difícil separar o furacão que rodopia no estômago
da tempestade que cai e recolhe fragmentos,
restos de comida, fagulhas, sucos gástricos, líquidos, cheiros, fluidos corporais
e transporta tudo para a mente.
[carrossel de palavras. lembranças. gritos.]
na pele, resquício de suor, cheiros, pêlos, poros.
corpo inteiro - ao meio- perdido no mar agitado
[ onde parou o furacão]
até parece que o afastar-se da costa, das costas, é alguma solução.
não existe solução. tudo tão confuso...
sorriso seu que é dele, idade sua que é dele, compleição física sua
[tão dele]
eu não sua e nem dele
jeito, grito, voz, palavras, cheiros... tudo tão dele.
tudo tão
nenhum pouco meu
- não mais meu-
nunca meu.
[tudo na lembrança]
eu
perdida em lembranças
braços dormentes de lembranças. mente cheia de lembranças
e não é saudade.
tudo tão similar que fica confuso
até seus olhos fechados,
seu jeito de dormir...
tão dele.
tão
nenhum pouco
meu
– feito ele.
[os três tão de outros...]
furacão rodopia no estômago
a tempestade
encharca o todo
tudo
tudo lá
tudo
[nada]
em mim.
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