21.5.09

sobre desespero e flores do campo (I)



em círculos

atravesso o quarteirão

como se ele fosse

um velho vinil

-girando na vitrola-

e não há solução

hoje

e só por hoje

eu fujo da poluição

-de Londres, de São Paulo, da China-


ainda estou molhada

da chuva

que caiu

há pouco

não existem condições climáticas

perfeitas

elas estão longes do ideal,

mas ao menos

elas são

reais

está tudo silencioso

só eu escuto

barulho de bombas

e sirenes


eu vejo fogo em volta do quarteirão

e ele continua lá

estático


- você parece tão pequeno-

e eu estou cansada

de não receber ajuda


você está desaparecido

por semanas


você nunca sai do lugar seguro

eles não vão te pedir para aparecer

eles são educados

você precisa beber alguma coisa

seus olhos estão brilhantes

e pode ser tarde demais

não há como

saber

não há remédio

atravesso o quarteirão

incendiado

- em círculos-


Ouvindo Stina Nordenstam

*Tradução livre - Juliana Hollanda

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