12.5.09

Sobre fragilidade e árvores centenárias (I)


- Versão 2 -



[eu e você]

vaso de cristal
ou louça racha
com qualquer
vento mais forte

para quebrar-se
basta um sopro
música
grito agudo
ou grave

[corações]

cacos finos
espatifam-se pelo chão
de madeira

camuflam-se nas frestas
do sinteko
causam cortes
minúsculos
não só no pé


e esse pé vai sangrar
até que as portas das feridas
fechem
com uma cicatriz

o coração também é feito
dessa matéria prima
-transparente e frágil-

a diferença é
que os ventos
que passam
dentro dele
conseguem rachá-lo

[uns pedaços]

ele se fortalece
com o voar dos anos

-ao longo do tempo-
ele se racha tanto...

que quanto mais anos
somamos aos nossos anos
mais dores
e tristezas vivemos

-anotem!-
mais aprendemos
com as desilusões

as mútuas desilusões

-a cada uma, uma nova lição-

quanto mais aprendemos
mais rápido
os cortes se fecham
e menos cacos se espalham
pelo chão do coração

o coração
- finalmente -
se fortalece

[não minto quando digo que
os desamores fogem dos olhos]

e o cristal do coração
vira busto de bronze
ou lápide
Da série: “il faut que le coeur se brise ou se bronze”

*Com sugestões de Gershom Nor

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