10.10.06

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Sabe, estou precisando escrever de improviso...
sem saber onde a linha vai parar...
se a pontuação vai ser correta ou não.
Preciso escrever de verdade sem licença poética, sem métrica, sem razão.
Escrever por escrever.
Sem ler...
para entender o que vai ser do que foi escrito.
Sem tentar entender, editar, corrigir...
Escrever sem parar!
Sem tentar. Só uma vez só e pronto. Escrever, sabe?
Não, não sei.
Uma angústia...uma azia que baixou em mim na madrugada. Escrever sem medo sobre meus medos. Erros e acertos. Escrever sobre desacerto, exacerbação, devaneio, tornozelo, pé no freio, anseio, desejo, sorte, sola de sapato, chiclete, batata-frita, álcool, remédio pra coluna.

Juntar fragmentos, cacos de pensamento, pedaços de coração despetalado, margaridas insones, violetas suicidas... Escrever sobre o tudo que é nada e mandar pro espaço toda a descompressão!
Compreender que sentir nem sempre é bom. Não sentir é virar pedra. Adoecer e puxão de orelha. Cura é mel de abelha. Amor é ódio docinho. Paixão é fogueira na alma. Tesão é comichão na pele. Cheiro é questão de gosto. Hormônio é amônia invisível. Vício é vocabulário. Trabalho é necessário. Armário é uma caixa pra roupas. Eu sou um laço de fita. Minhas unhas são garras com dentes. Meu coração é uma orquídea com sede. Comer é necessário. Beber é bem do século. O inferno está cheio de flores. O céu é uma cambalhota. Família é o piso da casa. A lage são os amigos que sustentam. Maus amigos não deviam existir. Dedicação não devia ser mal vista. Palavrão é necessário. Brigar é necessário. Gratidão é necessário. Liberdade é lei. Lápis devia ter ponta eterna. Caneta Bic é a única que roubam. Isqueiro é igual cotonete. Sabonete tem que ter cheiro bom. Perfume é sedução prás narinas. Orgasmo é necessário. Depilação é uma dor necessária. Dor de amor é necessária. Chorar é emagrecer pelos olhos. Emagrecer é necessário. Ser magro é uma ordem. Estar em órbita é acreditar no sonho. Sonhos são a realidade que você deseja. Sonhar é necessário. Amar é necessário. Escrever é uma ordem. Estar um órbita é olhar a lua. Luares são necessários. A primavera chegou. As flores são necessárias. E hoje eu estou esquisita e não entendo mais de nada e nem sei o que escrevo, mas sei que sou o que escrevo.

Em auto-relevo estou. Preciso dormir prá plantar uma árvore amanhã. A natureza é necessária. Ser natural é loucura. A loucura é sã. E estar aqui a essa hora é necessário. Catarses são imagens. Eu sou uma gaveta. E sou sã. E sou eu. E estou só. E com medo de não saber parar. E não vou parar. Só vou dormir quando você chegar. E você não chega. Então vou morrer. Prefiro afogamento à barbitúricos. Não tenho remédios para dormir.

Tire-me dessa caixa. Onde é o cinema? Vamos para a praia? Não esqueça o filtro solar! Estou sóbria e não sei mais quem sou. Agora esqueço meu nome. Aqueço as idéias... Não sei onde você... não sei onde ele está. Se que eu estou aqui, mas quem sou eu?
Não lembro. Não lembro. Com ele eu me arrisco. Com ele há riscos. Ele é arisco. Ainda bem que o gato não me lê e me arranha. Que pena que ele não chegou. Que bom que ele está com ela. Que bom que ela gosta dele para ele não gostar de mim, mas eu gosto dele.
Por isso choro, mas quero sorrir.

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