em algum lugar há uma porta escancarada mantida aberta por uma tartaruga de areia. vejo a minha tartaruga, hoje, furada e a areia que a recheava espalhou-se pela casa - a bagunça, preenche a maior parte do ambiente.
tudo tão vago e infantil num medo que se percebe além de qualquer sentimento. algo impossível de ser percebido - de repente - numa simples e inocente troca de aspirações, gostos e modernidades.
o gosto por ser livre escondido nas frestas.
vento que chega com força e espalha cacos de vidro e poeira pela casa. a sujeira encontra os olhos e produz lágrimas tristes. faz com que elas escorram por um rosto que iluminava-se com o brilho de algumas palavras compartilhadas.
o medo, a falta de tempo ou o desinteresse, percebidos num elogio vago. num desejo manso de que o outro fique bem sem ti. uma verdade que machuca como legumes e frutas amassados no fim da feira.
desperdício. última garfada deixada no prato. um gole esquecido no copo. pressa e tempo de mãos dadas correm e acabam por afastar abacaxis de suas cascas.
sensação de vazio
como a tartaruga de areia
(esvaziada)
que
-mantinha a porta aberta -
hoje é pano de chão.
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