3.1.07

Quando o Amor Vacila - Maria Bethânia

Eu sei que atrás deste universo de aparências, das diferenças todas, a esperança é preservada.
Nas xícaras sujas de ontem o café de cada manhã é servido.
Mas existe uma palavra que não suporto ouvir, e dela não me conformo.
Eu acredito em tudo, mas eu quero você agora.
Eu te amo pelas tuas faltas, pelo teu corpo marcado,pelas tuas cicatrizes,pelas tuas loucuras todas, minha vida.
Eu amo as tuas mãos,mesmo que por causa delaseu não saiba o que fazer das minhas.Amo teu jogo triste.
As tuas roupas sujas é aqui em casa que eu lavo.
Eu amo a tua alegria.
Mesmo fora de si,eu te amo pela tua essência.
Até pelo que você poderia ter sido, se a maré das circunstânciasnão tivesse te banhadonas águas do equívoco.
Eu te amo nas horas infernaise na vida sem tempo, quando, sozinha, bordo mais uma toalha de fim de semana.
Eu te amo pelas crianças e futuras rugas.
Eu te amo pelas tuas ilusões perdidase pelos teus sonhos inúteis.
Amo teu sistema de vida e morte.
Eu te amo pelo que se repete e que nunca é igual.
Eu te amo pelas tuas entradas, saídas e bandeiras.
Eu te amo desde os teus pés até o que te escapa.
Eu te amo de alma para alma.
E mais que as palavras, ainda que seja através delasque eu me defenda, quando digo que te amomais que o silêncio dos momentos difíceis, quando o próprio amor vacila.

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