16.7.09

quando o amar, com amor, se paga (III)



Da série: "tô com saudade de tu, meu desejo"

na minha pele o teu beijo guardado,
grudado feito chiclete
- guardião dos meus desejos -
sensação revivida em lembrança

lembrares do seu gosto
em minha língua
sua saliva
em meu suor

nosso amor engarrafado
como vinho raro
– por anos à fio –
sem envelhecer;
amadurecendo apenas

seu amor amadureceu
como fruta no pé
e o meu amor adormecido,
quase esquecido,
desconsolado
e triste,
por achar que nunca mais
renasceu com força
quando mordido por seu leão
no Coliseu

então, gladiadora de mim
resolvi voltar para a Arena
armada com punhais
e espadas

-objetos cortantes macios-
de amor

meu amor,
não desejava morrer
e sim, brigar até a morte
– como os escravos, prisioneiros, condenados e criminosos –

e isso foi crucial
para que eu recuperasse a liberdade
-liberdade de poder te amar-

ferida,
depois que seu amor
me mordeu,
-mais uma vez -

arremessei meu escudo
e ao levantar meu dedo indicador
esquerdo

fui então
absolvida

a luta dada como encerrada
e tanto a multidão
quanto o Imperador
- todos com os polegares para cima-
me deixaram viva

fui arrastada ainda desacordada
para fora da arena
ao som das trombetas

e antes de desmaiar
eu te olhei ainda apaixonado
e me apaixonei ainda mais
-naquele momento-

em que ao nosso amor
foi dada a chance

de renascer

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