A FunHouse é uma casa noturna localizada na Rua Bela Cintra 567, na região da Consolação, em São Paulo. Fica num sobradinho antigo, de 1941, que já foi usado como residência, escolinha infantil e, até virar a FunHouse, em 23 de agosto de 2002, era moradia de uns coreanos que fabricavam doces clandestinamente nos fundos. Não, nós não vendemos softwares. E também não se fala “Fum-Ráuse”. A pronúncia é “Fãn-Ráuse”, assim com “a”.
Este foi, originalmente, o nome escolhido por quatro roqueiros de Detroit para se referir ao local onde eles passavam a maior parte do seu tempo, lá no final dos anos 60. A casa da diversão. Foi na Fun House que esses caras, que se auto-intitulavam Os Patetas, e eram liderados por um magrelo chamado Iggy, inventaram um jeito de tocar rock inspirado essencialmente nos barulhos emitidos pelos eletrodomésticos.
Pra não cometer um lapso histórico, vale ressaltar também que esse jeito de fazer música deu início ao que, dez anos depois, viria a ser conhecido como punk, e transformou a figura esquelética e fora de controle do vocalista em padrão de beleza e comportamento. Mas isso é detalhe. O que importa é que era lá nessa Fun House que esses quatro botavam pra fora toda a infinita eletricidade que eles captavam da vida.
A FunHouse paulistana não é bem assim. Ninguém mora lá, e esse sobrado azul-calcinha ainda não deu cria a nenhum Iggy & the Stooges. Mas também não se trata de uma casa noturna montada por empresários fazedores de dinheiro que fumam charutos e viajam pra Miami, ou por oportunistas de plantão desesperados em faturar em cima das novas tendências. É claro que seus proprietários procuram fazer seu ganha-pão com este trabalho, porque é preciso fazer a feira. No entanto, pelo mesmo motivo que, na primavera de 1970, os Patetas de Detroit se trancaram na FunHouse e gravaram 7 horas e 52 minutos de música pra fazer um disco de 36 minutos (propriamente intitulado Funhouse), os responsáveis por este estabelecimento noturno mergulharam de cabeça na missão de construir este templo porque estavam respondendo a um chamado da natureza. A FunHouse não é uma moda nem um ato oportunista.
Isso se explica em parte pelo fato deste empreendimento não ter sido feito com a intenção de agradar a ninguém que não seus próprios mentores (e talvez seja por isso que agrada a muita gente). Chame isso de personalidade, se quiser. Assim sendo, a FunHouse não se identifica com nenhum rótulo genérico (indie, ou rocker, ou electro, ou whatever). E também não corre atrás das tendências de época.
Isto posto, também fica claro que esta FunHouse paulistana não tem absolutamente nenhum parentesco com quaisquer outras fun houses espalhadas pelo Brasil e pelo mundo afora. Mas garanto que seus proprietários também não arrancam os cabelos por causa delas. Aliás, que venham outras, porque uma cidade cosmopolita precisa de opções. E se você também já se sentiu órfão de opções... seja bem vindo. Essa casa foi construída para gente como você. Divirta-se e trate-a com carinho. E depois, monte uma banda, pinte um quadro, escreva um livro, abra um negócio seu. E tenha certeza que só assim você estará fazendo a sua parte para, quem sabe, vir a ser um dos patetas você também.
Retirado de: http://www.funhouse.com.br
26.12.06
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