22.5.09

Sobre cafuné e canções de ninar (II)

Da série: "Eu sou sua menina, viu? E ele é o meu rapaz"

ou

"She &Him"


Querido "You",


Ela soube agora que você esteve doente ou será que ainda está? Alguma coisa a inquieta em se saber longe nesse momento difícil em que certamente, você precisou dela – precisou dela, digo – da mão dela em sua testa a acalmar a sua febre, ao esconder o frio da sua pele. A mão dela no seu pescoço a te aquecer.


Alguma coisa a inquieta, pois ela quis ligar para saber como todos estavam e hoje recebeu a notícia de quem adoeceu – foi você e ela não pôde estar perto. Não porque ela não quisesse, mas é que essa situação clandestina esse querer [e poder], esse ter que medir palavras; atitudes [para não dar muita bandeira] – essa entrega que precisa de tantas viagens de correio – essas palavras presas na garganta. Esse esconder necessário. Esse até quando?!


Ela tem pensado muito em você e isso a inquieta. Ela tem escrito muito pensando em você. Escuta música pensando em você. Respira, caminha, dorme – pensando em você. E é tudo tão perigoso, mas tão bom o bonito também - que ela pensa que a beleza que surge do risco pode ser tão ou mais duradoura para não dizer mais pura do que qualquer outro tipo de coisa que nos encha os olhos e o coração de alegria, lágrimas e porquê não; emoção?


Pureza que você a fez sentir desde aquele dia em que a coragem saltou de você – quando você a fez sentir novamente algo que ela tinha esquecido que fora – algo que ela achou que ter sido tantas e tantas vezes, mas em um estágio de entorpecimento, apenas – e não de verdade- de realidade.


A menina que dormia nela - acordou - com o seu menino querendo ser homem – que a sacolejou com mãos firmes quando você disse: “eu te amo” . O “eu te amo” mais delicado e sincero que ela já ouviu. Um “eu te amo” tão puro e verdadeiro.


E essa menina, mesmo com medo, apavorada mesmo, mas corajosa – deseja viver esse amor que vem de você e ela sabe que pode te machucar, não porque deseja isso, mas pode – de alguma forma- te machucar – mas ela sabe também que pode sair machucada desse rolar na grama molhada – existem formigas e lagartas na grama -e – ela é alégica a insetos, mas ela quer você e é tanto que ela quer você... – que seria preciso ela ter uma voz de trombone que gritasse aos quatro cantos do vento – dos oceanos – do mundo – o quanto ela também te ama.


O quanto ela pensa em ti 24 horas por dia. O quanto ela se preocupa com você e o quanto é difícil dormir de noite - sem você - por mais que vocês nunca tenham efetivamente dormido juntos, mesmo tendo dormido juntos tantas vezes - juntos. Tantas e tantas e tantas vezes - juntos.


Muitos podem pensar que isso se dá apenas ao motivo dessa mulher – que voltou ao estado de – ser menina – querer viver mais uma experiência tresloucada, hedonista e inútil. Muitos podem pensar nela como uma devassa doidivana com a libido à flor da pele – desejando colecionar mais um homem em seus lençóis. Muitos podem pensar que ela quer apenas te usar – e a sociedade certamente vai pensar assim, pois o inverso – é normal aos olhos dela [da sociedade] - , mas o que está acontecendo – é um absurdo!


Para as poucas pessoas que sabem – e entendem o que se passa - com a menina e com o homem – isso tem que ser vivido devido à tal intensidade que invade o seu peito e o dela e faz com que o sangue de vocês - bombeie com força – e muita força – assim como o abraço apertado que vocês permitem-se dar um no outro - sempre.


Ela pensa em você. Pensa em você e isso a inquieta – mas o te saber – por perto, a aquieta e acalma, por mais que o medo teime em aparecer vez em quando – ela e você sabem que podem viver isso.


Vai ser bom para os dois, mas será que por mais que seja possível – isso será efetivamente possível? Sem que os dois recebam olhares de reprovação? Será que isso pode ser normal, comum, visto como algo possível? Será que existe essa possibilidade? Deve existir.


Deve ter alguma força maior que faça com que entendam o que se passa dentro dela e de você – talvez seja possível que entendam que o nome disso é AMOR e não apenas mais uma forma de amor, mais uma conquista [falsa], será que é possível que entandam que isso não é mais um nome no caderno? Nem rabiscos no coração? Será que vão entender que isso não é rascunho?


É preciso que seja possível que entendam que essa é a forma mais pura e bela do AMOR. Que isso é AMOR de verdade e precisa ser vivido na essência plena – na plenitude.


Deve ser vivido e está sendo – por mais que esteja sendo vivido- por esse dois que virou um – já há muito, muito tempo – por mais que pouca gente saiba – e saiba não porque foi falado e sim porque foi percebida no ar a energia pairando - O AMOR – saindo do coração da menina para o menino- do homem para a menina – da mulher para o menino; para o homem.


Dela que te ama.


Beijos,


"Her"

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