que me resta de tempo

nesse pedaço de vida

que ainda me sobra


-qual coisa?-


[alguma qualquer coisa]

esquecida no prato


faz frio

e não te vejo


relembro nossos momentos

-e isso me acalma um pouco-

só um pouco


é difícil dormir

-mais ainda-

acordar


longe

de seus braços longos

que me envolvem como um colar

de pérolas de duas,

três voltas


nas noites

e dias

[momentos que passamos]

juntos


[sua suavidade me aquece]


estamos longe

e sinto frio

-minhas mãos estão geladas-

minhas unhas

sem esmalte

-fracas-


preciso fazer as unhas

-fazer as unhas-

é como te ver


vou pintá-las

da sua cor

-azul-

[isso te fará mais perto]


preciso

e sei que você

também precisa

-me ver-

e que pensa em mim

neste momento


eu falo de você a todo tempo

eu penso em você

a todo instante


qual o pedaço que sobra

desta hora lenta

e dos dias que ainda faltam

para que a gente se veja?


os dias passam arrastados

as noites arrastam correntes

como lesmas atravessando

uma estrada longa

em busca de algum alimento

-qualquer-


sinto frio

-muito frio-

longe de você

Um comentário:

Juliana Porto disse...

Que faça sol novamente.
Deu pra sentir o frio daqui.

Dias azuis, nada blue.

Beijos.