27.5.09

Sobre sorrisos e um dia de sol (III)


longe de você
os dias passam
-arrastados-

parecem animais
-sem patas-
e rastejam
-por uma terra imunda-
à procura
de um alimento
-inexistente-

tal qual
um País
distante
ou uma faca
-afiada-

que dilacera
-pica em pedaços-
abre feridas

ou um idioma
-sem domínio-
que não entendemos

-estar sem você-
é como estar perdido

ao mesmo tempo que

quando
sem você
-perdida-
estou

-sem você-
fico também
completamente
-perdida-

desencontrada
naquilo seu
que percebo
-mundo novo-
a ser descoberto

percebido
-encontrado-

no abraço que se cala
diante da grandiosidade

-do sentimento-

que nasce do encontro
dos nossos corpos suaves
-colados-

e das nossas cicatrizes
-costuradas-
no colchão
-quando-


amanhece.

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