29.5.09

Sobre cafuné e canções de ninar (III)


Para Nietzsche e Tiça

(o sol deste poema)

medo não leva à nada

além de desespero e angústia


um peso muitas vezes

impossível de ser carregado

por ombros largos de encantamento

num coração estreito de desejo

-azul e rosa como nossos cadernos de notas-


um lilás clarinho

-uma nuance cega-

quase desapercebida por olhos

desavisados


respirar fundo e

criar coragem

-difícil que torna-se fácil-

quando permitimos

que a sinceridade

nos invada

como um sopro

-uma pena de pássaro-


leveza na alma

em uma nova vida

que se cria

em dois antigos

conhecidos

-corações-


medo revelado

abre portas

e estampa no rosto

uma alegria florida


respiração perde

o arfar

das angústias

do dia-a-dia

e o mundo

fica roxo

em nossas veias


tal como se a vida

-congelada-

tomasse fôlego

para silenciosamente

derreter o gelo

-guardado no freezer-


um tom roxo de chama de fogão

ou um vermelho alaranjado

de brasa de cigarro

queimando lentamente

no sozinho do cinzeiro


não estamos sós

não estamos

- mais-

sós

nem precisamos nos esconder

embaixo de cadeiras

para estarmos juntos


[sabemos que a estrada é longa e o caminho tortuoso]


(ainda teremos que nos esconder de quando em vez)

-de vez em quando-

(por enquanto)


pode ter parecido cedo

precipitado até

esse revelar

-para alguns-

talvez não estivessem preparados,

mas

não importam os outros

se o nosso sol

-brilha-


se o nosso sol aquece o frio

e protege nossas mãos

com a eletricidade

de um relâmpago


o nosso sol

-brilha-

e abençoa

o sentimento mais puro

e denso

que derrama

em nós

que surge do nós

-de nós dois-

de nosso riacho


pouco importam os outros

se o nosso sol

-carinhoso e profundo-


abençoa esse bem estar

-meu e seu-


nosso estar junto

e completamente apaixonados.


o nosso amar

pode ser visto

de cima

de uma montanha

alta

muito alta

e o sol

acredita em nossos sorrisos


o seu crescer é

o nosso crescer

quando o meu

crescida

volta a ser criança

e a sua pouca qualquer coisa

- idade -

passa a ser uma tanta

- idade-


[grandiosidade de alma]

da sua alma


uma alma corroída pelo vento

num tempo mutante

que é hoje

e agora


nos anoiteceres

de hoje

o meu estar ao seu lado

é tudo que quero

e as lágrimas

escorrem tímidas

do meu rosto

-agora-


escorrem tímidas

-agora-

que estou no ônibus

e penso

em você


elas representam

o seu coração

que bate em e por

-mim-

e o meu coração que

também bate

- por e em -

você


nossos corações

amarrados

com laço de fita

-de cetim-

batem forte

juntos

protegidos

forte


[batem]


e eles falam francês

a língua mais próxima de traduzir

o sentimento verdadeiro


- sentimento diamante lapidado-


a linguagem mais bela

e perto

de descrever

a fortaleza que bate

em nossos corpos


a leveza que exala

dos nossos corpos


a simplicidade

do que sentimos

um pelo outro


e isso não tem outro nome

senão amor


um amor sem ser banal

um amor simples

e de verdade


[um amar precioso e puro abençoado pelo sol]

3 comentários:

Anônimo disse...

lindo ju... volto sempre!

(sheyladecastilhoº

aliciamentosealucinacoes.blogspot.com

Maysa Britto disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Maysa Britto disse...

e sobre o amor e possibilidades de amar. bjs