8.4.09
sobre desapego e fogos de artifício (I)
não tenho mais armas para lutar.
as suas são tão mais potentes e afiadas...
minhas facas além de cegas perderam a ponta e estão enferrujadas.
suas armas são tão maiores que as minhas e a minha luta é grande demais para meus ombros e estatura.
ando curvada e não é mais possível lutar.
meu grito está preso e meus braços; cansados.
no momento é preciso que eu desista dessa guerra perdida.
não posso mais machucar-me.
não há mais espaço para cicatrizes na minha pele.
meus ossos estão quebrados,
meus nervos em frangalho,
meus olhos já sem brilho
e na mente
uma rebelião de palavras
que para você
não importam.
sou preocupada com as palavras.
dou valor a elas.
você não pode me dizer agora,
depois de tanto tempo,
que palavras
não são importantes.
nós dois juntos há tanto tempo
e agora
percebo seu pouco caso com as palavras.
eu pedi para que você as retirasse e não fui escutada.
mais uma vez, você não me ouviu.
fica difícil para mim
- quase impossível
entender -
e
por isso,
entrego minhas armas.
não vou mais lutar.
não tenho mais força.
minhas lágrimas estão em alvoroço querem a libertação.
então eu choro,
digo adeus,
sinto saudade.
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Um comentário:
Lembrei dum livro do Milan Kundera, ele vai dizendo, 'a gente vai se entregando, é como se em uma guerra, abríssemos todas as portas pro nosso inimigo'.
Bom que só!
=***
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