DAQUI.
31.7.09
+ + + Leprevost
eu já tinha aprendido que
não se pode ser sincero com as
mulheres quando você está
completamente de quatro por elas
então resolvi mentir
menti menti menti menti
menti durante umas duas horas
até que passamos para ação
e por causa de tal ação era eu o
inoportuno que dormiria na
casa dela naquela noite
no outro dia pela manhã ela
pensasse o que fazer a meu respeito
por enquanto apenas
daríamos uma boa... você sabe
tão boa que a confundiríamos com amor
não é esse afinal um dos
dilemazinhos seriíssimos
da humanidade, quando o
sexo é muito bom a gente
acabar confundindo com amor?
*Sabem que eu concordo?!
sobre fagulhas e pudim de leite (III)
foi muito difícil a inquisição.
me lembro de estar no meio da fogueira, mas não senti dor. ela ficou presa na minha espinha, nos meus ombros e até no dedão do pé direito - só nos ossos e bem dentro deles. tão dentro que nem pude quase sentí-la na pele.
a pele do meu corpo queimava e derretia rapidamente. parecia que eu estava envolvida em plástico. minha pele queimou tão rápido que nem senti dor. eu era um pacote vazio de salgadinho queimando na fogueira e só meus olhos ardiam com a fumaça.
foi muito difícil entrar ali. tive medo de sentir dor. uma dor que ao invés de meus olhos, fizesse me arder a alma, mas não senti dor. nem dor, nem nada.
antes de entrar ali eu tive medo, mas decidi que estava pronta quando uma amiga me segurou pelos braços e disse: levante a cabeça e vamos. parecia que estávamos entrando na igreja para casar, mas na verdade ela estava me levando para a fogueira e eu decidi: estou pronta. deixa queimar!
dizem que o fogo limpa. a mesma coisa que dizem da chuva. que a chuva limpa. sim. a chuva limpa apaga o fogo, acaba com ele. existem várias lendas a cerca desses símbolos - água, chuva, mar, sol, lua, estrelas, etc. para mim, não são apenas símbolos, mas sim, guias de vida.
é uma confiança tão completa que se torna algo assim automático parecido com o movimento de abrir os olhos de manhã ou quando a insônia vem. isso deve fazer parte da espiritualidade. ontem alguém me disse que eu era espiritualizada e se orgulhava de mim e da minha coragem.
eu também tive orgulho de mim por ter enfrentado as coisas e entrado na fogueira com a cabeça para o alto, um sorriso no rosto e minhas sapatilhas prateadas.
foi muito difícil, mas sobrevivi. dormi enrolada no meu edredom e sonhei com carneirinhos cor-de-rosa.
antes de dormir comi pipoca com sal grosso e isso limpou as tristezas, medos, angústias.
o vento carregou tudo para longe - as sextas-feiras cinzentas, os cortes nos pulsos e até os dedinhos quebrados do pé.
acordei bem. abri os olhos naquele movimento automático e minha pele já estava refeita. meus poros respiravam com tranquilidade. o céu continuava nublado e fazia frio. muito frio, mas é para abrandar o frio que existem os casacos de couro e cachecóis. ainda coloquei na mochila um guarda-chuva para caso chovesse, mas na verdade quero me molhar bastante se a chuva cair. entrar embaixo dela como se estivesse entrando no banho. quero sentir minhas roupas molhadas e o rímel escorrendo pelo rosto.
de quentura estou cansada. churrasco só para comer. fogueira apenas para assar aipim, batata doce e cebolas.
que a chuva caia, lave tudo e depois espalhe no ar aquele cheirinho delicado e doce de grama molhada. da minha infância.
sobre alma e reflexos no espelho (III)
para tudo que é perfeito
falta um diamante
algo que não pode ser feito,
apenas achado
encontrado na montanha
ali bem longe
do mar
algo que pode se encontrar
em olhos sangrentos de medo
e de bem-dizer
essa noite
tudo está apenas
começando
[e onde você acha que acabou?]
tudo está apenas começando
é como um fio, um retalho
é como um alho e suas infindáveis
cabeças
é como um alho
e tudo está apenas começando
-é sempre o primeiro-
[depois dos tapas]
é a dona de casa inexperiente
querendo impressionar
ao fritar o primeiro bife
pro marido
todo mundo sempre foi sozinho,
todo mundo sempre teve um coração
munido de esperança
todo mundo sempre teve um coração bomba-relógio
um coração
granada
prestes a explodir
ao primeiro grito
ao toque de alvorada
do exército
todo mundo teve; tem um coração
fogo de artifício
e não é sacrifício nenhum
assumir isso
é a verdade
a real realidade dos fatos
eu tive um coração em quem eu confiava
eu tenho um coração que explode
como estalinho
eu tive um coração em quem eu não pudeconfiar
eu tenho um coração que explode
feito estalinho
29.7.09
28.7.09
Da Fadinha da poesia...
hipocrisia causa
azia
!
vou tomar um
antiácido
para
suportar a
histeria de
sua
hipocrisia estampada na
fotografia e
ficar de
bem com a
vida
(
o Ministério da Saúde
adverte
:
afetação de virtude causa
danos à
alma
)
!
- Graça Carpes
*100% apoiado, amiga!
The What's your lоve story? quiz
Across the Universe
It was written in the stars: You belong to each other. Your dream love story resembles Lucy and Jude's. You came across each other in the most non sense way. You are the kind of rebel couple that doesn't stick with the same old routine. You take risks and like to life to the fullest, enjoying every single experience. You're more likely to enjoy the 60's and of course, the Beatles. They already said way back behind that you would love to love each other. Throw yourselves into this crazy passionate love story and be happy. But do not use drugs - it is not as cool as it was fourty years ago.
27.7.09
"Está tudo planejado:
se amanhã o dia for cinzento,
se houver chuva
se houver vento,
ou se eu estiver cansado
dessa antiga melancolia
cinza fria
sobre as coisas
conhecidas pela casa
a mesa posta
e gasta
está tudo planejado
apago as luzes, no escuro
e abro o gás
de-fi-ni-ti-va-men-te
ou então
visto minhas calças vermelhas
e procuro uma festa
onde possa dançar rock
até cair"
24.7.09
Instalações - Paulo Sandrini
E uma vontade imensa de voar.
Mesmo se me cortarem duas asas, posso voar com as outras duas.
E certamente o farão.
Duas asas já seriam de se estranhar.
Imagine quatro.
Nesta comunidade as pessoas não possuem nem mais as pernas.
Quem dirá asas.
Voar é uma dádiva.
Voar com quatro asas seria pra lá de uma dádiva.
Nesta comunidade as pessoas não podem caminhar.
Por isso cortaram minhas asas.
Duas asas.
Mas me sobraram duas.
Quando eu tinha quatro pernas também me cortaram um par.
E quando cortaram, logo me cresceram as duas primeiras asas.
Depois cortaram as outras duas pernas e me crescerem mais duas asas.
Preocupados com as pernas, esqueceram-se de me cortar as asas.
Levaram um tempo cortando apenas as minhas pernas.
Quando perceberam, eu tinha uma dúzia de par de asas.
Foi nesse período que as pernas pararam de crescer.
De tanto serem cortadas, desistiram.
Aí fiquei igual a todos os membros de nossa comunidade.
A não ser pelas asas.
De quatro pernas, fiquei sem nenhuma.
Mas com uma dúzia de asas.Que passaram a ser cortadas, pois minhas pernas já não eram o problema.
Tiraram onze pares de uma vez.
Me sobrou um par.
Acharam que por inaptidão eu não saberia usá-lo para o voo.
Apenas um par de asas, pensaram que era só um problema estético a resolver.
Ou deixar de resolver.
Com o tempo, acreditavam, as asas cairiam por falta de uso.
Eu pensei o mesmo.
Foquei minha atenção no uso dos dois braços a mais que cresceram em mim.
Fiquei com quatro.
Dois pares.
Duas mãos
Vinte dedos.
Quando me cortaram o primeiro par de braços, mais um par de asas surgiu em mim.
Quando cortaram meus últimos dois braços, mais um par de asas.
Fiquei com seis.
Três pares.
Muitas penas.
Nesta comunidade andamos de braços dados com a inveja.
Mas as pessoas desta comunidade não possuem braços.
Por problemas de ordem estética, disseram, foi que cortaram dois pares de asas.
Novamente fiquei com duas.
E poucas penas.
Suficientes para alçar voo.
Mas por falta de confiança permaneci no solo.
As asas ficando pesadas.
Quando as movimentei pela primeira vez, após muitos dias de esforço intenso,
toda a comunidade parou.
Estavam estupefatos.
Como castigo, arrancaram-me as penas, só as penas.
Depois de terem me arrancado braços e asas e pernas.
Só as penas.
Me tornei um espetáculo estético.
Um homem alado com asas sem penas e que não podia voar.
Eu era como uma instalação artística.
Me puseram na praça central e todos me observavam dia e noite como
sendo a obra artística chamada de “Asas inúteis”.
Gente do mundo todo veio ver a instalação que eu havia me tornado.
Acharam até um artista conceitual da comunidade para assinar a obra.
Mas ele não pôde.
Não possuía braços.
Ficou com raiva de não poder assinar e quis acabar a pontapés com a instalação.
Pena: não possuía pernas.
Então chamaram um artista estrangeiro muito conceituado para assinar a obra de arte em praça pública.
Ele veio.
Tinha pernas e braços.
E também asas.
A comunidade o detestou e cortou suas pernas e braços.
Arrancaram-lhe as penas às asas e o colocaram ao meu lado, na praça pública, como se fosse ele também uma instalação.
“Asas inúteis II”, o nome.
Então decidiram que a própria comunidade assinaria as obras de arte.
Seria uma obra coletiva.
Com uma função social.
Com uma função estética.
Com uma função humorística.
Com uma função, talvez a mais celebrada, sádica.
Mas acho mesmo que com uma função masoquista.
A comunidade toda não possuía mãos para assinar.
Decidiram, então, que não seríamos mais, eu e o artista estrangeiro, obras de arte.
Seríamos só, somente, apenas e tão-somente, duas figuras aladas.
Mas sem penas nas asas.
Serviríamos como exemplos para a comunidade toda.
Ficaríamos ali, na praça central, como seres impotentes.
Alados mas sem poder de voo.
Sem pernas.
Sem braços.
Sem penas nas asas.
Impotentes.
Servindo de exemplo para quem pensasse em criar asas.
Para quem pensasse em voar.
No céu, Pegasus passou sobrevoando a nossa comunidade.
Ele até gostaria de descer e beber água no chafariz aqui da praça central.
Acontece que ele não gostava de arte.
Execrava as instalações.
As obras individuais.
(As dos outros).
E sobretudo as coletivas.
Mas, não, ele não era um crítico de arte.
Ele era um escritor.
Um escritor do nosso tempo.
Sim, do nosso tempo.
E ele permaneceria olhando a nossa comunidade sempre do alto.
texto inédito
23.7.09
especulações sobre o amor simples
você passou meses e meses
o melhor momento que
tiveram juntos foi o
abraço de despedida?
Eu Não Existo Sem Você - Maysa
Eu sei e você sabe, já que a vida quis assim
Que nada nesse mundo levará você de mim
Eu sei e você sabe que a distância não existe
Que todo grande amor só é bem grande se for triste
Por isto, meu amor, não tenha medo de sofrer
Pois todos os caminhos me encaminham pra você
Assim como o oceano só é belo com o luar
Assim como a canção só tem razão se se cantar
Assim como uma nuvem só acontece se chover
Assim como o poeta só é grande se sofrer
Assim como viver sem ter amor não é viver
Não há você sem mim e eu não existo sem você
"i have a secret smile and I use it only for U"
22.7.09
eu me afogo no meu próprio perfume
me embriago de alergia nele
espirro
e isso tira de dentro de mim
tudo que bóia por dentro e não faz bem
perfume faz bem, mas pensamentos ruins
não
por isso eu exagero no perfume e forço a rinite
atacar
como nos filmes de ficção científica, em marte
algum plano maligno ou vontade de dominar o mundo
ateiam fogo na ignição e dão a partida
assim como eu
exagero no perfume,
ele é francês, é leve
e é bom,
mas eu exagero para espirrar
e depois do "atchim!", mesmo preso
me sinto mais leve
é como se tivessem escapado pelo nariz
esses pensamentos de desamor,
essa angústia de beija-flor,
essa vontade de mandar o que me faz mal para a merda
porque essas coisas vão para a merda, ou melhor,
para o ar
no meu espirrar
então a partir de agora faço "atchim"
como quem diz:
"vá à merda!"
é como uma cirurgia plástica
a gente muda o que nos incomoda
vigiada
e por isso
eu exagero no perfume
e faço - "atchim!"
"atchim prá vocês!"
nem pelo cansaço
e eu já estou
cansada
demais
não lembram dos filmes e desenhos animados?
o mal nunca vence
para que no futuro ela não tenha ... câncer
ela acha idiota quando alguém fica lá posando de bonzinho, de fodão depois de inventar mentiras à seu respeito só porque a porra do (super) ego delas vai ficar alimentado e satisfeito se elas a "destruirem" ou melhor, depois que elas tentam-na difamar.
esse tipo de pessoa não consegue viver bem, em paz consigo mesma então precisa culpar a outra, as outras por sua própria incapacidade de entender o que acontece dentro delas.
pessoas assim a assustam, enojam, deixam triste e desiludida com o mundo. ela sabe que pessoas assim não importam, só que isso a entristece demais, pois ela acredita no ser-humano.
ela quer acreditar no ser-humano, mas isso só a deixa mais desiludida e mais consciente de si. isso a faz crescer e a fortalece internamente e é o que esse tipo de pessoa não entende.
elas fazem que ela evolua enquanto desejam-na destruir e aí elas "fail".
fracassam afogadas em suas mentes cheias de inverdade e de historinhas inventadas por elas mesmas para que elas se sintam fortalecidas, mas isso as enfraquece e sabe por quê?
porque quem a conhece de verdade (e tem muita gente que a conhece de verdade) e percebe nos olhos dela sua verdade, ou seja, quem ela é - sabe quem ela é e gosta dela de graça e não por nada banal como satisfazer seus egos famintos por sangue alheio para justificar suas disfuncionalidades.
todo mundo erra e ela também erra e assume quando erra - e muitas vezes ela erra por se jogar do precipício sem pensar se lá embaixo é pedra, espinho ou água.
acontece que ela voa, né?
e tendo asas ela escolhe se quer cair ou planar e observar a paisagem - é como se suas asas fossem um paraquedas e ela pode até se arranhar ao cruzar com alguma poeira no céu ou um pássaro mal intencionado.
ela está a cada dia que passa querendo se livrar de morcegos e urubus. não é carniça para ser perseguida por urubus. ela está sem saco para esse tipo de mentira vazia que entra num ouvido e sai pelo outro e serve só para gerar desentendimento, intriga.
bobagem... grandes bobagens.
a vida é tão linda, curta e perfumada que ela quer a cada dia mais estar longe desse tipo de pessoa e de mentira que a entristece o coração.
ela sempre se dedicou a algumas atividades e pessoas e acreditou que elas fossem verdadeiras e agora elas inventam mentiras, olham para ela com desdém e a observam de esquinas e marquises.
pro caralho com isso tudo. vocês querem que ela morra? - ah!... coitadas de vocês - pessoas - isso só a deixa viva!!!!
a cada dia mais viva, tranquila (ao colocar a cabeça no travesseiro) e feliz.
quentinha...
I hope u don't mind...
"Be who you are
and say what you feel
because
those who mind
don’t matter
and those
who matter
don’t mind."
21.7.09
sobre fagulhas e pudim de leite (II)
seria possível escolher por entre todas as cores do arco-íris
uma nuance apenas
que representasse essencialmente
alguma parte de qualquer ausência
que por um motivo ou outro
transpire em seu corpo
em algum momento da tarde
quando a chuva cessa
e dá lugar ao sol?
essa cor seria a única cor da sua vida
quando preenchida por alguma falta qualquer
qualquer falta que se faça presente em seu
por dentro
enquanto meu
por dentro
– assim um copo meio cheio; vazio –
ou meio vazio; cheio
uma medida qualquer
que não desande o bolo,
uma bebida alcoólica
que não embriague,
um prato feito
que não provoque gases
e seja possível refletir
no aquário de peixes
-ordenadamente-
uma série de imagens nítidas
no que se faz turvo,
putrefato,
escuro
na claridade cristalina
do que se faz oculto,
misterioso?
alguma sorte
que seja algo premiado
como a loteria
que enche a sua conta bancária
de pedintes
e faz com que você brigue
com os familiares
que pedem, pedem, pedem
e acham que você tem a obrigação
de “emprestar”
porque afinal, você está rico agora
só que na verdade
você sempre foi rico
porque é puro
e acredita no amor maior
vive esse amor
com todos os amores
e você acredita fielmente
que pode encontrar a felicidade
no amor
e a segurança
no amor
e o amor como algo rocha
que não se quebra
apenas
aos poucos
se dissolve com o vento
ou se transforma
com o tempo,
as estações do ano,
as cores misturadas
dentro do pote
em que você acredita
habitar
-no mundo-
e você acredita
que ao seu redor
não existem sombras
e que o amor pode ser firme
como uma bandeira no mastro,
um barco ancorado,
uma parede cimentada,
uma música romântica,
uma saudade
qualquer saudade
ou até mesmo
o envelhecer morrendo
aos poucos
que mata neurônios
aos poucos
uma degeneração genética do cérebro,
algum gene defeituoso
que nasceu contigo
e ele não é nada mais do que
seu irmão gêmeo
e uma parte sua
que você não reconhece,
não sabe,
não revela
é o mistério das cores sem sombra,
das pinturas,
das fotos,
da humanidade
é o amor
em seu estado mais puro
a nuance mais viva
e a morte que chega mansa,
mas mata assim mesmo
e mata para sempre
mesmo que a eternidade exista
em algum lugar
longínquo;
ou no céu
de gaivotas,
nuvens e
paraquedistas
sobre fagulhas e pudim de leite (I)
meu rosto queimado por pensamentos
-equívocos-
mãos espalmadas
-de tapas ou ilusões-
sentir
para escrever
sentar no canto
só
lágrimas que choram
sem perceber
perdida de mim
-choro-
sem perceber
sinto que não estou mais presente
não estou aqui
nem lá
-onde posso estar?-
na saliva gostos
nem amargos, nem doces demais
apenas ruins
-de espera, de mal entendidos, de não entender-
sobram restos de conversa
de dito pelo não dito
-de escolha-
de escolher o lado do amor
de escolher ficar ao lado
do amor
amor meu
esse que não entende os porquês
-motivos-
amor meu esse do qual eu falo demais
meu corpo grita
-demais-
minha língua deseja calar,
mas minha boca
grita
aos quatro ventos
meu sentir
errado; mas de verdade
muitas vezes,
na maioria das vezes
quando ouço o coração bater
ele cansa de soprar errado
-é esse!-
e não ser,
mas eu escuto
acredito nele
- no coração-
e vou
sigo em frente
-enfrento-
é errado, eu sei
[sempre]
ouvir a voz do coração
ele já perdeu a credibilidade
parece até um papagaio de repetição
-é esse! é esse!-
o problema é que eu acredito nele todas as vezes
e me entrego
e aí...
acabo perdendo a credibilidade
e meus sentimentos não se fazem mais
escutar
e eu fico perdida
sem credibilidade
sem amor
só
eu, o coração que não se escuta,
minha falta de senso e direção
meu grito preso
e as palavras e
sonhos
que ainda não
sonhei
20.7.09
Feliz dia do amigo (Finalizando festejos)
...e hoje eu queria (devia?) escrever um texto bonito e bem inspirado sobre o valor dos amigos, da família - sobre a família que a gente escolhe; os amigos
estou num estado botão automático de acender fósforos para aquecer a vida que tenho medo de mergulhar num incêndio tão grande que seja impossível conter.
ando no meio do incêndio e e tudo que quero é sair dele, mas eu acendi os fósforos na hora errada e tudo queima e não há escapatória e eu só queria viver em paz.
a maioria das pessoas não entende o sublime, não quer entender o coração do outro e só deseja dar ordens, "cagar regras" e fazer do outro, no caso - eu, um patinho perdido na lagoa.
um patinho que não sabe nadar. um robozinho teleguiado; sem pilhas. alguém idiota muito idiota que deve morar dentro de mim me faz sentir idiota, mil vezes idiota.
aí vem "uns alguéns" dizendo que me amam e me adjetivando tão agressivamente que a minha única vontade é dizer: - me ama menos então e deixa eu viver! - quando eu faço as minhas merdas eu faço e quando você faz eu não te julgo; então quem é você para me julgar e me adjetivar tão grosseiramente? - me ama menos, cacete!
eu nunca pedi para você(s) me amar(em).
eu sempre tentei ser amada e só. eu faço de tudo para ser amada, mas eu faço tudo errado e não devia fazer nada e devia ficar quieta e não devia me culpar e não me culpo
assim eu me sentiria mais amada, sabe(m)?
às vezes não são necessárias palavras para dizer eu te amo - só gestos e gestos e gestos... atitudes mesmo, por isso eu a cada dia que passa quero mais sumir do mundo e de todo mundo e recomeçar - numa casinha simples, com uma companhia simples, num lugar simples, uma vida simples, um trabalho simples... assim a vida seria menos complicada e aí você(s) vão poder dizer que me ama(m) sempre, porque eu estou longe e você(s) sente(m) saudades, saudades de mim e de quando eu estava por perto.
tem amigos de verdade que eu amo e sei que me amam.
não vou citar nomes, pois essas pessoas sabem bem quem são.
já dediquei poemas para elas.
são meus amigos (as) de verdade é ponto.
então, neste dia do amigo quem gosta de mim e se considera meu amigo (a) se manifeste.
eu sei muito bem quem eu posso considerar como tal.
esses (as) eu amo muito, de verdade e sinto saudades.
feliz dia do amigo para quem não me julga, para quem me entende e quer estar perto de mim em todos os momentos da minha vida.
feliz dia do amigo para aqueles que sempre souberam entender e dividir.
feliz dia do amigo para quem sabe o que é sofrer e para quem entende o que vive aprisionado dentro de mim - esses (as) são meus(inhas) amigos (as) de verdade e eu sei que posso considerar.
17.7.09
Começando os festejos ao dia do amigo (20/07)
Para Jana Lisboa
outro dia conheci uma menina que de virtual virou de verdade.
sabiam que existe no mundo um girassol em forma de mulher? uma girassol; eu diria. uma flor amarela e solar que toma caipvodka de tangerina.
ela ri das “desgraças” da vida, dos desmandos do acaso, do que se vive, se vê ou se cria. nela, a ironia é um bisturi, uma ferramenta certeira que corta, que não se usa para ferir – só para reparar e melhorar o aspecto dos acontecimentos.
é como se ela, a menina girassol, fosse uma cirurgiã plástica de atitudes. ela faz com que as tragédias se transformem em comédia instantaneamente. não que ela seja uma piadista ou uma palhaça e nem uma comediante de stand-up –
é que ela fala as coisas de forma tão natural que às vezes parece que as situações não aconteceram realmente – eu mesma perguntei para ela: - aquela situação aconteceu mesmo?
– e dei risada quando ela disse que sim.
eu ri, mas não dela e nem da situação - eu ri da forma como ela contou – tão leve, tão natural... engraçada – que ao escutá-la, parece que estamos pulando numa piscina de água limpa, azul e com pouco cloro. e a água dessa piscina não arde os olhos e nem faz com que os cabelos endureçam e cheirem mal.
essa menina tem um blog (http://sunflowerrecords.blogspot,com)
e faz parte de uma coletânea de contos de assassinato,
editada este ano pela Multifoco.
ela é publicitária e professora entre tantas e tantas outras coisas, mas o importante a ser dito, ou melhor, o que eu quero dizer é que tem gente que passa pela nossa vida, só por passar, para modificar alguma coisa e depois ir embora, nos deixar – por outro lado, tem gente que a gente conhece num instante e já percebe que vai ser para sempre a amizade.
tem gente que chega, modifica alguma coisa e fica! – não segue o caminho e nem some de não termos mais notícia delas – de sentir saudade por sabermos que nunca mais vamos olhar, falar, ouvir daquela pessoa
– não! –
essa menina – a mulher-girassol – deixa saudades porque não é daqui – não mora no Rio.
a saudade que sinto dela e da noite em que nos conhecemos - e vejam: foi só uma noite em que sentamos num bar e batemos papo e papo e papo e ela estava acompanhada de duas amigas também muito alegres, simpáticas, belas - é uma saudade dela não estar no mar de Ipanema, mas de Fortaleza – uma saudade que fica mesmo eu tendo certeza que irei visitá-la. certeza que ela se tornou uma amiga para a vida inteira, para o resto de vida; digo – que me resta.
e eu tenho certeza também que estava escrito em algum lugar que ela tinha que passar pela minha vida e ficar aqui, na varanda de mim, observando o horizonte.
Feliz dia do amigo, nova amiga!!!!
Sobre agulhas e tempo (IX)
16.7.09
sobre paraísos e diálogos imaginários (VIII)
[voar. voar assim como as gaivotas. aquelas diferentes gaivotas que almejam alcançar o mais alto dos céus, como "Fernão Capello Gaivota" uma vez o fez.]
... vencer desafios, transpor barreiras, obstáculos - são demonstrações de força e superação - tal qual - não deixar nenhum homem encostar numa mala pesada que você carrega, pois não deseja ser vista como frágil e nem como fútil. você mulher, não deseja que nenhum homem jogue na sua cara que carregou a sua mala e por isso, ele merece algo mais que um obrigada simples e sincero.
... o calor que vem debaixo domina o corpo todo e os sentidos quando ao lado do homem amado - que esquecemos no fundo do armário - e ele, nos persegue quase diariamente com juras de amor eterno e constatações de que somos nada mais que o casal perfeito na eterna e mais perfeita representação do paraíso.
... assim, a gente deixa a armadilha coração de novo aberta e se entrega àquele amor que sempre tivemos certeza - mesmo quando deixamos que ele adormecesse - que é para sempre.
[depois disso, não há fogueira que apague com água, com gelo, com palavras e nem com inveja, olho gordo e mal-dizeres.]
quando o amar, com amor, se paga (III)
na minha pele o teu beijo guardado,
grudado feito chiclete
- guardião dos meus desejos -
sensação revivida em lembrança
lembrares do seu gosto
em minha língua
sua saliva
em meu suor
nosso amor engarrafado
como vinho raro
– por anos à fio –
sem envelhecer;
amadurecendo apenas
seu amor amadureceu
como fruta no pé
e o meu amor adormecido,
quase esquecido,
desconsolado
e triste,
por achar que nunca mais
renasceu com força
quando mordido por seu leão
no Coliseu
então, gladiadora de mim
resolvi voltar para a Arena
armada com punhais
e espadas
-objetos cortantes macios-
de amor
meu amor,
não desejava morrer
e sim, brigar até a morte
– como os escravos, prisioneiros, condenados e criminosos –
e isso foi crucial
para que eu recuperasse a liberdade
-liberdade de poder te amar-
ferida,
depois que seu amor
me mordeu,
-mais uma vez -
arremessei meu escudo
e ao levantar meu dedo indicador
esquerdo
fui então
absolvida
a luta dada como encerrada
e tanto a multidão
quanto o Imperador
- todos com os polegares para cima-
me deixaram viva
fui arrastada ainda desacordada
para fora da arena
ao som das trombetas
e antes de desmaiar
eu te olhei ainda apaixonado
e me apaixonei ainda mais
-naquele momento-
em que ao nosso amor
foi dada a chance
de renascer
quando o amar, com amor, se paga (II)
Da série: " love is all we need"
ou
"you are meant for me and I was meant for you"
adoro cheiro de lençóis novos
virgens de suor e respingos
de noites de amor
não dormidas
lençóis novos possuem
uma textura
nunca antes
percebida
um movimento desconhecido
-um não saber-
se o elástico do lençol
vai escapulir durante um amar
mais brusco
um sentir de quando explode
a alma
em forma de grito, de gozo,
de confissão
- um roçar diferente e delicado-
lençóis novos
e o abraço apertado depois
a lágrima que escorre pelo canto
e gruda no travesseiro
um cheiro conhecido pelo nariz
impresso naquele pano ainda virgem
de amor
de demonstração
-de amor-
um perfume que quando borrifado
de dois corpos
gruda por ali
fica agarrado,
-preso-
como aquele casal
na fotografia
-preso-
naquela cena
já há muito conhecida
e vivida, revivida
naquela cena
divina da vida
o casal ali preso
dentro do quarto
na mesma cama
com os lençóis novos
demonstrando o que sente
sem medo, sem pudor,
insegurança
um casal antigo,
deitado
-em lençóis novos-
a cama, o colchão
também antigos
e uma sensação nova
-sentida-
um novo sentido para dormir junto
do que simplesmente
fazer amor
lençóis novos transformam aquele fazer antigo
- não leiam antigo como mesmice, rotina –
num fazer tudo junto
[digo fazer antigo, porque tem sintonia, sentido, dor e amor, paixão]
desejo...
desejo que não acaba
transborda,
se despeja e continua
por horas e horas e dias, meses, anos,
-apesar da distância-
diluido, espalhado, tonto
e verdadeiro
esse querer é
um querer tão bonito
e conhecido
que às vezes se
transmuta
em um outro prazer,
em algo novo
sensações diferentes
são amor demonstrado
dividido
-compartilhado-
são descobertas
-naquele mesmo-
outro
-naquele outro-
um
-seja no outono, inverno, verão-
um prazer de primavera
no inverno
flores regadas e cultivadas
num querer pleno
num jardim já conhecido e testado
num solo fértil,
fazer amor em lençóis novos
eu e você
é como adormecer dentro de nuvens
e ao seu lado,
-em seus braços-
eu durmo dentro delas
você me faz flutuar a qualquer tempo
tal qual música de flauta
ou pólem espalhando-se
pelo ar
lençóis novos e nós
lençóis velhos e nós
nós sem lençol
e os beijos que ardem
no edredom