“Era uma casa muito engraçada.
Não tinha teto.
Não tinha nada.
Ninguém podia entrar nela não,
porque a casa não tinha chão...”
(Vinicius de Moraes)
não tinha, mas agora
tem
tem chão, paredes, teto, telhado
tem um quarto com janelas amplas
uma cerca branca e muitas flores no jardim
quando um casal decide dar o primeiro
de tantos primeiros
passos
na trilha que escolheram seguir
a casa passa a ter tudo
-quadros na parede, crianças correndo no quintal -
é uma nova vida que se inicia
um dois
querendo ser um
– ser único-
um eu e você
que vira nós
e vira um nó
e é um só
amarrados no eterno infinito
no infinito enquanto dure o amor
no mergulhar fundo
na vida do outro
um ajudar, partilhar,
dividir
um cafuné, um café quente
aquele ovinho estalado
com gema mole
em cima do arroz
-é a descoberta-
a porta e o coração
abertos
é o mobiliar a casa
do jeitinho dos dois
é muito carinho e vontade
de estar perto,
e estar junto
de crescer
de renascer dentro do outro
em uma casa
“muito engraçada”
cheia, repleta,
preenchida
de todo o melhor
de um homem
e de uma mulher
que juntos
de mãos dadas
desejam caminhar
para sempre
e
se chamar,
meu bem.
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