16.7.09

quando o amar, com amor, se paga (II)


Da série: " love is all we need"

ou

"you are meant for me and I was meant for you"



adoro cheiro de lençóis novos

virgens de suor e respingos

de noites de amor

não dormidas


lençóis novos possuem

uma textura

nunca antes

percebida


um movimento desconhecido


-um não saber-

se o elástico do lençol

vai escapulir durante um amar

mais brusco


um sentir de quando explode

a alma

em forma de grito, de gozo,

de confissão

- um roçar diferente e delicado-


lençóis novos

e o abraço apertado depois


a lágrima que escorre pelo canto

e gruda no travesseiro


um cheiro conhecido pelo nariz

impresso naquele pano ainda virgem

de amor

de demonstração

-de amor-


um perfume que quando borrifado

de dois corpos

gruda por ali


fica agarrado,

-preso-

como aquele casal

na fotografia


-preso-

naquela cena

já há muito conhecida

e vivida, revivida


naquela cena

divina da vida


o casal ali preso

dentro do quarto

na mesma cama

com os lençóis novos


demonstrando o que sente

sem medo, sem pudor,

insegurança


um casal antigo,

deitado

-em lençóis novos-


a cama, o colchão

também antigos

e uma sensação nova

-sentida-


um novo sentido para dormir junto

do que simplesmente

fazer amor


lençóis novos transformam aquele fazer antigo

- não leiam antigo como mesmice, rotina –

num fazer tudo junto


[digo fazer antigo, porque tem sintonia, sentido, dor e amor, paixão]

desejo...


desejo que não acaba

transborda,

se despeja e continua

por horas e horas e dias, meses, anos,

-apesar da distância-

diluido, espalhado, tonto

e verdadeiro


esse querer é

um querer tão bonito

e conhecido

que às vezes se

transmuta

em um outro prazer,

em algo novo


sensações diferentes

são amor demonstrado

dividido

-compartilhado-


são descobertas

-naquele mesmo-

outro


-naquele outro-

um


-seja no outono, inverno, verão-


um prazer de primavera

no inverno


flores regadas e cultivadas

num querer pleno

num jardim já conhecido e testado

num solo fértil,


fazer amor em lençóis novos

eu e você

é como adormecer dentro de nuvens

e ao seu lado,

-em seus braços-

eu durmo dentro delas


você me faz flutuar a qualquer tempo

tal qual música de flauta

ou pólem espalhando-se

pelo ar


lençóis novos e nós

lençóis velhos e nós

nós sem lençol


e os beijos que ardem

no edredom

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