7.5.09

sobre desafios e cobertores de lã (I)


“Era uma casa muito engraçada.

Não tinha teto.

Não tinha nada.

Ninguém podia entrar nela não,

porque a casa não tinha chão...”


(Vinicius de Moraes)


não tinha, mas agora

tem

tem chão, paredes, teto, telhado


tem um quarto com janelas amplas

uma cerca branca e muitas flores no jardim


quando um casal decide dar o primeiro

de tantos primeiros

passos

na trilha que escolheram seguir

a casa passa a ter tudo


-quadros na parede, crianças correndo no quintal -


é uma nova vida que se inicia

um dois

querendo ser um


– ser único-


um eu e você

que vira nós

e vira um nó

e é um só


amarrados no eterno infinito

no infinito enquanto dure o amor

no mergulhar fundo

na vida do outro

um ajudar, partilhar,

dividir


um cafuné, um café quente

aquele ovinho estalado

com gema mole

em cima do arroz


-é a descoberta-


a porta e o coração

abertos

é o mobiliar a casa

do jeitinho dos dois


é muito carinho e vontade

de estar perto,

e estar junto

de crescer

de renascer dentro do outro


em uma casa

“muito engraçada”

cheia, repleta,

preenchida

de todo o melhor

de um homem

e de uma mulher

que juntos

de mãos dadas

desejam caminhar

para sempre

e

se chamar,

meu bem.

Nenhum comentário: