não sou um aspirador de pó
desses que vai sugando tudo
pelo caminho
-botões, fios de cabelo,
poeira, pedaços de brinquedo,
tarrachas de brinco -
e até
o rabo dos cachorros
talvez eu seja um pára raio
que sai captando como antena
a eletricidade da tempestade
aliás, posso ser uma antena
que capta o sinal de rádios piratas,
televisões de comunidade,
e até imagens em tempo real
de soldados torturando jornalistas
no afeganistão
posso ser muitas coisas,
mas não sou um aspirador de pó
tenho alergia à pó
-espirro, espirro, espirro-
até quando um fiapo de lã
do casaco
faz cócegas no meu nariz
não saio sugando toda a sujeira do ambiente
e nem sou de assustar os gatos com o barulho
não sirvo para limpar cortinas, carpetes, sofás,
quinas de quarto, de sala...
cozinhas, banheiros.
eu posso ser a roda de um carro
que sai por aí esburacando o asfalto
ou o laço de fita cor-de-rosa
mais bem feito
na caixa de presentes
posso ser uma balinha de hortelã também
Ou até ...
-quem sabe ?-
um pastel de queijo.
Um comentário:
Porque poeta já és. Fato!
Um beijo e um queijo, só para acompanhar com o pastel.
rs
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