17.4.09

Sobre o que sentir (I)


difícil separar o furacão que rodopia no estômago

da tempestade que cai e recolhe fragmentos,

restos de comida, fagulhas, sucos gástricos, líquidos, cheiros, fluidos corporais

e transporta tudo para a mente.


[carrossel de palavras. lembranças. gritos.]


na pele, resquício de suor, cheiros, pêlos, poros.

corpo inteiro - ao meio- perdido no mar agitado

[ onde parou o furacão]


até parece que o afastar-se da costa, das costas, é alguma solução.

não existe solução. tudo tão confuso...


sorriso seu que é dele, idade sua que é dele, compleição física sua

[tão dele]


eu não sua e nem dele

jeito, grito, voz, palavras, cheiros... tudo tão dele.


tudo tão

nenhum pouco meu

- não mais meu-

nunca meu.


[tudo na lembrança]


eu

perdida em lembranças


braços dormentes de lembranças. mente cheia de lembranças

e não é saudade.


tudo tão similar que fica confuso

até seus olhos fechados,

seu jeito de dormir...

tão dele.


tão

nenhum pouco

meu

– feito ele.


[os três tão de outros...]


furacão rodopia no estômago


a tempestade

encharca o todo

tudo


tudo lá

tudo


[nada]


em mim.

Nenhum comentário: