26.5.09

Sobre sorrisos e um dia de sol (II)


flores despetaladas

-no caos-


um frio na barriga que repele

-os medos-


eu passo dias

com frio na barriga

quando lembro de nós

e da mesma sensação

-do despertar-


de todo início

-dos riscos-


do caos nos finais de dia

nos inícios de noite


tudo o que apavora

fica colorido

com a velocidade

do lembrar


quando o arrepio

que você

me faz sentir

-não é de medo-

e só de susto


quando o vulto

que descola

de você

-entra em mim-

e sinto seu coração

bater em meu peito

tal qual um bumbo


-coordenado-


com o tambor

do meu


sinto seu coração no peito

e o meu

na garganta

a querer saltar

de mim

para encontrar

com o seu


e eu sei que você

também sente

a minha percussão

-por dentro-

a invadir

você

-por dentro-


e a gente sai

-de repente-

da Bahia


e vira orquestra sinfônica

em Veneza

– a navegar por canais-


das gôndolas

fotografamos estátuas

obras de arte

e desejamos remar


partimos de palavras,

conversas

para silêncios necessários

e abraços apertados

até quando

nos teletransportamos


para sentir a eternidade perto

para observar as gérberas

com todos os detalhes


-as rosas – a rosa – a sua rosa-


e o que respira

e fura

- morde –


o que invade

e pula da ponte

e passa de mim

para você

-enquanto encontro-


desejo que pensa

e pulsa! - exclama a alma


em sintonia

com o que se percebe

do amor

-seu por mim e meu para você-


[gérberas despetaladas no caos]


a invencibilidade

-assusta-

a fortaleza

-assusta-,

mas os degraus

da escada

são firmes

muito firmes.

Um comentário:

Pedro Lago disse...

Você é Debussy reencarnado.
Gostou? Sem exagero.
Beijos mil
Piotr Pitrovich